Era dos Extremos.
Era dos Extremos.
Como devemos entender o século que passou, um breve século, anos que vão da primeira guerra mundial ao colapso da URSS, o que poderá ser entendido retrospectivamente nesse momento da história do mundo.
Quando o comunismo tinha tudo para prevalecer na história inclusive ajudando salvar o liberalismo após vencer o exército alemão houve uma realização exuberante do exército vermelho, o que não estava premeditado, porém estratégias foram modificadas pelos nazistas.
O século passado foi encerrado. Necessário ser entendido é o propósito do livro do grande historiador e pensador Eric Hobsbawm: Era dos Extremos.
Não sabemos o que virá, mas tudo que acontecer no próximo século de certa forma estará relacionado com o século que passou.
A história de certo modo tem continuidade, um tempo histórico não poderá ser separado de outro como continuidade. O que aconteceu no século XX será sempre fundamental para entender o século vindouro.
Não tem como duvidar que no final do século passado terminou uma era. Um novo tempo histórico se iniciou. Com a queda do muro de Berlim nova redefinição da sociedade capitalista, o mundo caminha na perspectiva de um mesmo lineamento político e econômico, o neo liberalismo.
A anterioridade foi um momento de catástrofe, estendeu-se nos anos 1914 basicamente até aos anos 1940. Depois da segunda grande guerra mundial, seguiram alguns anos de pleno desenvolvimento econômico de tal modo que levou à falência da sociedade socialista.
O modelo soviético extinguiu-se porque não pôde dentro da sua própria lógica desenvolver-se com as contradições da exploração do capitalismo.
Uma sociedade não cresce nela mesma sem um mecanismo de exploração interna e externa, ao que se idealizava ao propósito da justiça, não realizada pela contradição da revolução socialista.
Aconteceu, portanto, uma grande transformação social. Os anos que se sucederam mudaram profundamente a sociedade de tal modo que ninguém antes poderia ter imaginado a sociedade humana num período tão breve incomparável historicamente, na perspectiva do liberalismo econômico ao que se refere ao modelo contrário à proposição do leste europeu.
O muro desmanchava-se em fragmentos, o cimento já não segurava as mais diferenças sociais em comparação, por exemplo, as duas “Alemanha,” uma pobre, outra rica, tudo segundo a ideologia por uma questão de política de Estado.
Quanto ao neoliberalismo contraditoriamente podemos entender esse período como uma época de ouro. Desse modo foi até durante esse tempo de desenvolvimento, mas na última parte do século, o mesmo não foi tão satisfatório para uma fatia significativa do mundo, particularmente para URSS e, consequentemente, para o leste europeu sem referir terras distantes do centro do capitalismo.
A decomposição de parte do mundo, sobretudo, do socialismo, incerteza e crise, a falta de perspectiva para o velho modelo soviético, o que sobrou ao resto da Europa que não escolheu o capitalismo, crises e catástrofes.
Ideologicamente não existia outro caminho. A crise acelerava, a pobreza avançava, a falência não apenas da sociedade produtiva, mas também do próprio Estado.
Enquanto na outra parte do mundo havia riqueza e bem estar social, o socialismo estava definitivamente desabando. Necessário urgentemente fazer as reformas, não poderia ser na perspectiva do mesmo modelo.
O século em referência passou por esse período de desenvolvimento, no entanto entrou numa era desconhecida, mas não necessariamente conturbada. Isso não significa a plena certeza, porque não sabemos qual o verdadeiro rumo da história, entretanto compreendemos que os anos vindouros levaram a uma contra revolução, a queda do muro do leste europeu.
Não é necessário recordar-se de teorias metafísicas, daqueles que defendem o final da história, pois não será possível, ao menos enquanto houver a espécie humana.
A história continua viva, as ideologias deixaram de existir e, hoje, apesar do mais rápido desenvolvimento pós-guerra, a humanidade não se sente segura na sua principal ideologia, o neoliberalismo.
As décadas que vão da primeira Guerra Mundial à Segunda, um tempo sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento social e econômico, sendo que durante essa época quarenta anos foram de calamidades.
Nenhum homem razoavelmente inteligente apostaria que o capitalismo iria sobreviver na Europa, a ponto de produzir a grande revolução socialista o que veio a desfalecer posteriormente.
Até mesmo os Estados Unidos salvo da guerra parecia próximo ao colapso. A economia do mundo perdia definitivamente qualquer perspectiva, as instituições liberais não possuíam nenhuma funcionalidade, a Europa completamente destruída.
A esperança americana apostava numa possível loucura, o enfrentamento do exército vermelho com as tropas de Hitler.
Se não fosse exatamente esse fato, até os americanos entrariam completamente na falência, para sorte dos neoliberais os soviéticos venceram.
O que é duro para os comunistas, quando eram comunistas, porque hoje são todos neoliberais, foi ter a consciência de que o comunismo salvou o capitalismo.
Os comunistas se salvaram exatamente com medo de uma teoria que não era capitalista, defendida pelo movimento nazista alemão. Porém, a pior das contradições ao recuperar o capitalismo foi que os mesmos tiveram que ser neoliberais.
O liberalismo desapareceu definitivamente entre os anos 1917 e 1942. Restaram tão somente os Estados Unidos e a Austrália.
Enquanto avançam pelo resto do mundo, particularmente a Europa, a ideologia fascista, movimentos e regimes autoritários sobre ruínas do desenvolvimento econômico.
A democracia só se salvou por um movimento inesperado, por um fato não previsto pela História. Houve uma aliança incomum entre o capitalismo liberal e comunismo.
Basicamente, a vitória sobre Alemanha foi sem dúvida obra do exército vermelho, significando portanto, que o capitalismo foi salvo pelo comunismo e ao ser salvo assassinou seu benfeitor.
No entanto, na verdade essa aliança capitalista comunista ajudou a Europa e Estados Unidos a vencerem a ideologia política fascista.
Sobretudo, na década de 1930 à 1940, de fato o aspecto terrível do momento da realização da História política, a derrota dos regimes totalitários.
Se não fosse esse movimento, o mundo com certeza seria outro. O liberalismo não teria prevalecido na História pós-pensamento político econômico. O capitalismo foi eventualmente salvo pelo exército vermelho.
É o grande paradoxo histórico nas relações entre capitalismo e comunismo que na maior parte do tempo, com exceção do breve período, o século desenvolveu posições irreconciliáveis.
A vitória soviética sobre Hitler foi uma bênção à sociedade capitalista naquele momento perdido, sem rumo histórico. Foi a recuperação da História, do caminho da política, da redefinição da ideologia e do Estado, mas o grande benfeitor teve que desaparecer do mapa econômico, o socialismo.
Na verdade o nazismo foi derrotado pela luta desencadeada por forças militares ligadas ao comunismo, a grande revolução de outubro, se não fosse o desempenho soviético. A Alemanha não perderia a guerra, com efeito, talvez a História do mundo com certeza fosse outra.
Não teria posteriormente sobrevivido à economia capitalista se os Estados Unidos tivessem enfrentado os nazistas. A URSS teria construído novo cenário na História da política, o comunismo seria imposto ao mundo.
Hitler era inteligente para ganhar o campeonato. Teria de vencer as duas últimas partidas, era tudo ou nada. Os soviéticos apostavam que Hitler iria escolher enfrentar o primeiro jogo contra a seleção americana.
Surpreendentemente, contrariamente, mudou-se por estratégia as regras e enfrentou o exército vermelho que deu ao poder militar alemão um banho de sangue.
A guerra teria que ser reiniciada entre os dois finalistas. Resolveram ficar com a taça, dividiu o mundo por zona de influência: americanos endureceram financiando golpes de Estado pelo mundo inteiro, sobretudo em países da sua estratégia de desenvolvimento capitalista, entre eles o Brasil.
O conflito da Segunda Guerra foi transferido ao terceiro mundo até libertar-se definitivamente das ideologias socialistas, o que aconteceu mais tarde com a queda do muro de Berlim.
Fecharam-se as cortinas. Termina o espetáculo. A escuridão tomou novo destino, ainda antes do público deixar o teatro. Inicia-se uma nova crise.
Com o mecanismo de desaceleração do modelo produtivo fundamentado no neoliberalismo, tudo o que vier a acontecer agora não será mais no breve século, porém no novo e exuberante século XXI.
Autor: Edjar Dias de Vasconcelos.