O PODER DA APRENDIZAGEM
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
A vida é uma aprendizagem diária. Afasto-me do caos e sigo um simples pensamento: Quanto mais simples, melhor!
José Saramago
Como a aprendizagem humana deve ser uma constante em nossas vidas, confesso que já assisti vários filmes e que aprendi muito com eles, pois, os filmes podem se tornar direta e indiretamente em nossas vidas em qualquer profissão no seu dia a dia como um excelente caminho para ampliar os caminhos da aprendizagem, em sendo assim, os horizontes da polêmica, da crítica e da cultura, bem como estimular um lazer com espírito crítico, ativamente falando.
É fato que “para todos os ofícios, excepto o de censor, é indispensável uma aprendizagem: os críticos fazem-se antecipadamente”, ex-vi George Lord Ryron.
Quando comecei a exercer minhas atividades de professor primário em 5 de janeiro de 1964, tinha doze anos de idade incompletos, ainda ia estudar a segunda série do curso ginasial e sonhava em ser professor, sai nas ruas de Santa Rita procurando crianças e jovens para matricular e matriculei dezesseis alunos, envolvendo desde as primeiras letras (alfabetização) ao antigo quarto ano primário, lá em minha pequena sala de aula (origem da fundação do COFRAG – Colégio Francisco Aguiar), localizada à Rua Eurico Dutra, nº 61, no Bairro Popular, Santa Rita/PB, ao lado da casa de meus pais, a sétima arte era utilizada para filmes do tipo: zorro, 007 e outras películas envolvendo cangaceiros, bandoleiros e os gladiadores romanos. Eram as fitas preferidas pela maioria da população, geralmente assistidas no Cine São João, no Cine Avenida e ou no Cine Santa Cruz, o popular “puiga”, nas sessões do tipo matinês, com filmes não censurados para menores de 14, 18 e 21 anos. A televisão ainda era muito incipiente no Brasil e particularmente na Paraíba, que ainda recebia transmissão do Canal 2 e do Canal 6 de Recife, Pernambuco, somente a partir das doze horas do dia. Eram poucas as pessoas que tinham televisão em Santa Rita. Na casa de meus pais tinha um aparelho de televisão com uma antena com cinqüenta metros de altura e duas chaves para receber a transmissão de dos canais mencionados. Era assim na década de 60 do século XX. Os cinemas citados tinham suas cadeiras cheias em todas as projeções, porque era lá que a sociedade comparecia para lazer, para namorar, para conversar e sonhar seus projetos de vidas. Existia maconha em nossa cidade, porém, eram poucos os usuários e assim mesmo eram perseguidos e presos, era crime usar maconha. Depois surgiram as drogas que vivem destruindo a sociedade internacional, nacional e local. Todos os tipos de drogas já são conhecidas pela população e usar maconha deixou de ser crime no Brasil e seus usuários deixaram de ser criminosos para serem pacientes, caso de saúde pública, assim como os usuários de drogas pesadas do tipo: cocaína, LSD, crack, etc. A sociedade vive essa chaga e crise de valores morais, sexuais, religiosos, familiares, educacionais, etc, tendo em vista o envolvimento de pessoas de todas as classes sociais com tais drogas.
E contra fato não se tem qualquer argumento, pois, Carls Rogers, enfoca em seus ensinamentos de que “Por aprendizagem significativa, entendo, aquilo que provoca profunda modificação no indivíduo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência”.
Com o passar dos tempos, Santa Rita perdeu na última década do século XX, todas as suas casas de projeção da sétima arte. A população assiste filmes em suas próprias casas com o uso das novas tecnologias do tipo: DVD e etc. Somente a capital da Paraíba tem casas de projeção da sétima arte, nesta primeira década do século XXI, mais perto de Santa Rita e de sua população. É uma realidade o pensamento do Papa Dento XVI ao afirmar de que "Agir e sofrer, é um lugar de aprendizagem da esperança!". E é esse tipo de esperança que alimento no penso, no que planejo, no que faço e concretizo no que escolho em vida pessoal e profissional.
Volto ao caso de assistir filmes para enriquecer a minha aprendizagem. Posso mencionar dentre os filmes que assistir os seguintes: “Meu Mestre, Minha Vida”, (Lean on Me, Americano do Norte, de 1989), dirigido por John G. Avildsen, onde aprendi que o enredo enfoca que traficantes, vândalos e arruaceiros agem livremente dentro de uma escola, quando um professor age por conta própria, expulsa os alunos que julga noviços à instituição escolar, daí por diante, sua conduta cria polêmica, dentro e fora do ambiente escolar; “Sociedade dos Poetas Mortos”, (Dead Poets Society, EUA, 1989), dirigido por Peter Weir, onde um carismático professor de literatura revoluciona os métodos até então dominantes de ensinar quando chega a uma colégio conservador americano, tudo porque o professor Keatings tem como filosofia ensinar seus educandos a pensarem por si mesmos, sem usar manuais e ou lições de moral de qualquer espécie. Neste filme o professor não usa o livro didático e sim seu saber, sua inteligência e liberdade para fazer seus alunos a pensarem e aprender o que lhes interessam para a vida; “Mentes Perigosas” (Dangerous Minds, EUA, 1995), dirigido por John Smith, cujo enredo trata da história de uma oficiala da Marinha dos Estados Unidos da America, que abandona a carreira depois de nove anos de atividades para realizar em sua vida um antigo sonho de juventude, tornar-se professora de língua inglesa. É admitida em uma escola de Ensino Médio, no norte da Califórnia, para lecionar a um grupo de alunos, e assim sua vida vai mudar para sempre; “Matrix” (The Matrix, EUA, 1999), este filme enfatiza que existem duas realidades, onde uma realidade é percebida somente pelos seres humanos no seu cotidiano e a outra realidade é criada pelos computadores. Daí uma realidade é puro sonho na vida das pessoas humanas e a outra é a Matrix. Por analogia, seguido o roteiro desse filme, se chega a conclusão de que se é possível traçar e ou desenhar um paralelo com a percepção de tudo que ocorre diariamente em nossa sociedade. Dentre outros filmes, todos igualmente importantes para minha aprendizagem de professor, de advogado, de psicanalista, de teólogo, de pessoa, de gente que aprender a apreender com os outros, inclusive escolhendo o que é bom, deletando o que é ruim para mim e para a sociedade em que vivo ativamente falando.
O enriquecimento da aprendizagem é uma questão de opção pessoal e individual de cada pessoa, embora receba influência constante do coletivo em que o individuo encontra-se incluído à luz de uma escola onde o professor procura ensinar como: transmissor de conhecimentos, detentor absoluto da verdade, atuação permanente e uniforme, além de ser autoritário, em oposição à escola onde o professor é estimulador de situações de aprendizagem, mediador do conhecimento, crítico, e utiliza a prática pedagógica interativa. É aí onde fica evidenciado de que nem todo professor é educador, porém, todo educador é professor. É a mesma coisa das irmãs gêmeas “educar” e “instruir”, são semelhantes a linha ferroviária, jamais terão qualquer tipo de encontro e de diálogo entre si, pois, “instruir” representa o tipo da “Escola que Ensina”, enquanto “educar” representa o tipo da “Escola Aprendente”. O professor que precisamos e sonhamos é aquele que aprender a apreender. Ninguém é dono do poder intelectual, riqueza única em que o ser humano leva para a sepultura, embora seja caminho sempre aberto e a disposição de todo e qualquer indivíduo na face da terra, desde que o busque sempre em seus mais variados caminhos (cursos, filmes, livros, revistas, jornais, internet, rádio, televisão, cinema, contatos diversificados, etc) que levam a aprendizagem humana em sua essência. E até porque Heráclito de Efeso ensina que a “[...] Todas as coisas vêm a seu tempo devido. O sol é novo a cada dia”.