SERIA DIRETOR DE FACULDADE DE DIREITO SE NÃO FORA A CORRUPÇÃO.
 
Por indicação do professor Agostini- coordenador dos cursos- então conheci Roberto um notável diretor das Faculdades Einstein na cidade. Tinha mais de trinta anos, mas seu entusiasmo por tudo na vida era de dezenove.Não passava disso. Sua vibração era contagiante,em tudo,desde que fosse educação superior. Alunos e professores.Era culto e empreendedor...
Assim dei por alguns anos aulas de Direito na Einstein em razão de convite irrecusável e honroso. Agostini- já aposentado na UNICAMP- fazia um extra na Einstein e lembrou do meu nome. Tinha um nome respeitável...O convite era irrecusável,embora,já havia prometido que não daria mais aulas.principalmente à noite. Isto desde 1992,quando numa noite deixei a UNICAMP, sem pompas nem circunstâncias... Minha mãe havia falecido em Jaú,quando dava aulas!
Assim foi.
Uma noite, Roberto chamou-me em sua sala,na direção.  Disse que a instituição que dirigia estava prestes a conseguir a autorização para instalar uma Faculdade de Direito. Achei interessante.
Disse mais: você será o Diretor! Aí fiquei surpreso! Não espera um convite à queima roupa!
Incumbiu-me  urgentemente de fazer a grade curricular dos cinco anos da futura Faculdade que conseguiria em Brasília,conforme dizia, através dos “canais competentes”... Assim foi.
Foi num 1º. de maio, exatamente,pois,era feriado e dia do trabalho,que fiz a chamada grade...Acordei de madrugada para terminar a grade, a duras penas, já quando os ponteiros do relógio já anunciavam o dia seguinte... Roberto iria viajar para Brasília com os documentos, mais a grade curricular.Queria tudo sempre para ontem.
Diligente e por ordem de Brasília comprou numerosos livros jurídicos para encher as prateleiras da Faculdade, eis que até então pouca coisa existia nessa nobre especialidade-hoje devassada e inflacionada! Gastou bastante com isso. Coisa de louco com livros caros a perder de vista. Nessa decisão nada opinei.Tudo Roberto providenciou...Em nada aí participei.
Dizia Roberto que uma comissão do MEC iria visitar a Faculdade para inspecionar e depois aprovar ou não as “coisas”... Assim foi.
 
Como fiz escola pública, esta demais exigente e competente, via sempre com ceticismo e até ironia,o avanço da escola particular que tomou conta do ensino no País, com ou sem nenhuma dignidade. Com o Roberto, era,supostamente, com dignidade.Coitado!
Passado algum tempo – antes de deixar a Faculdade- o nosso Roberto, amigo e diretor-geral foi a Brasília para dar os últimos retoques na sua iniciativa de criar finalmente a Faculdade de Direito.
Voltou mudo,calado e triste. Nada perguntei. Esse anunciado cargo de diretor de Faculdade não subia à minha já cabeça feita...Sempre fui uma espécie de “macaco velho”. Fico longe da cumbuca...A vida me fez assim. Paciência.Pouca coisa me empolga na vida,ultimamente!!!
Roberto numa noite me chamou e disse o que jamais esperava:
“Helion, o homem que poderia aprovar a Faculdade de Direito queria 600 mil reais na hora e nada tinha!”
Corrupção!
A Einstein ficou sem a Faculdade de Direito!
No mesmo mês ...uma poderosa no ramo das Faculdades particulares e hoje Universidade conseguia, o que Roberto não atingiu! Quem pode pode.É a lei do mais forte. É a lei do cão! O dinheiro não pede...manda buscar!!!
O mundo continuou a girar indiferente às malandragens dos homens aqui na Terra. Em Brasília, também!
Estava em São Paulo,bem mais tarde, aí soube que Roberto, seu filho e o motorista, em alta velocidade--- todos morreram,em acidente, em Brasília... A caminhonete cabine-dupla virou sucata na hora.Notícia nacional!
Hoje, a Einstein é administrada pela viúva. Sem Faculdade de Direito. Roberto deixou cinco limões e ela(competente) fez uma limonada... Esta é da boa!