A ESCOLA E PODER DA CRIAÇÃO
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
[...]Que bom seria se a escola; não me impusesse uma segunda natureza; me assistisse para eu mesmo me recriar...
Moacir Carneiro
Compreendo perfeitamente que muitos dos conflitos que acontecem na atualidade na escola tem origem na imposição de novas identidades que envolvem os protagonistas da cena educativa: 1 - Na Escola: professores, alunos supervisores, etc., 2 -No Estado: a corrupção envolvendo o dinheiro público e dai o descumprimento da legislação; 3 - Na Sociedade: omissa e que aceita tudo calada; 4 - Na Igreja: troca de valores axiológicos, éticos, morais, espirituais e humanos por imediatismo do tipo: fica rico do dia para noite, etc. Em síntese Moacir Carneiro (2002), escreveu a poesia " O outro eu da escola ", onde [...] quando entro, a escola, pronta; as aulas, prontas; as atividades, prontas; os programas, prontos; a avaliação, pronta... advém daí a complexidade dos processos grupais da gestão escolar: consenso e conflito. Falta o diálogo permanente do Estado, da Família, da Sociedade/comunidade e da Igreja.
É minha gente, são muitas as finalidades políticas que desde o século XX se atribuem à escola, enquanto instituição que aprende a apreender nas chamadas sociedades democráticas, como por exemplo, equidade, igualdade, solidariedade e desenvolvimento humano, dentre outras igualmente importantes. Por outro lado, tem as exigências do mercado de trabalho, como por exemplo, excelência, formação vocacional e/ou orientação ocupacional e/ou formação profissional através de cursos de formação, habilitação e/ou qualificação, além da competitividade individual. O discente, assim como o docente tem que saber onde estão e para onde querem ir em termos de saber e de aprendizagem, todo aprendiz em tese se presume que um dia vai querer trabalhar e trabalhar no que se qualificou na vida acadêmica.
A educação só sai do colapso da atualidade, onde os diretores, os professores e os alunos, por exemplo, vivem enfadados e além do mais intimidados entre si, isso é detectado no ambiente escolar através da realização de uma simples reunião de trabalho, onde todos ficam calados, frios e hostis, com medo de falar os atos e fatos que atormentam educadores, educandos e suas famílias, tudo porque em certos momentos se percebe que o medo é porque tudo naquela escola não é decidido pelo grupo: diretor, professores, funcionários, alunos, comunidade e sim pelo poder autoritário do direto que decide sozinho, quando sai tudo certo não foi o grupo que planejou e realizou aquele projeto e sim a figura física do diretor com mãos de ferro e que não consulta ninguém, sabe de tudo e ponto final. É a escola do insucesso e da publicidade negativa através da comunidade, da imprensa falada, escrita e nas redes sociais dominantes. É daí que vem à fábrica de professores desmotivados, desempenho dos alunos baixo, os problemas de indisciplina constante no âmbito da escola. É a escola pronta e que representa o descaso total, apesar de ter objetivos definidos em seus regulamentos e planejamentos didáticos e pedagógicos. Por analogia ao pensamento de Lück (2002,p.33), que menciona que “a criatividade e o prazer em aprender estavam completamente ausentes da sala de aula. Em outras, o clima na escola não era adequado nem para o ensino, nem para a aprendizagem”. É um fato e muito fácil de serem encontradas escolas públicas em qualquer nível de governo: federal, estadual e municipal, com esse perfil. Tem apenas o nome estampado na parede principal do prédio dizendo que é uma escola, e isso quando tem, em certos casos nem o nome existe no prédio onde funciona um educandário.
Para reviver esse quadro de colapso se precisa acima de tudo fazer com que todos envolvidos no processo da escola adquiram autocofiança em si e nos seus colegas de trabalho: diretor, professores, funcionários, alunos, famílias dos alunos, comunidade, etc.
É certo que o terceiro milênio está aí, tudo isso não importa, o que importa é que se precisa de escolas para o mundo de hoje, século XXI, de lideres capazes de aprender ouvir e falar na hora certa em termos de pedagogia de projetos para facilitar a resolução de problemas grupais, com capacidade de trabalhar em conjunto com professores e demais colegas que convivem igualmente no ambiente educacional, pois, somente assim será capaz de ajudar e de ser ajudado e as necessidades de capacitação serão identificadas, portanto, é a partir daí que serão adquiridas as competências e habilidades necessárias para se atingir o aprimoramento do ensino e da aprendizagem, ex-vi além do mais, “serem capazes de ouvir o que os outros têm a dizer, delegar autoridade e dividir o poder”, na visão de Lück (2002, p. 34).
Em resumo, entendo que os lideres não são pessoas que vieram do céu e muito menos do inferno, porém, são as pessoas responsáveis direta e indiretamente pela sobrevivência e bem assim pelo sucesso individual com visão coletiva de suas organizações: escolas, igrejas, clubes, associações, universidades, estados, países, municípios, etc, o que casa muito bem com o pensamento do famoso músico e compositor Frederick François Chopin, ao afirmar que “quando alguém cria alguma coisa, aparenta ser bom, de outra forma não o teria escrito. Só mais tarde vem a reflexão, e então essa criação é rejeitada ou aceite. O tempo é o melhor decisor, e a paciência o mais excelente professor”. Isso é um fato.