Uma conversa sobre Letramento
Você se lembra como aprendeu a ler e a escrever?
Provavelmente suas lembranças vão levá-lo a uma sala de aula, com carteiras enfileiradas voltadas para um quadro negro e uma mesa de professor. As lições eram dadas a partir de cartilhas onde frases como “Ivo viu a uva” e “O jacaré toma cajuada no jardim da jararaca” eram comuns. O percurso pedagógico, naquela época, partia do princípio de que o conhecimento era adquirido do simples para o complexo, e que aprender era avançar em frente, passo a passo. Na verdade, esse processo não foi privilégio seu ou meu.
Durante muitos séculos alfabetizar significou juntar sílabas e formar palavras, aplicar cartilhas que utilizavam linguagem irreal e repertório controlado; não importava entender o que era escrito e o que era lido porque o importante era dominar o código. Assim, durante muito tempo, o processo ensino/ aprendizagem de leitura e escrita concentrou-se em como ensinar e deixou em segundo plano o “aprender”.
Nas últimas décadas, educadores, psicólogos e estudiosos de várias áreas das ciências humanas se preocuparam em desvelar e entender como os aprendizes desenvolvem seu raciocínio e as pesquisas desses estudiosos revelaram que o ser humano aprende assuntos novos mobilizando conhecimentos já adquiridos: há um ponto de referência, um enquadramento, um vai e vem de conexões que se estabelecem. A aprendizagem não funciona em linha reta, mas sim como uma enorme espiral. O conhecimento não é construído por acúmulo de informações e justaposições; a construção de conhecimentos pressupõe atividades que ocorrem à medida que o indivíduo entra em contato com novos conhecimentos, organiza-os e integra-os aos que já possui. Imagine como esses estudos e reflexões alteraram ao processo de aprender e ensinar a ler e escrever...
Parta, então, da percepção de que no tempo em que aprendemos a ler e escrever a instituição escolar trabalhava para nossa alfabetização, que era basicamente uma ação para aprender a decodificar e reproduzir o código lingüístico.
Hoje, reconhecendo que os grandes objetivos da Educação são ensinar a aprender, ensinar a fazer, desenvolver as inteligências múltiplas e transformar informação em conhecimento, o antigo processo de alfabetização se transformou no trabalho pedagógico que recebe o nome de LETRAMENTO.
No percurso pedagógico desenvolvido no Letramento, ler e escrever não é juntar letras, nem decifrar códigos. A língua não é um código – é um complexo sistema que representa uma identidade cultural. Ser letrado significa saber ouvir, falar, ler e escrever para usar em situações de participação social. Significa saber elaborar conhecimentos novos, desenvolver a capacidade de interpretar textos orais e escritos, levantar conhecimentos prévios, expressar ideias, pensamentos e sentimentos utilizando a linguagem adequada para cada situação.
Diferente do conceito de alfabetização, onde havia um começo um meio e um final no processo, o conceito de letramento incorpora uma crescente trajetória cognitiva, que não se completa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. À medida que o aprendiz adquire segurança no contato prazeroso, contextualizado e significativo com a língua escrita, sua leitura torna-se progressivamente mais fluente, desenvolvendo seu gosto e interesse pela literatura, pela interpretação e extrapolação das ideias do autor, formando-se um leitor crítico, competente e independente. Nesse processo vale afirmar que são importantes as oportunidades de escrita funcional: escrever bilhetes, recados, mensagens, convites, notícias, como ato de comunicação com um leitor real, intencional e objetivo.
Mas a reflexão sobre alfabetização e letramento não se esgota nesses aspectos. É um assunto que remete a outros conceitos básicos como: perceber a leitura como um ato individual, uma experiência singular, uma interação leitor-texto-autor e, tanto a leitura e escrita, como formas fundamentais de integração social e cidadania.
Vivemos, nós, educadores e aprendizes, num momento eterno de vários letramentos, que se inicia – na escola ou fora dela – não em aprender a ler e escrever, mas em gostar de ler e escrever.
Você se lembra como aprendeu a ler e a escrever?
Provavelmente suas lembranças vão levá-lo a uma sala de aula, com carteiras enfileiradas voltadas para um quadro negro e uma mesa de professor. As lições eram dadas a partir de cartilhas onde frases como “Ivo viu a uva” e “O jacaré toma cajuada no jardim da jararaca” eram comuns. O percurso pedagógico, naquela época, partia do princípio de que o conhecimento era adquirido do simples para o complexo, e que aprender era avançar em frente, passo a passo. Na verdade, esse processo não foi privilégio seu ou meu.
Durante muitos séculos alfabetizar significou juntar sílabas e formar palavras, aplicar cartilhas que utilizavam linguagem irreal e repertório controlado; não importava entender o que era escrito e o que era lido porque o importante era dominar o código. Assim, durante muito tempo, o processo ensino/ aprendizagem de leitura e escrita concentrou-se em como ensinar e deixou em segundo plano o “aprender”.
Nas últimas décadas, educadores, psicólogos e estudiosos de várias áreas das ciências humanas se preocuparam em desvelar e entender como os aprendizes desenvolvem seu raciocínio e as pesquisas desses estudiosos revelaram que o ser humano aprende assuntos novos mobilizando conhecimentos já adquiridos: há um ponto de referência, um enquadramento, um vai e vem de conexões que se estabelecem. A aprendizagem não funciona em linha reta, mas sim como uma enorme espiral. O conhecimento não é construído por acúmulo de informações e justaposições; a construção de conhecimentos pressupõe atividades que ocorrem à medida que o indivíduo entra em contato com novos conhecimentos, organiza-os e integra-os aos que já possui. Imagine como esses estudos e reflexões alteraram ao processo de aprender e ensinar a ler e escrever...
Parta, então, da percepção de que no tempo em que aprendemos a ler e escrever a instituição escolar trabalhava para nossa alfabetização, que era basicamente uma ação para aprender a decodificar e reproduzir o código lingüístico.
Hoje, reconhecendo que os grandes objetivos da Educação são ensinar a aprender, ensinar a fazer, desenvolver as inteligências múltiplas e transformar informação em conhecimento, o antigo processo de alfabetização se transformou no trabalho pedagógico que recebe o nome de LETRAMENTO.
No percurso pedagógico desenvolvido no Letramento, ler e escrever não é juntar letras, nem decifrar códigos. A língua não é um código – é um complexo sistema que representa uma identidade cultural. Ser letrado significa saber ouvir, falar, ler e escrever para usar em situações de participação social. Significa saber elaborar conhecimentos novos, desenvolver a capacidade de interpretar textos orais e escritos, levantar conhecimentos prévios, expressar ideias, pensamentos e sentimentos utilizando a linguagem adequada para cada situação.
Diferente do conceito de alfabetização, onde havia um começo um meio e um final no processo, o conceito de letramento incorpora uma crescente trajetória cognitiva, que não se completa nos anos iniciais do Ensino Fundamental. À medida que o aprendiz adquire segurança no contato prazeroso, contextualizado e significativo com a língua escrita, sua leitura torna-se progressivamente mais fluente, desenvolvendo seu gosto e interesse pela literatura, pela interpretação e extrapolação das ideias do autor, formando-se um leitor crítico, competente e independente. Nesse processo vale afirmar que são importantes as oportunidades de escrita funcional: escrever bilhetes, recados, mensagens, convites, notícias, como ato de comunicação com um leitor real, intencional e objetivo.
Mas a reflexão sobre alfabetização e letramento não se esgota nesses aspectos. É um assunto que remete a outros conceitos básicos como: perceber a leitura como um ato individual, uma experiência singular, uma interação leitor-texto-autor e, tanto a leitura e escrita, como formas fundamentais de integração social e cidadania.
Vivemos, nós, educadores e aprendizes, num momento eterno de vários letramentos, que se inicia – na escola ou fora dela – não em aprender a ler e escrever, mas em gostar de ler e escrever.