ESCOLAS DE IDIOMAS – qualidade de ensino ou apelo comercial?
Aprender um segundo idioma, seja ele inglês, espanhol, francês, italiano ou outro; é o objetivo de muitos, sendo esta uma meta profissional ou apenas o sonho de alguém que se encanta ao ouvir a melodia de uma outra língua. E como são belas as línguas!
Na busca deste objetivo, o que não nos faltam são escolas prometendo o aprendizado num “passe de mágica”.
Mas por que a mágica nem sempre acontece?
1º Escolas têm um foco comercial. Escolas precisam de alunos para pagar secretárias, professores, aluguel, equipe de vendas, etc. Assim, escolas têm um alto custo e repassam tudo isto para o cliente. Entenda que eles não cobram apenas pela qualidade do ensino, mas sim, por todas as suas altíssimas despesas para criar uma imagem.
Resultados? Isso é outra coisa!
2º Escolas são empresas que visam lucros. Ou seja, é melhor colocar doze alunos no mesmo horário – mesmo que cada um esteja em uma lição ou livro diferente – e aproveitar ao máximo o professor, que deve se desdobrar para atender a todos em apenas uma hora. Para isso o professor deixa os alunos estudando sozinhos, usando os recursos tecnológicos como CDs e outros aparatos, e vai fazendo um rodízio para tirar as dúvidas de cada um. Ao final de uma aula de uma hora, cada aluno teve MENOS DO QUE DEZ MINUTOS de interação com o professor, e claro, interação nenhuma com os demais alunos. Além disso, o aluno fica limitado ao livro e ao CD, não tendo oportunidade de realizar atividades extras como músicas, filmes, teatro, etc. Estas atividades extras são muito importantes, pois além de trabalhar o idioma em situações reais do quotidiano, também servem para ensinar a cultura do povo falante da língua em questão. Exemplo: porque não uma aula sobre culinária, onde cada aluno trará uma receita e explicará para os colegas fazendo uso da língua estudada?
O ideal seria que o professor pudesse trabalhar com apenas quatro ou cinco alunos por turma, todos na mesma lição ou no mesmo nível, todos recebendo atenção do professor simultaneamente, de maneira que a interação com o professor seja realmente de uma hora – ou melhor, uma hora e meia, para que haja tempo também para realizar as atividades extras. O CD, o DVD e outros aparatos são materiais complementares para o aluno ouvir em casa.
Ou você prefere pagar caro em um curso para ir até a escola somente para ouvir CD?
3º Como não falar da qualidade dos professores? Conheci um rapaz que morou dois anos nos Estados Unidos e tinha um ótimo inglês. O que ele fazia lá? Era entregador de pizza. Ao retornar ao Brasil, passou a trabalhar como professor de inglês em uma escola de nome – uma grande franquia de idiomas. Embora seu inglês fosse muito bom, os alunos sempre reclamavam dele, pois ele não tinha didática, não tinha conhecimentos de metodologia... em outras palavras, não estava preparado para ensinar, repassar o conhecimento, atender as dificuldades de aprendizado dos alunos. E esse não foi um caso único. Sei de pessoas que antes de serem “professores” de inglês, trabalhavam em construção civil ou limpeza... nada contra quem realiza estes trabalhos, mas o fato é que, embora sejam fluentes em inglês, eles não são de fato professores!
E esses são os profissionais que as grandes escolas empregam, pois eles têm fluência no idioma, mas por não terem preparo profissional, aceitam trabalhar por um valor bem menor do que profissionais mais qualificados exigem – o que é muito lucrativo para as escolas!
Mas e a qualidade? Ah, isto é outra coisa!
Vale, porém, ressaltar, que também há inúmeros professores formados no curso superior de Letras que mal sabem o verbo “To be”. Por isso é sempre melhor procurar um professor que tenha formação superior, saiba utilizar os métodos de ensino, e ao mesmo tempo tenha real conhecimento da língua que pretende ministrar.
Esses profissionais dedicaram anos de sua vida para chegar a este estágio, e por isso mesmo não aceitam ser explorados por escolas que visam apenas o lucro, também não aceitam iludir alunos com metodologias falhas. Esses profissionais trabalham com resultados reais, pois é realmente prazeroso – ao verdadeiro professor – acompanhar o desenvolvimento de seus alunos!
Deixo aqui uma dica: consideradas as exceções (pois sempre há exceções!), a maioria desses profissionais está atendendo através de aulas particulares em domicílios ou empresas; trabalham para si mesmos, seguindo sua própria metodologia com foco na qualidade e nos resultados – e não para escolas que tem outra linha de atuação mais voltada ao aspecto comercial e lucrativo.
4º Vamos falar sobre metodologia, os métodos de ensino, a proposta pedagógica da escola. Que fique claro que aprender um segundo idioma não é apenas aprender a repetir frases prontas. Isso não é inglês – é “papagaiês”! Aprender uma outra língua é muito mais! O aluno deve ser exposto a situações do quotidiano, e receber o conhecimento necessário para ser capaz de interpretar o que ouve e se comunicar. Entender e ser entendido! Pensar em inglês... em vez de apenas repetir.
Veja que a fluência é considerada quando a comunicação de fato acontece. Muitos cursinhos, porém, estão mais preocupados em ensinar regras de gramática ou preposições corretas. Mas o falar “correto” é algo que vem naturalmente com o tempo de exposição à língua. É como a criança que começa falando - “Eu DI um presente para meu amigo” - e com o tempo e com a exposição à língua, que acontecerá naturalmente no ambiente de casa e da escola, ela entenderá que o mais apropriado é - “Eu dei um presente...”.
Mas observe que esta criança, mesmo usando o verbo “dar” conjugado de forma incorreta, ainda assim é considerada fluente, pois ela entende e é entendida. Ou seja, há comunicação! Por isso volto a repetir: o mais importante é alcançar a fluência, ou seja, se comunicar na língua que se deseja!
Vamos a um outro exemplo bem prático: muitas escolas medem o conhecimento do aluno aplicando provas do tipo: “Na frase abaixo complete com a preposição TO ou FOR.” Então há uma frase escrita com uma lacuna a ser completada. Algo mais ou menos assim:
“What do you like to eat _____ breakfast?”
A resposta correta é “for”, mas... ISSO NÃO É FLUÊNCIA!
A melhor prova para medir o conhecimento do aluno seria o professor conversar com ele em inglês, fazer perguntas para ver sua capacidade de responder às mesmas. Perguntas como: “What do you like to eat for breakfast?” (O que você gosta de comer no café da manhã?) ou “What did you give to your mother on Christmas?” (O que você deu para sua mãe no Natal?) Se o aluno conseguir entender estas perguntas e respondê-las satisfatoriamente, ele estará tendo progresso na aquisição da segunda língua.
Mesmo que ele ainda não saiba a diferença entre as preposições “to” ou “for” nestas questões; mesmo que sua resposta não seja perfeita do ponto de vista gramatical, ainda assim ele está no caminho da fluência.
Pense nisso... Fluência = entender e ser entendido.
Espero que estes apontamentos ajudem a perceber porque a fórmula mágica das escolas nem sempre tem efeito. Pelo menos não para todos.
Sabemos que muitos alunos são autodidatas, aprendem sozinhos estudando seu livro e ouvindo seu CD, precisando apenas de alguma orientação do professor ou instrutor para pequenas dúvidas. Muitos aprendem sozinhos em casa através de músicas, filmes, jogos ou internet... Mas a grande maioria precisa da figura do professor – o profissional devidamente capacitado para atuar como FACILITADOR.
O professor é aquele que "enche o copo com água e o dá na mão do aluno, para que este então faça sua parte e beba a água"!
Espero ainda que este artigo ajude-o na escolha por um bom profissional que possa guiá-lo satisfatoriamente neste caminho maravilhoso que é o aprendizado de uma segunda língua!