Vale a pena ser professor@?
As datas estão aí para nos lembrar algo que talvez pudesse ser esquecido se elas não existissem.E são tantas e coincidentes às vezes, que nem sempre lembramos o(a) homenageado(a).Mas quero neste texto falar um pouco de uma categoria profissional a qual tenho muito orgulho de pertencer: a de professor.Sou professora desde pequenina ( antes mesmo de crescer já sabia o que queria fazer e improvisava uma salinha de aula no quintal) e nunca quis outra profissão.Até estudei psicologia, mas somente para me auxiliar na minha relação com os alunos e para que eu pudesse entender um pouco mais as intrincadas crises existenciais que compõem o universo escolar, seja em relação aos alunos e/ou aos professores.Afinal, qualquer trabalho que tem como matéria-prima o ser humano, torna-se, no mínimo, complexo.E o que vem deteriorando o trabalho pedagógico na quase totalidade dos educandários brasileiros é o fato de os governantes ainda não encararem as questões educativas em sua essência e pluralidade.Em nome de uma economia burra, vão ignorando as idiossincrasias didáticas, baixando decretos ou aprovando leis muitas vezes bizarras, que não contemplam a realidade e não legitimam o direito ao saber.
É claro que muita coisa boa existe no cenário da educação.Desde profissionais brilhantes e idealistas, que não abrem mão do exercício digno de seu trabalho ,a alunos ávidos de conhecimento que mesmo nos rincões do país, sem nenhum conforto e proteção, são capazes de andar quilômetros a pé para ouvir o que o professor tem a dizer.
Quando falo de uma economia burra, refiro-me às leis que muitas vezes são boas e necessárias, mas quando colocadas em prática tornam-se desastrosas.Como exemplo, a inclusão.Quem leciona há décadas, como eu, sabe que a Lei da inclusão veio para corrigir algumas insanidades que ocorriam.Antes dela, os portadores de deficiência eram obrigados a procurar escolas especializadas (que sempre existiram em número muito menor do que a demanda exigia) ou ficavam fora da escola.Hoje todos têm direito à escolarização.Em quase todo o país, a rede pública ganhou novas e modernas unidades de ensino , com instalações adequadas à nova clientela e os professores passaram a fazer especializações contínuas para lidar de forma mais eficiente com esses alunos.Até aí, tudo bem.Mas, na prática, os desafios são infinitamente maiores.Mais do que equipar as escolas com instalações apropriadas, faz-se necessário introduzir em cada escola profissionais como médicos , psicólogos, fisioterapeutas,e outros para que o aluno cadeirante, o deficiente visual, o deficiente auditivo, o surdo-mudo ou o portador de distúrbios mentais possam ser acompanhados em seu desenvolvimento de maneira honesta e verdadeira e não apenas paliativa.
Não basta fazer demagogia, é preciso fazer investimentos sérios na área da educação.E sempre que se fala nesse assunto a resposta é sempre a mesma: não existe verba.Mas existe pra todos os gastos espúrios do Congresso e todas as falcatruas que vemos noticiar nos telejornais diariamente.
Se vivemos uma situação de caos hoje em dia, muito se deve à omissão do poder público na qualificação e na valorização dos profissionais de Educação.Enquanto não houver uma política séria que faça com que os recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério) sejam aplicados em sua totalidade na educação, as greves vão continuar acontecendo e o sistema público de ensino continuará o seu processo de sucateamento.A Lei do Fundeb foi aprovada em dezembro de 1996 com previsão de um volume de recursos oriundos de 15% dos vários impostos como ICMS, FPE ( dos Estados e do Distrito Federal), o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e o IPI. A Lei diz ainda que 60% desses recursos devem ser aplicados na remuneração dos professores e os 40% restantes na manutenção e desenvolvimnto dos alunos e das escolas.
O problema no Brasil é que as boas leis são natimortas.Até o povo tomar conhecimento delas e exigir a sua aplicabilidade muita coisa ruim já aconteceu, e nem sempre dá pra reverter o estrago feito, principalmente em educação.Se os recursos do Fundeb fossem fiscalizados e aplicados como prevê a legislação, não só os professores da educação básica passariam a receber um salário digno, como as escolas estariam todas, sem exceção, com muito mais qualidade.
Se todos os cidadãos brasileiros cobrassem mais dos políticos a aplicação de leis como a do Fundeb, não mais veríamos cenas deprimentes de crianças descalças caminhando léguas a pé para estudar em casebres perdidos no meio do mato sem carteiras, sem livros, sem merenda, sem nada.Se os recursos existem ,não podem e nem devem ser desviados.
Enquanto as mudanças relativas ao sistema educacional ficarem à mercê da boa vontade dos governantes e dos oportunistas de plantão, teremos uma educação fajuta, profissionais insatisfeitos e, consequentemente, a violência continuará grassando país afora.Ou alguém duvida que somente uma boa escola pode conter a escalada da violência?
E se "mestre é aquele que, de repente, aprende" (Guimarães Rosa), é muito bom que todos nós possamos aprender com cada pedido de socorro que vemos num olhar já endurecido de uma criança de rua ou de um adolescente desajustado que estão alijados da sociedade porque não tiveram uma escola que os acolhesse da forma correta.
Apesar de aqui mencionar algumas dificuldades que fazem parte do magistério, nunca me considerei frustrada em minha profissão, muito pelo contrário.E não desestimulo ninguém a ser professor.Por mais que a tecnologia esteja avançada, que a internet esteja aí ocupando todos os espaços , nada substitui o talento daquele que ensina com o coração, que sente prazer no que faz.As relações humanas são complexas e delicadas a um só tempo.Daí a importância cada vez maior de professores capacitados e cientes do seu papel como instrumento transformador da sociedade.
A maneira mais humana de lidar com a diversidade de nosso país é trabalhar com honestidade para que o Brasil seja verdadeiramente um país para todos.O bom professor é peça fundamental nessa empreitada.Por isso sua importância é inquestionável.
É preciso respeito ao professor em todos os sentidos.Muito mais que uma simples homenagem no seu dia.
Parabéns, professor@!
15 de outubro:Dia do professor
As datas estão aí para nos lembrar algo que talvez pudesse ser esquecido se elas não existissem.E são tantas e coincidentes às vezes, que nem sempre lembramos o(a) homenageado(a).Mas quero neste texto falar um pouco de uma categoria profissional a qual tenho muito orgulho de pertencer: a de professor.Sou professora desde pequenina ( antes mesmo de crescer já sabia o que queria fazer e improvisava uma salinha de aula no quintal) e nunca quis outra profissão.Até estudei psicologia, mas somente para me auxiliar na minha relação com os alunos e para que eu pudesse entender um pouco mais as intrincadas crises existenciais que compõem o universo escolar, seja em relação aos alunos e/ou aos professores.Afinal, qualquer trabalho que tem como matéria-prima o ser humano, torna-se, no mínimo, complexo.E o que vem deteriorando o trabalho pedagógico na quase totalidade dos educandários brasileiros é o fato de os governantes ainda não encararem as questões educativas em sua essência e pluralidade.Em nome de uma economia burra, vão ignorando as idiossincrasias didáticas, baixando decretos ou aprovando leis muitas vezes bizarras, que não contemplam a realidade e não legitimam o direito ao saber.
É claro que muita coisa boa existe no cenário da educação.Desde profissionais brilhantes e idealistas, que não abrem mão do exercício digno de seu trabalho ,a alunos ávidos de conhecimento que mesmo nos rincões do país, sem nenhum conforto e proteção, são capazes de andar quilômetros a pé para ouvir o que o professor tem a dizer.
Quando falo de uma economia burra, refiro-me às leis que muitas vezes são boas e necessárias, mas quando colocadas em prática tornam-se desastrosas.Como exemplo, a inclusão.Quem leciona há décadas, como eu, sabe que a Lei da inclusão veio para corrigir algumas insanidades que ocorriam.Antes dela, os portadores de deficiência eram obrigados a procurar escolas especializadas (que sempre existiram em número muito menor do que a demanda exigia) ou ficavam fora da escola.Hoje todos têm direito à escolarização.Em quase todo o país, a rede pública ganhou novas e modernas unidades de ensino , com instalações adequadas à nova clientela e os professores passaram a fazer especializações contínuas para lidar de forma mais eficiente com esses alunos.Até aí, tudo bem.Mas, na prática, os desafios são infinitamente maiores.Mais do que equipar as escolas com instalações apropriadas, faz-se necessário introduzir em cada escola profissionais como médicos , psicólogos, fisioterapeutas,e outros para que o aluno cadeirante, o deficiente visual, o deficiente auditivo, o surdo-mudo ou o portador de distúrbios mentais possam ser acompanhados em seu desenvolvimento de maneira honesta e verdadeira e não apenas paliativa.
Não basta fazer demagogia, é preciso fazer investimentos sérios na área da educação.E sempre que se fala nesse assunto a resposta é sempre a mesma: não existe verba.Mas existe pra todos os gastos espúrios do Congresso e todas as falcatruas que vemos noticiar nos telejornais diariamente.
Se vivemos uma situação de caos hoje em dia, muito se deve à omissão do poder público na qualificação e na valorização dos profissionais de Educação.Enquanto não houver uma política séria que faça com que os recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério) sejam aplicados em sua totalidade na educação, as greves vão continuar acontecendo e o sistema público de ensino continuará o seu processo de sucateamento.A Lei do Fundeb foi aprovada em dezembro de 1996 com previsão de um volume de recursos oriundos de 15% dos vários impostos como ICMS, FPE ( dos Estados e do Distrito Federal), o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e o IPI. A Lei diz ainda que 60% desses recursos devem ser aplicados na remuneração dos professores e os 40% restantes na manutenção e desenvolvimnto dos alunos e das escolas.
O problema no Brasil é que as boas leis são natimortas.Até o povo tomar conhecimento delas e exigir a sua aplicabilidade muita coisa ruim já aconteceu, e nem sempre dá pra reverter o estrago feito, principalmente em educação.Se os recursos do Fundeb fossem fiscalizados e aplicados como prevê a legislação, não só os professores da educação básica passariam a receber um salário digno, como as escolas estariam todas, sem exceção, com muito mais qualidade.
Se todos os cidadãos brasileiros cobrassem mais dos políticos a aplicação de leis como a do Fundeb, não mais veríamos cenas deprimentes de crianças descalças caminhando léguas a pé para estudar em casebres perdidos no meio do mato sem carteiras, sem livros, sem merenda, sem nada.Se os recursos existem ,não podem e nem devem ser desviados.
Enquanto as mudanças relativas ao sistema educacional ficarem à mercê da boa vontade dos governantes e dos oportunistas de plantão, teremos uma educação fajuta, profissionais insatisfeitos e, consequentemente, a violência continuará grassando país afora.Ou alguém duvida que somente uma boa escola pode conter a escalada da violência?
E se "mestre é aquele que, de repente, aprende" (Guimarães Rosa), é muito bom que todos nós possamos aprender com cada pedido de socorro que vemos num olhar já endurecido de uma criança de rua ou de um adolescente desajustado que estão alijados da sociedade porque não tiveram uma escola que os acolhesse da forma correta.
Apesar de aqui mencionar algumas dificuldades que fazem parte do magistério, nunca me considerei frustrada em minha profissão, muito pelo contrário.E não desestimulo ninguém a ser professor.Por mais que a tecnologia esteja avançada, que a internet esteja aí ocupando todos os espaços , nada substitui o talento daquele que ensina com o coração, que sente prazer no que faz.As relações humanas são complexas e delicadas a um só tempo.Daí a importância cada vez maior de professores capacitados e cientes do seu papel como instrumento transformador da sociedade.
A maneira mais humana de lidar com a diversidade de nosso país é trabalhar com honestidade para que o Brasil seja verdadeiramente um país para todos.O bom professor é peça fundamental nessa empreitada.Por isso sua importância é inquestionável.
É preciso respeito ao professor em todos os sentidos.Muito mais que uma simples homenagem no seu dia.
Parabéns, professor@!
15 de outubro:Dia do professor