Razões da Escola: A instituição
Toda instituição tem sua função, se não simplesmente não existiria. Axioma claro.
Quando se fala em instituição pensamos materialmente em uma construção, edifício, um meio qualquer. Associamos, então, a algo subjetivo que foi consagrado pela cultura, costumes, tradição com algo físico. Exemplificando, se falamos em Igreja ligamos este conceito a um templo; se mencionamos o casamento a que imagem nós o associamos? A um casal, ao lar, à família, talvez. Mas o que são estas ‘coisas’ senão conceitos abstratos também?! Concluímos que nem sempre ou nunca um conceito institucional, que é abstrato, se liga a algo concreto, físico, material. A Igreja, voltemos ao primeiro exemplo, é uma associação de pessoas que comungam uma mesma crença e não meramente paredes de argamassas e tijolos.
A Escola, por sua vez, está associada a um prédio físico governamental ou particular – iniciativa privada. Porém, sabemos que é bem mais do que isto. Nós, que herdamos as visões europeias, os conceitos, na verdade, quando falamos em Escola pensamos logo no prédio, no quadro de giz, nas salas de aula, nas carteiras enfileiradas com alunos harmonicamente uniformizados, professores de óculos e bandeira nacional em um canto.
Com esta associação equivocada de imagem e conceito caímos no mesmo erro dos europeus imperialistas e colonialistas: desprezamos as outras culturas julgando-as como ‘não cultura’ e agimos de maneira autoritária, preconceituosa e egocêntrica.
Tomando como diretriz a instituição Escola, a exemplo dos brancos dominadores, erramos por pensar que os que vivem o modo de produção primitivo ou outro modo que não o capitalismo, quer sejam os ameríndios, africanos, aborígenes, eram desprovidos de escola e educação. Erro dos que pensam assim.
Entre os povos ‘não-europeus’ havia educação segundo a ótica de suas culturas e a escola era a Natureza.
‘Escola-prédio’ é invenção do capitalismo, simulacro de fábricas para ‘fabricar’, formar – pôr na forma, ‘con-formar’ e produzir, se no presente, alunos, depois mão de obra barata, especializada e poucas vezes instruída para o sistema se reproduzir viciosamente.
Para isto é importante os educadores, pais e outros segmentos sociais perguntar sempre:
É explícito, é claro, para mim que educo ou que matriculo meus filhos como alunos, que me preocupo com a cidadania, a real função e objetivo da Escola?
Quais são as respostas que consigo enumerar? Algumas? Nenhuma?
É hora de pararmos e refletirmos, pois somos seres pensantes e se pensamos existimos, se existimos podemos tornar o propósito da escola mais real, digno e concretizar melhorias na e para a efetiva cidadania.
Leonardo Lisbôa.
Barbacena, 30/01/2014.