Para entrarmos muito bem o novo ano

A medicina da atualidade parece privilegiar o diagnóstico. Está cada vez mais em moda o verbo diagnosticar; isto não é outra coisa senão procurar doenças. É certo que devemos nos preocupar em levar uma vida saudável em todos os sentidos, mas isto não inclui, necessariamente, procurar doenças, pensar em doenças nem como evitá-las. A palavra preocupação não deve sequer ser mencionada neste contexto. Criar métodos cada vez mais modernos de prevenir ou diagnosticar doenças significa ir à contramão da verdadeira ação para adquirir saúde. Ações para adquirir saúde não devem fazer parte dos pensamentos corriqueiros do ser humano. Gastar tempo e dinheiro para obter saúde ou para evitar as doenças não condiz com verdadeira natureza humana.

O homem foi gerado por uma sabedoria inigualável; o ser humano foi concebido originariamente como um ser perfeito, isento de qualquer espécie de doença. Um comportamento perfeitamente natural, em total obediência aos princípios de vida, procura se desprender ao máximo de pensamentos ilusórios. O princípio é simples: Deus não criou e jamais criaria algo tão prejudicial para o ser humano como doenças ou infelicidades. O que precisamos é ajustar nossa mente ao mundo ideal criado por Deus desde o princípio. Se mantivermos a crença de que não passamos de um aglomerado de matéria que um dia terá que desaparecer e se transformar em cinzas, este pensamento e essa crença darão origem a todos os outros ligados à limitação do homem. E, ao contrário do que comumente se pensa, o homem não é um ser unicamente físico condenado a desaparecer um dia. O homem é espírito; é um ser que vive eternamente.

Estamos acostumados a dar atenção exclusivamente àquilo que possui forma e é captado pelos nossos sentidos como sendo a verdadeira existência. Tudo o que existe verdadeiramente foi criado por Deus para a felicidade e para a glória do homem; o que Deus não criou não existe de verdade. Então, o que existe? Obviamente, o amor, o espírito, o verdadeiro mundo paradisíaco, e o homem verdadeiramente perfeito. Pensar que a perfeição, a felicidade e o bens eternos, os verdadeiros atributos Deus, sejam dádivas fora do comum, destinadas unicamente aos santos que sofreram em sua vida terrena para ganharem o paraíso após a morte constitui uma ofensa ao poder de Deus; a isto se chama pensamento invertido. A crença no sofrimento é que traz o sofrimento, como a crença na doença é que a faz surgir no corpo. Todas as ações do homem são baseadas numa forma de pensar precedente que lhe trará a consequência devida de acordo com o que foi pensado ou acreditado profundamente. Achar que ser curado de uma doença grave constitui um milagre é pensamento invertido, pois o milagre propriamente dito não existe aos olhos de Deus; o que Ele acha estranho é o fenômeno doença estar impregnando a existência dos Seus filhos amados. Se Deus é perfeição absoluta, por que sofreria o homem com doenças ou infelicidades se essas coisas não fazem parte do mundo de Deus?

É preciso descobrir onde anda o erro. Urge investigar o porquê de, a despeito de todo empenho da ciência em diminuir o mal e contribuir para o aumento da felicidade humana, encontrar-se tão longe essa felicidade. Chegamos à conclusão de que o erro se encontra na mente do próprio homem que faz ideia errônea de Deus. Somos aquilo que acreditamos do fundo da alma e nosso destino se transforma exatamente naquilo que concebemos em nossa mente subconsciente. Salvar-se não significa outra coisa além da crença no Deus verdadeiro; no Seu bem imparcial; na Sua perfeição inquestionável; no Seu amor incondicional. Transformamos em realidade as nossas crenças mais arraigadas. Há quem ache que o homem está no mundo para sofrer, que a salvação só acontece depois da morte do corpo físico e que pecado e doença são coisas reais. Acreditar na inexistência do pecado é ter a mente igual à mente de Deus; é ser incapaz de pecar. Se o Cristo deixou-se crucificar a fim de que houvesse a redenção, por que continua o homem preocupado com o seu próprio pecado? Se ele ainda peca é porque não acredita em Deus de fato, mas apenas diz isso da boca para fora ou finge que acredita, tentando enganar a si mesmo.

A melhora em qualquer situação de vida só é conseguida através da renovação dos pensamentos, da mudança total do que foi pré-concebido na mente. Jogar fora as velhas crenças é nascer de novo; não há outra forma de transformar a vida. O homem pune a si mesmo ao cometer atos indignos do filho de Deus. É por isso que não cessam os sofrimentos. Tudo começa e acaba na mente. Conhecer a si mesmo é abrir as portas da felicidade. Uma felicidade que desconhece medo, pecado, doença ou sofrimento. Achar que existem essas coisas já é meio caminho andado a se distanciar das graças de Deus. Pensar é atrair; é totalmente possível dominar o próprio destino com uma postura mental adequada. O primeiro passo para a transformação consiste em agradecer. A riqueza material é consequência e jamais deve constituir objetivo primordial; ela vem pela alegria de se estar vivendo. Quantas coisas possuímos e, no entanto sentimos raiva quando contrariam nossos desejos egoísticos? As graças de Deus não constituem bens matriais, mas todas as coisas que são invisíveis e que muito raramente enxergamos. A casa própria, o carro do ano e o ser amado que não vem estão aonde nem sempre olhamos, ou seja, na gratidão. Ao orarmos por sabedoria, tolerância, amor infinito e discernimento e agradecermos por já sermos possuidores de tais bens verdadeiros, tudo o mais de que precisamos virá no reboque e muito bem amarrado e consistente. Pois é o invisível que move tudo aquilo que é visível aos olhos carnais.

É esse o valor da gratidão. Somente um Deus poderoso, aquele que criou o universo com todas as coisas boas para nós é capaz de transformar inferno em paraíso, doença em saúde e sofrimento em felicidade. Mas o que Ele faz mesmo é transformar o seu interior, renovando sua mente irrequieta. Pois, se você não consegue enxergar o óbvio, pare para pensar em que Deus você acredita. Porquanto Deus é um radical otimista. Quem acha que ele criaria o mal ou um mundo imperfeito, já deixou de acreditar em Deus para acreditar num deus que pode ser tudo, menos perfeição. Feliz ano novo a todos.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 02/12/2013
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