Razões da Escola: a leitura como prática pedagógica
Em textos anteriores analisamos a Escola enquanto instituição e o cidadão que ela forma. Agora dando continuidade abordaremos as práticas pedagógicas desta instituição.
Percebemos que o professor, agente que está na prática do processo educativo, tem muito a fazer para o desenvolvimento das habilidades que devem ensinar: ler, escrever para melhor conhecer, fazer, aprender, viver e ser.
Muitos alunos não gostam de ler. Maior é o número daqueles que não gostam de ler em voz alta por se sentirem envergonhados e porque acham que pronunciam as palavras de modo errado. Alguns se perturbam emocionalmente, diminuindo ou alterando em demasia a tonalidade da voz. Devemos criar estratégias para que a leitura pública aconteça como prática da voz. Lembrando que quem lê bem em voz alta lê melhor para si mesmo extraindo e percebendo todas as nuances nas linhas e entrelinhas que o texto quer comunicar. É a interpretação explicita e implícita do texto.
Se o texto produzido pelo colega e lido é difícil de ser entendido para uma maioria da turma, muito mais é para o educando comunicar oralmente o que leu e aprendeu – não só ler. Devemos insistir nisto, pois a sala de aula serve, antes de tudo, como laboratório para a comunicação pública. É o espaço para este ensaio acontecer. No presente o jovem, enquanto aluno, tem o espaço da sala para comunicar seu aprendizado ao professor e aos colegas. No futuro ele terá as entrevistas com prováveis patrões, reuniões para dirigir e outros espaços que lhes cobrarão desembaraço, articulação de ideias, comunicados orais e demais propósitos.
Será neste tempo – o futuro, que os atuais alunos irão agradecer àqueles que lhes prepararam oportunizando o desenvolvimento de suas habilidades de ler, escrever e se comunicar, ou dirão lamentavelmente: “Passei pela escola e ela não me preparou para a vida. Os professores que me assistiram se preocuparam apenas que eu soubesse de cor fatos históricos, matemáticos, regras gramaticais e outras que eu não sei para que elas servem. Ensinaram-me a analisar orações e seus termos, mas não me ensinaram a me achar como sujeito de minha vida.”
Educadores não nos preocupemos somente com o conteúdo – a internet está aí para informar quantitativamente sobre qualquer assunto. Que nossa atenção se volte mais para o desenvolvimento da habilidade de ler, escrever e comunicar-se oralmente. Esta é a formação qualitativa que podemos fazer para que a Escola seja um espaço voltado para um futuro melhor de nossos alunos e não um espaço de tempo morto, sem vida e sem razão de ser.
Revisemos nossas práticas pedagógicas para que possamos dar vida à instituição que nos dá razão de existirmos profissionalmente.
Todo caminho se faz com reflexão e atuação.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 14/02/2014.