O valor das realizações
A velocidade com que passam os anos pode causar, com frequência, a sensação de que não se está, efetivamente, vivendo a existência como se deveria. A alegria e o bem estar que sentimos enquanto vivemos estarão sempre diretamente ligados a nossa capacidade de tirarmos da vida o máximo em aproveitamento. Contudo, vai diferir tremendamente o retorno em felicidade de acordo com o conceito que se tem do que seja viver. É certo que ideias variam; pontos de vista também. Se fosse tão simples bastaria o mínimo esforço para se alcançar o máximo em felicidade.
Para começar, vivemos o nosso dia a dia por intermédio do intercâmbio entre as relações que mantemos com o outro o tempo inteiro. Então vai depender inapelavelmente do resultado dessas relações o nosso bem estar e felicidade; quanto a isto não pode haver dúvida. Se analisarmos o mundo, desde seus primórdios, todo avanço e toda decadência tiveram como causa o equilíbrio e o desequilíbrio entre as relações humanas. Pode parecer irônico, mas, após eras de confronto e de guerra o mundo conquistou os seus melhores avanços.
Aprimorando suas defesas, precavendo-se contra ataques o homem desenvolveu sua inteligência. As nações derrotadas fizeram de tudo para reerguerem-se e não perderem caso fossem levadas a novas guerras. A esperança é que, para o futuro, não sejam mais necessárias tragédias como a guerra para fazer com que a humanidade se desenvolva. O homem aprecia os conflitos e fica-nos a impressão de que não é possível se viver sem eles. Mas conflitos estão em desacordo com a vontade de Deus de um mundo paradisíaco, onde as nações se considerem irmãs e os homens deixem de brigar entre si. O homem possui o que há de diferente nas outras espécies: é o único capaz de raciocinar e prever o futuro. Se Deus não existisse não teria razão de o homem ser dotado dessa capacidade.
Este é um pensamento lógico a que chegamos ao percebermos o homem como um ser pensante. Se todas as condições necessárias à sobrevivência às espécies da terra já existiam quando aqui se desenvolveram é porque, para que isso acontecesse, houve uma pré-condição. Então não é difícil concluir que o homem traz, inerente, uma pré-condição especial para a vivência da espécie. Tudo já existia sem que fosse precisa a capacidade de raciocínio. Água, alimentos, oxigênio, condições de temperatura. Mas, se trouxemos o privilegio da humanização é porque uma missão especial nos foi concedida. Não há, sobre a face da terra, outro ser que se compare ao homem. A ele não teria sido dado exclusivamente este diferencial poderosíssimo se não houvesse uma razão transcendental, um plano traçado, uma missão grandiosa.
A compreensão de que o esforço para descobrir e viver imbuído em dar o máximo a fim de cumprir a contento esta missão, é a verdadeira forma de viver do homem. Pautando sua existência sobre este propósito ele acaba por encontrar a felicidade almejada, meta de todo esforço. É por isso que viver por viver, achando que realizações medíocres, que nada acrescentam ao progresso do homem, trazem felicidade, deixa a sensação final de que se viveu e nada foi realizado.