Sobre Honestidade...
Recentemente li um livro de 1965 do geógrafo e historiador Aroldo de Azevedo (1910 -1974), O MUNDO ANTIGO, em que cita a obra do denominado Pai da História, Heródoto de Halicarnasso (484 a 425 a.C.).
Em seu volume IV – Melpômene (Musa da tragédia da mitologia grega), Heródoto narra como se desenvolvia o comércio entre os Cartagineses e os habitantes de um país desconhecido, além das Colunas de Hércules (Gibraltar), na Europa Ocidental.
Esse trecho chamou muito minha atenção.
Assim narrou o Pai da História:
“...Ao Chegar, os Cartagineses depositavam na praia seus produtos, voltavam para os navios e punham-se a produzir grande quantidade de fumaça. Atraídos por este sinal, vinham os naturais do país e na mesma praia depositavam a quantidade de ouro que julgavam corresponder ao valor das mercadorias, afastando-se logo a seguir.
Aí começava o regateio... Retornavam os homens de Cartago, examinavam a quantidade de ouro: se consideravam suficiente, apanhavam-na e partiam; caso contrário, simplesmente voltavam para seus navios e permaneciam tranqüilos, na expectativa. Quando tal acontecia, voltavam os nativos e colocavam na praia nova porção de ouro. Vinham novamente os Cartagineses... e, assim, esse negócio silencioso podia durar horas...
Todavia, por mais prolongada que fosse a transação, um fato era incontestável, conforme o depoimento de Heródoto: os Cartagineses não tocavam no ouro senão quando correspondia ao valor das mercadorias, da mesma forma que os nativos só se apoderavam das mercadorias quando os Cartagineses carregavam o ouro. Jamais as duas partes procuravam ludibriar uma a outra”
Diante dessa narrativa, e considerando que isso ocorreu a aproximadamente 400 anos antes da era cristã, ficam alguns questionamentos:
- Do ponto de vista comercial, houve evolução nas negociações ou retrocesso?
- O que aprendemos ou desaprendemos nesse “pequeno” espaço de tempo?
- Deveríamos nos espelhar em atitudes que ocorreram a mais de 2.400 anos para as negociações de hoje?
- Outros tempos? Não, os tempos não mudam, ele é o mesmo! Mudam as pessoas.
- Então mudamos pra pior?