Temas, Internet, pesquisa e formação docente

Coisa difícil é escolher um tema. Caso a escolha tenha por objetivo uma pesquisa científica, além da objetividade obrigatória no tratamento da temática, há as especificações e toda a exigência do contexto acadêmico. Mas, se a escolha recair sobre um tema qualquer, entre as preferências de quem pesquisa e escreve livremente (o que é um direito de cidadania), acredita-se ser mais fácil levar a efeito a empreitada, o que é um mais que ledo engano.

Escrever sobre um tema escolhido por critérios puramente subjetivos pode levar o produtor do texto por alguns caminhos difíceis, por algumas trilhas nas quais ele poderá se embrenhar para sempre. Por falar em subjetividade, nada contra ela, mas, o mal que se considera maior na veiculação de textos na Internet é justamente o de abrir portas para uma situação na qual, indivíduos de todos os graus de instrução, alguns desprovidos de fundamentos e outros, baseados apenas em juízos que tentam impor sobre os fatos, aproveitem-se da liberdade online para os mais diversos fins.

O maior oceano de textos é a Internet. O sistema veicula, incessantemente, desde os mais medíocres aos mais importantes temas. A abordagem dos temas é da responsabilidade de quem escreve e publica. Quanto às crianças, há legislação específica e pesa sobre os pais e/ou responsáveis a obrigação de orientar os jovens sobre as atividades que desenvolvem em rede.

Por outro lado, o lado bom da Internet oferece aos internautas uma quantidade inimaginável de textos acerca de uma infinidade de temas em todas as áreas do conhecimento. São obras que, jamais estiveram e ainda não estão, em papel, disponíveis para todos. Dou um exemplo: na década de 70, além de a Biblioteca da UFS não dispor de um acervo satisfatório, alunos tinham que enfrentar uma “fila” de nomes de colegas, anotados em um caderno, para esperar que os livros fossem devolvidos por aqueles universitários que já haviam feito o empréstimo. Estamos em 2013, mas a situação, em muitas faculdades (são tantas...) ainda não é a ideal. Inclusive, determinados livros não estão disponíveis, no formato convencional em papel, a preços cômodos. Mas estão disponíveis em rede.

Acessando a rede mundial de computadores, qualquer pessoa tem passe livre pelas portas de uma biblioteca do porte da que pertence à University of Oxford, no link <http://www.ox.ac.uk/>. Isto para não citar uma significativa lista de sites das mais importantes e tradicionais universidades e órgãos de todo o planeta. Acessando o Google, também é possível encontrar relações desses endereços.

Atualmente, no âmbito educacional, um dos temas sobre o qual mais se produz conhecimento é o da formação docente. Entretanto, muitos são os professores, inclusive jovens recém-graduados, que não recebem a devida orientação didático-pedagógico-metodológica quanto à pesquisa online. Portanto, não estão preparados para desenvolver atividades com seus alunos envolvendo as fontes eletrônicas.

Há muito silêncio sobre isto e, ainda mais, desenha-se um ambiente que, além de anacrônico, chega a ser atoleimado. Nesse contexto ainda há críticas infundadas e proibição dirigida aos alunos, impedindo-os de pesquisar em fontes eletrônicas. Tal atitude só pode ser produto de uma censura ignorante, mas útil para quem vende livros de papel. Quem sabe é a hora de se buscar alguma ação, quem sabe legal, no sentido de analisar tal cerceamento à liberdade de pesquisa.

Justificativa de espécie alguma consegue convencer pessoas que “pensam certo” de que não se deva pesquisar, na tela do computador, ou mesmo imprimir (em alguns casos) obras da mais comprovada qualidade e até raridades como esta disponível em <http://sites.fas.harvard.edu/~chaucer/>

Parodiando Rousseau e, independentemente das divergências entre os estudiosos de sua obra, percebe-se que a Internet nasce boa e a sociedade a corrompe. Sim, assim como a Democracia, ela mesma, é ideal e boa, mas a sociedade a corrompe e vilipendia.