Alfabetização e Letramento

Alfabetização e Letramento são dois conceitos difíceis de definir, pois há divergência entre os teóricos sobre a aplicação deles.

Alfabetizado já foi considerado a pessoa que soubesse assinar o seu próprio nome, após alguns anos, aquele que compreendesse o que lesse e se comunicasse através da escrita. E após mais um tempo fechou-se um conceito de alfabetizada como sendo a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples em seu idioma. Analfabeta seria a que tivesse aprendido a ler, mas houvesse esquecido e aquela que não soubesse assinar o seu próprio nome.

Entendendo que ler e escrever são construções sociais, pode-se compreender o porquê de tantas modificações no conceito de alfabetizado. Então alfabetização pode ser atualmente compreendida como um processo de construção da leitura e da escrita nos contextos sociais.

Daí, percebendo também que o conceito foi ampliado e que não se limita mais a capacidade de decodificação de sinais gráficos, alguns autores como Emília Ferreiro acharam desnecessário o conceito de letramento, pois não viam mais a alfabetização como uma mera transmissão técnica. Entretanto, outros autores defenderam a utilização do termo letramento, como Magda Soares.

Letramento é o processo de envolvimento de uma pessoa com as práticas sociais de leitura e escrita. Este envolvimento está proposto até mesmo para uma pessoa analfabeta, pois nós vivemos em uma sociedade letrada em que a prática da leitura e da escrita está presente em todos os espaços sociais. Talvez por uma exclusão social ou econômica, uma pessoa não tenha tido a oportunidade de se alfabetizar, mas ela pode ser letrada, uma vez que este termo refere-se àquelas pessoas que conhecem a função da leitura e da escrita, mesmo que não saibam ler e nem escrever.

Nesta sociedade letrada, uma pessoa que se interessa por folhear os livros, solicita que outros leem para ela algum texto em algum momento, dita cartas para que outra pessoa escreva... Enfim, a pessoa tem consciência da importância da leitura e da escrita, verifica estas práticas em todos os espaços sociais e se envolve nelas.

Da pessoa que possui analfabetismo, ou seja, aquela que não domina as habilidades de leitura, escrita e cálculos até à pessoa que é plenamente alfabetizada tendo total domínio das habilidades referidas, temos um quadro com vários níveis, tais como: analfabetismo, alfabetismo rudimentar, alfabetismo básico e alfabetismo pleno. O mesmo ocorre com o conceito de letramento que possui vários níveis que vai desde identificar o rótulo de uma embalagem até à leitura de um texto científico.

O ideal é que tenhamos enquanto educadores o compromisso de alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais de leitura e da escrita a fim de que nossos alunos se tornem ao mesmo tempo alfabetizados e letrados, parafraseando os pressupostos de Magda Soares.

Referência Bibliográfica:

• FERREIRO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever. São Paulo: Cortez, 2002.

• SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

• SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.

Tio Marcinho
Enviado por Tio Marcinho em 30/08/2013
Reeditado em 30/08/2013
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