A VISTA DA NOSSA JANELA
Ao observarmos as façanhas da ignomínia, da violência, dos crimes e do tráfico de drogas, vamos perceber que há pessoas por trás de todas elas que comandam e que raramente são detidas. Muitos deles são políticos, empresários, capitalistas, membros da polícia ou pessoas que levam uma vida aparentemente honesta, mas que se escondem por detrás de atos covardes e desumanos. São aqueles que usam os outros, colocando-os na linha de frente, fazendo-os de escudo e fonte de renda.
Temos integrantes do Poder Judiciário que agem e reagem agressivamente e atacam sem compaixão membros de uma sociedade. Armas nucleares, fuzis, granadas são construídas e usadas para garantirem a paz!? Alguns políticos, com suas falsas promessas, conquistam um cargo no Legislativo e esquecem-se de quem os colocou lá. Em alguns países, pessoas ao manifestarem suas ideologias, são reprimidas violentamente. Membros do Poder Executivo armam tramas diversas, deixando a população carente de seus direitos básicos. Traficantes contratam crianças e jovens para fazerem o trabalho de distribuição e venda de tóxicos.
Todos eles, os que manipulam e os que se deixam manipular, são criaturas frágeis, que se deixam dominar e não buscam forças para reagirem, pois são aliciados e querem ter nas mãos algum poder.
Nas propagandas que assistimos, lemos e ouvimos, diariamente, percebemos que muitas delas induzem indiretamente as pessoas maleáveis a procurarem um caminho tortuoso. Quando alguém assiste um anúncio de um tênis, um carro, um aparelho de som, celular, TV, DVD e tantos outros que surgem nas propagandas e se vê impossibilitado de comprar aquilo, como será que ele se sente? Logo pensa em arranjar um meio de obter aquele produto. Essas pessoas, relatadas anteriormente, sabem disso e, se aproveitando da situação e da fragilidade de muitos, cevam-nos, oferecendo lucro fácil e vantagens diversas, sem esforço. Observe bem se não há nenhum desses próximo de você ou de alguém que você goste. Alerte-se, e a quem você ama, sobre isso porque uma mente fortalecida resistirá a esses influenciadores. Eles atacam na quadra ou no campo onde você pratica seu esporte, podem estar nas portas da escola que as crianças estudam ou na igreja que você freqüenta. Estão na academia que seu filho malha, nas emissoras televisivas, dentro de filmes, novelas e programas diversos que assistimos. Grande parte dos patrocinadores dos meios de comunicação está muito mais interessada em vender, antes de qualquer coisa. Propagandas de apologia ao esporte enfatizam muito mais a venda de um produto do que o esporte em si. O álcool, por exemplo, está associado à prática esportiva, sendo que é um dos grandes responsáveis pela deterioração do corpo físico, atingindo, outrossim, perispírito e espírito.
De acordo com “nossos patrocinadores”, o celular, o computador, o último modelo de TV é o que nos fará felizes e nos completará. Se não tivermos o carro, a moto ou o produto de tal marca, não teremos conforto e seremos inferiores ou estaremos fora de moda. Somos bombardeados diariamente por merchandising de mercadorias e produtos que, se não os adquirirmos, estaremos ultrapassados. Somos instigados a adquirir algo e nos tornamos seviciados de variadas formas.
Nossos televisores, rádios, computadores, jornais e revistas não são nossos donos. Eles têm um botão de ligar e desligar, mudar de canal e jeito de abrir e fechar. Aprender a dizer “não” àqueles que querem nos prender, nos cevar e nos usar, e àquilo que gera vícios é alçar voo rumo à libertação; é conquistar nossa autonomia. Quando dizemos “sim” ao desvio de uma conduta que nos enaltece, nos tornamos cativos de nossas debilitadas vontades.
As prisões de nosso país estão superlotadas porque alguém disse “não”. Muitos dos que ali estão poderiam estar na sociedade, trabalhando e levando uma vida normal. Muitos que ali não estão, pois são bem escoltados, continuam com uma vida de luxo e mandam outros para as prisões em seus lugares. Isso ocorre também porque nossas autoridades fazem vista grossa e são coniventes com atos ilícitos, burlando as leis. Mas a vez de todos chegará, infalivelmente.
Alguns afirmam ter medo de morrer, e por isso se rendem à corrupção do mundo físico e de valores morais, dizendo “sim”, pois se esquecem que é melhor morrer com dignidade, sendo autêntico, do que viver uma vida podre e submissa. Não vamos morrer todos, inevitavelmente? Então, já que isso vai acontecer, que morramos fazendo o que é certo. Um “sim” ou um “não” faz toda diferença.
O que o mundo nos cobra não é aquilo que ele nos dá. Cobra-se
muito estudo, diplomas e certificados, profissionalismo, impostos, mas o que presenciamos em nossa volta são atos e comportamentos que distorcem o proceder caritativo. A ética e a moral, que não serão concedidas por nenhum curso, a não ser pela escola da vida, e que precisam ser passadas e repassadas dentro do lar e relembradas nas instituições diversas, estão jogadas em um canto qualquer , e direitos e deveres são fantasmas para aqueles que não acreditam.
Nesta guerra civil que estamos vivendo na atualidade, sufocados por nossos desejos pelos elementos abrangidos por nossa visão e açambarcados por nossas mãos, nos esquecemos de nossos deveres e queremos fazer valer nossos direitos. E quando priorizamos nossos interesses, que muitas vezes são injustos se comparados com a Lei de Amor, o direito básico de alguém pode estar sendo violado.
O direito de viver em família é corrompido pela exploração do trabalho e pela propagação e vivência da “beleza da prostituição”. O direito à vida é transgredido por nossos excessos na alimentação, pelo aborto, pela eutanásia, pelo descuido com as normas de segurança, pela super valorização da moeda e pelos conchavos sociais e políticos aos quais nos submetemos.
E quando falamos de direito à vida e de viver em família, não nos referimos apenas à vida humana, mas a vida natural, onde a natureza é depredada indiscriminadamente, sem nenhuma consideração, e animais são sacrificados pelo prazer de matar ou para se ter dinheiro fácil. Muitos animais e aves são traficados todos os dias, e muitos, devido a isso, estão entrando em extinção. Reservas florestais são exterminadas; são também famílias que são destruídas pelas mãos de seus irmãos, também animais. (E olha que somos considerados racionais, hein!?)
As aves, os animais e as plantas nos dão exemplos visíveis de afetividade por sua família. Uma cachorra que se tornou mãe, por exemplo, não deixa que ninguém se aproxime e faça mal à sua prole, defendendo-a com toda sua coragem. Uma galinha, ao perceber que um gavião quer atacar seus pintinhos, abraça-os sob suas asas, protegendo-os e sacrificando sua vida por eles. As árvores e plantas se encontram e se abraçam, e concedem o sustento e sombra para o faminto e para o caminheiro. Quanto aos cipoais e as ervas, apesar de suas utilidades, só surgem onde não houve a capina e o cuidado com o solo. E com relação aos gaviões, eles somente atacam os
desprotegidos.
Cuidado com os parasitas e com os caracarás que vêm nos rodear. Eles podem vir bem vestidos, falar bonito, de justiça, de Deus, de Jesus, mas no fundo são exploradores da confiança da sociedade e da fé religiosa e roubam, fazendo das pessoas um instrumento de renda e lucro fácil.
O que temos feito de nossas vidas? Para onde vamos? Onde vamos chegar?
A solução dessa equação reside em uma avaliação indispensável de nossos passos, mantendo os acertos e corrigindo as falhas, fazendo nossas escolhas e assumindo nossas responsabilidades, com a certeza de que podemos sempre recomeçar, basta querermos. E esse recomeço é concedido de acordo com nossa disposição e boa vontade de fazer acertadamente, caso contrário, a imposição das circunstâncias para nossos bloqueios e limitações será necessária, devido à nossa rebeldia, já que nos deixamos vencer pelas nossas paixões e pelo medo de amar. E nesses casos, a melhor escola é a prisão do corpo físico e a melhor professora é a dor; não que sejam os únicos à disposição, mas são aqueles os quais fizemos por merecer.