Na Emancipação de Alagoas, a lição dos que não se rendem
“Faces sob o sol, os olhos na cruz
os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã...” *
No estado de Alagoas as belezas naturais são um deslumbre, e mesmo que minha opinião possa ser avaliada como claramente tendenciosa e bairrista, quem nos visita não há como não dizer da beleza de nossas praias, de nossas lagoas, de nossa culinária, da singeleza do nosso artesanato, dos folguedos e da alegria do nosso povo, patrimônio imaterial mais valioso.
Porém, virando a página do encanto, o estado das Alagoas é um estado de ausências. Um verso de um dos nossos folguedos apregoa: “... quem nasce nas Alagoas, não passa necessidade...” quem dera fosse verdade!
Sucessivos governos se ausentaram da responsabilidade para com a construção das políticas públicas de atendimento a população. Saúde, Educação, Assistência Social, moradia, lazer, cultura, convertem-se em nota de rodapé nos programas de governo.
Sucessivos governos vislumbrando o potencial de massa de manobra que é um povo sem educação, sem autoestima, espoliado no seu direito de morar dignamente, trabalhar, ter assistência médica quando precise, reconhecer-se produtor de cultura e conhecimento, abandonaram este mesmo povo à própria sorte. Ausentes dos direitos, mantêm-se cidadãos e cidadãs de segunda classe.
“Manda quem pode. Obedece quem tem juízo”, era - e ainda é – a máxima que corre à boca pequena nos currais eleitorais do mar ao sertão e mais ausências são contabilizadas. A frase, capciosa e perversa, dá o tom da ameaça necessária para se manter um povo subserviente, trocando voto por um favor que na maioria dos casos, é direito garantido em lei, mas que serve como moeda de troca nas mãos inescrupulosas de quem vive de achaques e roubalheiras, de quem manipula até a boa fé alheia.
No nosso inventário de ausências, estudantes se ausentam da sala de aula pela ausência crônica de professores, pela ausência de condição nas escolas sucateadas, pela ausência de uma gestão governamental que priorize a resolução desses problemas, que garanta direitos adquiridos.
Trabalhadores se ausentam das escolas acossados pela falta de condições mínimas de trabalho, de segurança, pelas doenças da profissão, pela desvalorização da profissão, pela desilusão, embora reconheça também que alguns são descomprometidos, contabilizam a ausência do respeito ao contribuinte que paga nossos salários, aos seres que estão em nossas salas de aula.
A Educação Escolar, meu campo de atuação, é bem “o centro das nossas desatenções” e o centro geral das ausências é a população desrespeitada no direito de ter educação como um bem inalienável, o direito que assegura a lei máxima do nosso país.
Os trabalhadores da Educação do Estado de Alagoas(dos municipios e do estado) entram em greve quase todos os anos. Embora os governos saibam do débito com a população que anualmente amarga índices vergonhosos de IDH**, de analfabetismo, de morte entre jovens, de violência contra a mulher e de modo geral, embora saibam do débito com a categoria e com a população, por não cumprir acordos firmados, dificultam o diálogo mantendo uma postura intransigente e, negligentes, se ausentam, mais uma vez, das responsabilidades.
Aos trabalhadores da Educação em Alagoas resta a luta, porque nada nos chegou de bandeja, exemplo, a conquista da isonomia com o nível superior do estado, há alguns anos atrás. Sabemos todos que greve é um remédio amargo demais, pois só quem nunca viveu o transtorno de reorganizar ano escolar fora do ano civil diz que “professor não quer trabalhar”. Só quem vive a realidade de tantas ausências em um espaço que deveria ser de fartura e vida, que é a escola, sabe o quanto nos custa cada uma dessas ausências.
Hoje, 16 de setembro, comemora-se a Emancipação Política de Alagoas.São 196 anos de história. E que não se ausente de nós a esperança.
“Ah! Como é difícil tornar-se herói.
Só quem tentou sabe como dói
vencer Satã só com orações...”
*fragmentos de Agnos Dei- João Bosco & Aldir Blanc
**IDH- Índice de Desenvolvimento Humano
“Faces sob o sol, os olhos na cruz
os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã...” *
No estado de Alagoas as belezas naturais são um deslumbre, e mesmo que minha opinião possa ser avaliada como claramente tendenciosa e bairrista, quem nos visita não há como não dizer da beleza de nossas praias, de nossas lagoas, de nossa culinária, da singeleza do nosso artesanato, dos folguedos e da alegria do nosso povo, patrimônio imaterial mais valioso.
Porém, virando a página do encanto, o estado das Alagoas é um estado de ausências. Um verso de um dos nossos folguedos apregoa: “... quem nasce nas Alagoas, não passa necessidade...” quem dera fosse verdade!
Sucessivos governos se ausentaram da responsabilidade para com a construção das políticas públicas de atendimento a população. Saúde, Educação, Assistência Social, moradia, lazer, cultura, convertem-se em nota de rodapé nos programas de governo.
Sucessivos governos vislumbrando o potencial de massa de manobra que é um povo sem educação, sem autoestima, espoliado no seu direito de morar dignamente, trabalhar, ter assistência médica quando precise, reconhecer-se produtor de cultura e conhecimento, abandonaram este mesmo povo à própria sorte. Ausentes dos direitos, mantêm-se cidadãos e cidadãs de segunda classe.
“Manda quem pode. Obedece quem tem juízo”, era - e ainda é – a máxima que corre à boca pequena nos currais eleitorais do mar ao sertão e mais ausências são contabilizadas. A frase, capciosa e perversa, dá o tom da ameaça necessária para se manter um povo subserviente, trocando voto por um favor que na maioria dos casos, é direito garantido em lei, mas que serve como moeda de troca nas mãos inescrupulosas de quem vive de achaques e roubalheiras, de quem manipula até a boa fé alheia.
No nosso inventário de ausências, estudantes se ausentam da sala de aula pela ausência crônica de professores, pela ausência de condição nas escolas sucateadas, pela ausência de uma gestão governamental que priorize a resolução desses problemas, que garanta direitos adquiridos.
Trabalhadores se ausentam das escolas acossados pela falta de condições mínimas de trabalho, de segurança, pelas doenças da profissão, pela desvalorização da profissão, pela desilusão, embora reconheça também que alguns são descomprometidos, contabilizam a ausência do respeito ao contribuinte que paga nossos salários, aos seres que estão em nossas salas de aula.
A Educação Escolar, meu campo de atuação, é bem “o centro das nossas desatenções” e o centro geral das ausências é a população desrespeitada no direito de ter educação como um bem inalienável, o direito que assegura a lei máxima do nosso país.
Os trabalhadores da Educação do Estado de Alagoas(dos municipios e do estado) entram em greve quase todos os anos. Embora os governos saibam do débito com a população que anualmente amarga índices vergonhosos de IDH**, de analfabetismo, de morte entre jovens, de violência contra a mulher e de modo geral, embora saibam do débito com a categoria e com a população, por não cumprir acordos firmados, dificultam o diálogo mantendo uma postura intransigente e, negligentes, se ausentam, mais uma vez, das responsabilidades.
Aos trabalhadores da Educação em Alagoas resta a luta, porque nada nos chegou de bandeja, exemplo, a conquista da isonomia com o nível superior do estado, há alguns anos atrás. Sabemos todos que greve é um remédio amargo demais, pois só quem nunca viveu o transtorno de reorganizar ano escolar fora do ano civil diz que “professor não quer trabalhar”. Só quem vive a realidade de tantas ausências em um espaço que deveria ser de fartura e vida, que é a escola, sabe o quanto nos custa cada uma dessas ausências.
Hoje, 16 de setembro, comemora-se a Emancipação Política de Alagoas.São 196 anos de história. E que não se ausente de nós a esperança.
“Ah! Como é difícil tornar-se herói.
Só quem tentou sabe como dói
vencer Satã só com orações...”
*fragmentos de Agnos Dei- João Bosco & Aldir Blanc
**IDH- Índice de Desenvolvimento Humano