CÓDIGO DE SOBREVIVÊNCIA NO TRÂNSITO
CÓDIGO DE SOBREVIVÊNCIA NO TRÂNSITO
Quando vamos dirigir pelas estradas do nosso Brasil, a prioridade precisa ser sempre a segurança. Digo isso, porque temos a impressão de que a prioridade é chegar o mais rápido possível.
É claro que a velocidade é relativa. Dependendo do trecho, dirigir à 80 km/h é muito. Dependendo das condições, dirigir à 140 é mais seguro do que os 80 km/h. Na Alemanha, por exemplo, não existe limite de velocidade e os motoristas dirigem à 220 km/h ou mais, na famosa Autoban. O que é proibido por lá, é não manter uma distância segura entre os veículos. É justamente isso que faz a diferença.
Quando temos uma visão ampla do percurso, a estrada é boa e não dirigimos colados em outros veículos, é possível dirigir à 140 km/h com segurança, desde que o veículo esteja em bom funcionamento e o motorista em suas condições de direção cem por cento aguçadas. É claro, que dirigir acima de 110 é contra as leis de trânsito no Brasil. Mas, não sejamos ingênuos. Todos sabem que vários motoristas ultrapassam os 110 km/h constantemente, chegando à velocidades acima dos 140.
A regra de ouro para quem quer colocar a segurança em primeiro lugar é sempre dirigir com a máxima atenção e respeitando o que eu chamo de código de sobrevivência no trânsito. Independentemente se o motorista dirige à 100, 110, 120, 140, 180 km/h ou mais, é bom respeitar algumas condições. Uma delas, é sempre reduzir a velocidade ao passar por um posto de gasolina. Uma velocidade de segurança é no máximo 80 km/h. Com essa velocidade, o motorista terá tempo de parar o veículo caso um caminhão esteja saindo ou entrando no posto. O mesmo vale para trevos, onde existe um fluxo maior de veículos mudando de pista. Se não quiser chocar-se com um caminhão fazendo a virada de forma lenta, você vai perceber que o freio pode não funcionar como a gente quer nessas horas.
Outra regra importante que faz parte do código de sobrevivência é reduzir a velocidade e andar no máximo à 80 km/h ao passar por cidades que são cruzadas por rodovias. O ideal é dirigir à 60 km/h. Não somente na cidade, mas também em seu entorno. Isso porque uma criança pode aparecer do nada na pista. Outro perigo comum é o fato das pessoas criarem vacas, cavalos, entre outros. Esses animais sempre rondam os arredores dessas cidades, principalmente ao escaparem de um cercado ou de uma corda amarrada à beira do asfalto. As pessoas levam seus animais para se alimentarem e é muito comum se soltarem para degustar aquela moita do outro lado do asfalto que parece ter mais sabor.
Vai viajar e está chovendo? Se quer evitar aquaplanagem, nunca ultrapasse os 90 km/h. Se o asfalto estiver um pouco molhado, não é bom passar dos 100 km/h. Pela frente, sempre existe um trecho com uma poça d’água esperando pacientemente para ver quem vai ser o primeiro a derrapar. Se realmente estiver chovendo, 80 km/h é muito. Além do mais, as primeiras chuvas trazem um perigo desconhecido por alguns motoristas. Sempre existe derramamento de óleo e/ou alguma substância escorregadia que não se misturam com a água. As primeiras chuvas não conseguem lavar o asfalto dessas substâncias, deixando-o ainda mais escorregadio.
Sempre quando estiver à 140 km/h é bom se prevenir para o que não está no campo de visão. Se uma curva se aproxima, é bom tirar o pé do acelerador porque não se sabe o que está do outro lado. Pode ser um animal ou um veículo ultrapassando outro. Sempre fique atendo porque existem motoristas que ultrapassam nas curvas. Você pode ter a experiência de entrar em uma e ter dois veículos ocupando as duas pistas vindo em sua direção.
Um morro se aproxima? Quando perceber um pedaço da boleia do caminhão vindo lá no morro, fique atendo. Outro veículo impaciente pode aparecer e ocupar as duas pistas. A código de sobrevivência é: sempre tirar o pé do acelerador quando em um morro você avistar um caminhão e também se não avistar nada.
E caso dois veículos apareçam ocupando as duas pistas? Mantenha as mãos firmes no volante, tente reduzir a velocidade ao máximo possível e somente após reduzir a velocidade é que se deve ir para o acostamento. Caso o motorista se assuste e imediatamente vire o volante para ir para o acostamento, ele corre o risco de perder o controle do carro e capotar. E se não houver acostamento? É preciso ter sangue frio. Tente reduzir a velocidade ao máximo possível e vá mais para o canto da sua direita. Agora, é esperar para que os outros dois veículos cooperem e que também desviem para o lado direito da direção deles. Assim, os três veículos poderão atravessar com certa segurança. Essa situação é muito comum. Por isso, é importante reduzir a velocidade sempre que avistar um caminhão no horizonte.
Quando viajar à noite, a atenção deve ser dobrada em todas as situações mencionadas até agora. À noite, é comum os motoristas ultrapassarem em lugares que normalmente não ultrapassariam durante o dia. Eles desligam o farol do carro para ver se existe luz de um outro veículo se aproximando. Se não perceberem nada, irão ultrapassar, com certeza. Se isso é certo ou não, acontece bastante.
No horizonte, as luzes dos carros podem nos confundir devido à distância ou ao cansaço e pode acontecer de dois veículos ocuparem as duas pistas e o motorista não perceber. Geralmente, nessa situação, o motorista do veículo que está na pista contrária irá piscar os faróis e assim, é o momento de reduzir a velocidade e verificar se será necessário ir para o acostamento.
O problema de dirigir à noite é a falta de visão. Quando não há visão, é sempre bom manter uma velocidade mais baixa possível. É certo que a gente consegue ver as luzes dos carros de longe, sem dúvida. E quando aparecer um tamanduá? Um lobo? Um cachorro? Um boi? Isso pode acontecer e acontece com frequência.
Vai ultrapassar? Quando existe um só veículo na nossa frente, é fácil. Basta ter visão ampla do que está à frente e ficar tranquilo durante a ultrapassagem. Às vezes, perdemos a paciência quando um caminhão nos força a reduzir a velocidade do veículo ao ponto de voltar para a terceira marca. Em subidas, é muito comum o caminhão ir para o lado direito e assinalar com a seta da direita para que o outro veículo o ultrapasse. Se for no início da subida, até pode ser seguro, dependendo da velocidade do caminhão, mas se for no final do morro, o motorista pode dar de cara com outro caminhão sendo ultrapassado por outro veículo mais rápido. Sendo assim, é melhor aguentar os nervos e esperar ter uma visão mais ampla.
E quando existem vários veículos na fila para ultrapassar? Nunca ultrapasse sem olhar para o retrovisor e verificar se o veículo que está atrás não está ultrapassando também. Se dois veículos decidirem ultrapassar ao mesmo tempo, eles poderão se colidir. O ideal é sempre dar a preferência para os outros. Deixe todos ultrapassarem primeiro e depois ultrapasse com segurança. O que não é recomendado é aproveitar a carona de um veículo que já está ultrapassando e ultrapassar também atrás dele. O veículo que está ultrapassando primeiro tem um campo de visão maior do que o veículo que está ultrapassando de carona. Talvez, um outro veículo se aproxime e poderá não haver tempo para que o segundo veículo retorne à sua mão de direção com segurança. Em caso de fila de veículos esperando para ultrapassar, sempre deixe um espaço grande entre o veículo da frente. Quanto maior a velocidade, maior deverá ser o espaço, mesmo que os outros motoristas ultrapassem e ocupem esse espaço.
Moto é um veículo tentador para ser ultrapassado. Alguns motoristas nem se incomodam e do jeito que estão, ultrapassam esses veículos de duas rodas. Alguns motoqueiros ajudam ao irem para o acostamento, outros não. É preciso ter muito cuidado porque a moto é um veículo menor e dependendo da cilindrada, mantém menor velocidade do que um carro. Ao se aproximar de uma moto, é sempre bom reduzir a velocidade e analisar o que está acontecendo. Em muitas ocasiões, é possível, sim, ultrapassá-la sem nenhum problema. O fator que permite isso se chama amplo campo de visão. Uma vez que se tenha boa visão do que está à frente, sem problemas. O que não se pode confiar é ir ultrapassando a moto em curvas e em subidas. Pode aparecer uma surpresa nada agradável pela frente que nos faça perder o controle do carro e ocasionar um acidente.
Caminhões também ultrapassam carros pequenos. Muitas pessoas já passaram pela situação de estar entre dois caminhões e o segundo caminhão atrás do carro começar a ultrapassagem e em lugar proibido. Vale lembrar que a visão do caminhoneiro é diferente da do motorista de um carro pequeno. O caminhoneiro está mais alto e consequentemente, consegue enxergar mais longe. Contudo, nessa situação, é sempre bom facilitar a passagem do caminhão e reduzir a velocidade para aumentar a distância entre o carro da frente para que o caminhão tenha espaço para voltar para a sua mão de direção caso apareça um veículo à frente. Se não existir espaço para ele voltar, ele vai voltar de qualquer forma, mesmo que isso signifique jogar o veículo menor para o acostamento ou algo pior. Um veículo grande sempre ganha de um pequeno independentemente de quem esteja certo. Em um acidente, quem leva a pior é sempre o veículo menor. O segredo é manter a calma, reduzir a velocidade e aumentar o espaço entre o caminhão da frente enquanto o outro ultrapassa os dois veículos.
Os motoristas conversam entre si durante a viagem. Usam os faróis, a buzina, gestos e gritos. Nas rodovias, os motoristas conversam entre si usando os faróis. Sempre quando vem um veículo piscando os faróis durante o dia ou à noite, significa que existe algo à frente. Pode ser uma inspeção policial, radar fixo ou móvel, animais na pista e até mesmo acidentes. É bom respeitar o aviso e reduzir a velocidade do veículo para que haja tempo de pará-lo caso seja necessário. Em subidas, é comum alguns caminhoneiros avisarem com a seta que é ou não possível ultrapassar. Se for a seta da direita, significa que é possível ultrapassar. Se for a seta da esquerda, significa que não se pode ultrapassar. Os caminhoneiros avisam com a seta mesmo em locais em são proibidos ultrapassar. Isso porque o campo de visão deles é melhor do que um carro pequeno e o caminhão é mais lento em subidas. Ao se decidir “escutar” o aviso luminoso da seta do caminhoneiro e ultrapassar, lembre-se que é sempre um risco ultrapassar onde não se tenha visão. Saiba que as pessoas erram. É claro, que existe muita gente boa, mas existem motoristas podem dar avisos falsos ou errar na hora de assinalar. Você confiaria a sua vida e a da sua família em uma pessoa que você não conhece?
Você pode conversar com os outros motoristas também. Use os faróis para avisar de perigos ou obstáculos. Você pode usar a luz do freio para avisar ao motorista de trás que você precisará reduzir a velocidade do carro. Quando uma curva se aproximar e a velocidade recomendada for 60 km/h, aperte e solte o freio levemente várias vezes antes de chegar na curva para que a luz do freio avise o motorista de trás que você precisará frear mais forte à frente. Quando chegar o momento de realmente pisar no freio e reduzir a velocidade, o outro motorista saberá o que você vai fazer e tomará as devidas precauções para não bater na traseira do primeiro veículo. Agora, se for necessário parar o carro, é bom acionar o pisca-alerta.
Podemos resumir tudo o que foi dito aqui da seguinte forma: se não tem visão, reduza a velocidade. Além disso, sempre dê preferência aos outros motoristas. É melhor ficar com o ego ferido do que se envolver em um acidente. Mesmo estando certo ou não tendo vítimas, um acidente é sempre problemático porque vai envolver polícia, seguro, advogados e muita dor de cabeça. O tempo gasto após o acidente com essas questões, vale a pena refletir se não seria melhor cada motorista seguir seu caminho e arcar com o próprio prejuízo, caso o acidente tenha sido pequeno e não tenha causado vítimas.
Certa vez, ao parar no semáforo, um carro que vinha atrás não conseguiu parar e bateu no meu. Como os danos do meu carro foram mínimos e não houve vítimas, perguntei para o motorista o que ele queria fazer, chamar a polícia ou ir embora. É claro, que ele preferiu ir embora, já que, como ele bateu atrás do meu carro, ele teria que arcar com todas as despesas. Mas, o tempo que a polícia gastaria para chegar até o local do acidente e mais a parte burocrática que teríamos à frente me fez calcular que a melhor solução seria essa. Muitos motoristas não agem assim. Se fosse o contrário, talvez o outro motorista iria exigir seus direitos, o que não é errado, e talvez até querer brigar. Só não podemos esquecer, que hoje as pessoas andam todas estressadas e armadas. Quem garante que por causa de uma batida boba não acontece uma morte? Por isso é sempre bom ser prudente e educado com todos. É melhor perder pouco do que muito ou tudo.
Esses códigos de sobrevivência no trânsito são simples e creio que muitos já sabem. Como eu viajo bastante, achei interessante escrever essas observações. Quem sabe se elas não serão úteis para alguém? E lembre-se de respeitar as placas das curvas reduzindo a velocidade do veículo para conseguir fazê-las sem perder o controle do carro. Se a faixa for contínua, é porque você não tem visão para ultrapassar ou é em um local que apresenta algum risco para a ultrapassagem. Respeitar esses códigos são importantes. É certo que a viagem pode demorar um pouco mais. Mas, o que é melhor? Economizar 20 minutos em uma viagem ou morrer tentando? E o que são 20 ou 30 minutos em uma viagem de 5 horas? Não economize minutos, economize vida!