Uma análise filosófica e histórica da queda do grande império grego e a estruturação política da Idade Média.
Podemos dizer que o começo da crise da sociedade ocidental inicia-se pelos séculos III e II antes Cristo e se estende até o século V depois de Cristo.
Exatamente nesse período histórico que vamos desenvolver o entendimento político da compreensão do Estado, da Economia e da Filosofia.
O fato de relevância que temos de considerar é aceleração do processo, o fim das fronteiras regionais do mundo antigo, a questão do helenismo e do modus vivendi grego, imposto ao mundo até então por meio das conquistas de Alexandre Magno.
A desintegração do império aconteceu muito rapidamente, fato que tinha aberto um novo entendimento do mundo, sem o qual não compreendemos como o ocidente organizou politicamente a sociedade medieval.
Os romanos vão estruturar o mundo na perspectiva filosófica do substrato da cultura helênica. Entretanto, com Alexandre as cidades gregas perdem sua autonomia política.
Obrigadas a pagar grandes impostos e ter suas forças militares na perspectiva das conquistas do novo imperador, a democracia das cidades deixa de existir, a polis é completamente destruída pela força aliada, impõe-se a tirania política do império.
Entretanto, com a queda do mundo grego a sociedade helênica volta ao misticismo e ao mesmo tempo a Filosofia toma nova direção, movimentos de ideias como o Ceticismo, o Epicurismo e o Estoicismo.
A polis grega sente o seu fim político, o cidadão volta para uma reflexão interiorizada, está descrente e indefeso, diante do grande império e da sua fatalidade histórica.
Os deuses perdem sua função de fé, a mitologia não tem mais significado histórico, os heróis deixam de ser contemplados, o mundo perdido na sua interioridade.
A Filosofia muda de direção. Já não mais preocupada com a natureza do mundo, o caminho do entendimento da physis, o refugio ao misticismo, a síntese que compense a perda da liberdade política.
O ceticismo defende a liberdade teórica em lugar da questão prática. O ideal da sabedoria define-se pela mais completa imperturbabilidade do individuo diante da realidade caótica grega, o domínio das paixões internas pelo mecanismo filosófico com a finalidade de atingir a ataraxia.
O sentimento da relativização de tudo como usos e costumes, do mesmo modo a moral, atingindo o mundo ético, o conhecimento filosófico.
Epicuro, século II antes de Cristo, prega com veemência uma Filosofia ateia e materialista, universal, o homem sem pátria, a defesa da não existência dos deuses. Não existem verdades pelas quais devemos viver ou morrer.
Um mundo completamente sem significação. Qual o motivo que o homem teria para viver, fugir apenas do sofrimento, da paixão, qualquer forma de perturbação, o ideal de atingir o páthos grego cujo significado etimológico, a busca simplesmente do prazer?
A vida é a sua satisfação utilitária, como pensou modernamente Jeremy Bentham.
Epicuro desenvolve uma ideologia a respeito da política: o homem deve fugir da sua ação e da religião, pois só provocam ilusões, sofrimentos, tipicamente do período em que estava vivendo.
Entretanto, Epicuro liberta o referido de uma condição cíclica helênica, pelo fato que cada homem é único e se prende à historicidade do seu tempo, dá ao mesmo a responsabilidade de conquistar sua autonomia, o que significa a defesa da ataraxia a Eudaimonia individual.
Os Estoicos são mais radicais na defesa dessas características. Asseguram que o homem só atinge a sabedoria se souber fazer uso sábio da razão, por meio da mesma consegue fugir das ilusões e viver a imperturbabilidade.
Percebemos, portanto, que o mundo grego caótico desenvolveu alguns fundamentos que foram usados na defesa da nova organização filosófica do cosmo, utilizados, sobretudo, pelos romanos diante de uma sociedade também desorganizada pelas constantes invasões bárbaras.
A nova síntese utiliza-se dos princípios universais aplicados à valoração da interioridade humana. Foi desse modo o erguimento do Cristianismo, buscando a fé como compensação de uma realidade moral não existente.
Outro elemento a ser considerado no uso da nova sistematização foi a retomada da cultura grega anterior a esse período, particularmente ao movimento platônico e a universalização do grego como idioma cultural.
Denomina-se Koiné, possibilitando maior sincronismo e, do mesmo modo, o sincretismo filosófico e religioso.
Somam-se a seitas místicas filosóficas das quais podemos destacar o neoplatonismo, a volta a Platão propõe a libertação do corpo como ideal do bem supremo, Filosofia pagã usada na formulação do Cristianismo como justificativa para ressurreição.
O Uno o Nous em grego significam o demiurgo do universo. O objetivo da alma é fundir o deus filosófico pela contemplação do êxtase.
A Filosofia de Plotino, a retomada de Platão e de Aristóteles, replatonizado pelo mesmo. Santo Agostinho herda essa retomada e formula sua concepção da alma separada do corpo, aspecto do paganismo grego. A Filosofia já não é mais a representação do mundo pré-socrático.
Aceitações da nova realidade divina. Todos foram gerados por emanação, juncados à teologia judaica. Surge o Cristianismo, sendo que o grande sentido da vida é a ressurreição da alma, a volta aos antigos mitos helênicos indo europeus.
Desse modo o homem é recuperado pela Patrística e, posteriormente a Escolástica de São Tomas de Aquino. Define-se filosoficamente a nova teologia como sustentáculo do feudalismo ao Iluminismo particularmente o cartesianismo.
O que aconteceu a posteriori foram o nascimento da Filosofia Iluminista e a implantação do Estado Moderno.
Posteriormente acontece a Revolução Industrial e uma Filosofia materialista como fundamento da nova epistemologia empírica, criando as condições indispensáveis ao surgimento da Idade Contemporânea.
Autor: Edjar Dias de Vasconcelos...