Educação... Hoje em dia? Essa coisa rara da atualidade!
“Quem ficou de castigo quando criança, porque desobedeceu aos pais, hoje sofre de um trauma psicológico muito raro, chamado: EDUCAÇÃO”. Não sei quem é o autor ou autora dessa frase, mas é uma frase muito bem elaborada. Porém, para entendermos o seu verdadeiro sentido, teríamos que fazer uma análise social em dois tempos, ou seja, em dois períodos da história - a saber - o primeiro, antes da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pelo Congresso Nacional e pela sua instituição que se deu com a assinatura da lei 8.069 pelo 32º Presidente do Brasil e o segundo, posteriormente a essa aprovação.
Quem ultrapassou seus trinta anos de idade, provavelmente se lembra do modelo de educação ao qual foi submetido. Sim! Até cerca de trinta anos atrás, os pais possuíam autoridade sobre os filhos e podiam educá-los aos moldes da educação que receberam de seus antepassados. Era raro um filho desobedecer a seus pais. Mais raro ainda, era um pai ou uma mãe ser levado perante a justiça para responder pela educação dada a seus filhos. Se isso ocorresse, por certo, seria uma grande vergonha.
Nenhum de nós, pelo menos é o que eu penso, cresceu traumatizado pela educação que recebemos de nossos pais. Nenhum de nós ficou doente por andar descalço ou andar na chuva ou, ainda, por não ter mochila para colocar os livros e ir para a escola e, muito menos, por não ter esse ou aquele tênis para calçar. Bastava um olhar de nossos pais e compreendíamos a mensagem e nem por isso íamos para as ruas cometer atos de violência, roubos, furtos..., para poder ter isso ou aquilo. Não fazíamos porque sabíamos que existiam leis e uma ordem estabelecida; porque fomos educados em casa, na escola, na igreja, na escolinha de futebol e até pelos vizinhos; porque sabíamos que existiam autoridades para fazer manter a ordem nas ruas, mas que também educavam. Tudo era muito simples e sem muitas palavras, mas nem por isso, o termo Educação era um trauma!
Atualmente, para aqueles com idade inferior a três décadas e que se tornaram pais, possivelmente passam por determinados problemas quando o assunto é Educação de uma forma geral, pois após a instituição do ECA, tal termo passou a ter outra conotação... Outro significado! Tudo, em relação aos filhos, passou a seguir noutra direção. Os pais perderam a autoridade sobre os filhos... A escola não pode mais educar... Crianças não podem mais ir sozinhas para suas escolas... Os órgãos de segurança não podem mais reprimir o cidadão nocivo à sociedade. Tudo passou a ter outro sentido. Assim, os índices de violência aumentaram e os valores éticos e morais – os princípios sobre os quais se erige a sociedade – foram todos invertidos e o que presenciamos por aí, nada mais é do que a “deseducação” – se é que esse termo existe -. Vemos o desmoronamento da Educação no amplo sentido da palavra, o que faz dela um verdadeiro gerador de traumas psicológicos: Traumatizam-se os pais, os professores, os policiais, juízes, promotores, tutores, padres, diáconos, pastores, porque nenhum deles pode agir contra (ou a favor?) os filhos e filhas que, no cotidiano de suas vidas, têm atitudes cada vez mais hostis em relação às pessoas com as quais convivem, cometendo certos atos delinquentes no meio em que vivem.
Não podemos acreditar que um estatuto viria causar tantos transtornos, despesas e decepções. Não é possível que o ECA tenha tanto poder assim. Poder de destruir a própria Família. Não! Não podemos acreditar nisso. Devemos crer que essa situação atual seja causada pela falta de instrução (que leva a educação), pela falta de leitura ou capacidade de interpretação da Lei e do próprio Estatuto em si, além da falta de sua aplicabilidade. Pode ser que tenha havido algum equívoco em meio ao caminho que nos fez chegar a essa situação na qual nos encontramos em relação ao respeito entre as pessoas.
Em relação à parte estrutural do estatuto, o mesmo se divide em dois livros: o primeiro trata da proteção dos direitos fundamentais à pessoa em desenvolvimento; e, o segundo trata dos órgãos e procedimentos protetivos. Assim, neles encontramos os procedimentos de adoção (Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas sócio-educativas (Livro II, capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes. Contudo, seria viável a existência do Livro III e que fosse intitulado - Dos Crimes Cometidos por Crianças e Adolescentes Contra Adultos e Idosos – mas este, ainda não o escreveram...
Infelizmente, é com isso que vamos ter que nos acostumar. É com isso que teremos que conviver, pois a partir do momento em que dois governantes, adolescentes na política, fizeram mudar o conceito de Educação homologando um Estatuto e uma Lei, de fato ela – a Educação – tornou-se um trauma psicológico, não somente para crianças e adolescentes, mas também, para pais, professores etc. No meu tempo se dizia que Educação é tudo aquilo que sabemos depois que esquecemos tudo que aprendemos. Hoje em dia? O que sabem de Educação?!...