Nas auroras da minha vida...
“Meus aluninhos, meus anjinhos, meus passarinhos azuis de BQ!” Kkkk.
Aluno de BQ, como vocês todos sabem, não refresca: “bobeou”, eles tascam logo um certeiro apelido! Nos meus tempos de Tenente, comandante de uma das Esquadrilhas do “Corpo de Alunos”, o apelido do Kurka; Capitão Ervínio Brasil Kurka, era “Gol de quem?”. O Kurka tinha deficiência auditiva, de modo que, de propósito, os alunos quando chamados para justificar faltas, falavam bem baixinho, forçando o Kurka fazer concha com a mão nos ouvidos, para ouvir melhor; daí o apelido:- - “Gol de quem? Gol de quem?” Grande Capitão Kurka; tanto amigo nosso, como dos “aluninhos”, também!
O apelido do Sampaio, Capitão Sampaio, era “Sampaio Good Square” (Sampaio Boa Praça). O Sampaio tinha uma maneira “sui generis” de punir os seus “anjinhos”:- Quando dirigia a mão direita, com quatro dedos voltados de frente para o aluno, significava “4P”; se com os dedos de costa, “4D”; e estamos conversados.
Bons tempos de BQ; o Comandante do Corpo de Alunos era o Major Mário Acácio Alves Batista, um verdadeiro “Gentleman”; havia o Tomé Ribeiro Neto, o Antônio Nascimento, o Segadães, o “Henricão” e tantos outros, todos sob a batuta do Brigadeiro Camarão.
Quando eu era Cadete, fazia parte da “famosa” equipe de Cama Elástica da Escola, sob o “comando” do eterno “Charles Astor”. No dia da inauguração de Brasília, lá estávamos nós, fazendo exibição na Praça dos Três Poderes; eu, o Gilberto de Castro, o Berto, grande estilista; o Nunes, o Aguiar. O meu salto preferido era o “Salto Suicida”, que fazia as meninas dos Colégios do Rio delirar! kkkkkk... Eu pulava o mais alto possível e, vindo de ponta cabeça na direção da lona, como se estivesse na posição de sentido invertida, e desfazia o salto quando a cabeça encostava-se à lona; hoje, ao recordar, digo pra mim mesmo; quanta leãozada.
Com a ausência do Charles Astor a tradicional equipe de Cama Elástica da Escola de Aeronáutica foi perdendo força. Fiquei sabendo que havia uma novinha em folha importada dos Estados Unidos, esquecida no saudoso Ginásio da Escola, no Rio. Perguntei ao Brigadeiro Camarão se ele “topava” reviver a equipe com alunos de BQ. Ele me olhou e perguntou:- - Mas quem vai treinar os alunos? – Eu mesmo, Brigadeiro, e lhe contei meus “antecedentes criminais” na cama elástica. Ele na hora telefonou para o Comandante da Escola nos Afonsos, que nos cedeu a cama. Peguei um caminhão, fui até o Rio e trouxemos a cama pra BQ, onde treinamos uma equipe e fizemos a primeira demonstração no dia 23 de outubro de 65, Dia do Aviador, para o público Barbacenense; eu, dando o meu “Salto Suicida”, e os meus oito “Aluninhos Azuis Suicidas”, fazendo seus nervosos saltos mortais! O Camarão, após a demonstração, satisfeitíssimo, veio nos cumprimentar! Grande Brigadeiro Camarão!
Velhos tempos... Faria tudo de novo, se possível fosse, meu amor...
Coronel Maciel.