Problemas sociais

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Um dos problemas que mais preocupam a governos, estadistas e homens de estudo é o da situação econômica do empregado e do operário. Tal problema deve ser encarado do ponto de vista da administração individual dos bens.

A maioria gasta o quanto tem e ainda o que não tem, sem levar o menor controle de suas possibilidades nem de seus dispêndios. Isto ocorre porque de tudo se ensina ao homem em sua juventude, menos a saber administrar-se a si mesmo. Como pode então manejar inteligentemente seu salário e cobrir honestamente suas necessidades sem ter que recorrer a meios que, em vez de solucionar, agravam mais sua situação?

O homem oprimido pelas dívidas dificilmente coordena seu pensamento, reajustando sua conduta ou maneira de pensar. Geralmente, confia no acaso ou busca que outros supram suas necessidades.

Estimamos que deveriam ser criados cursos especiais destinados a proporcionar à inteligência do empregado ou operário as normas a seguir para organizar as economias domésticas. Ninguém ignora que os salões de cinema e teatro, os ambientes de diversões, os clubes, os restaurantes e cafés, estão sempre repletos de empregados e operários.

Haveria que ensinar, com decidido empenho,

a forma de administrar os próprios bens

Os excessos são os que desequilibram o pressuposto.

É bom recordar o que temos observado numa pessoa trabalhadora. Se o salário que recebe é, suponhamos, de 160, indefectivelmente coloca 60 no Banco e vive com o restante, fazendo de conta que esse é seu salário. Todo aumento dos bens é para satisfazer suas necessidades, porém aquilo que todos os meses destina preventivamente, é para ela algo sagrado e sob nenhum pretexto modifica esse critério, tanto que, quando se o ouve falar de seu salário, manifesta que é de cem, por exemplo, e não 160. Depois de um certo tempo, a vemos dona de um terreno, e mais tarde, edifica sua casinha.

Com outro empregado, sucede o contrário. Se ganha 160, gasta 60 a mais, pois jamais basta para suas necessidades. Prova evidente é isso, de não saber ajustar sua situação econômica conforme suas possibilidades.

A estatística de quebras econômicas deste tipo de trabalhadores demonstra que a maioria são consequência do acúmulo de gastos supérfluos, e os menos, por problemas familiares.

Haver-se-á de ter também presente que sempre se acreditou que à medida que o salário aumenta, o favorecido deve aparentar ante suas relações um gênero de vida mais pomposo. Este é outro erro que depois tem que padecer muito pelos apertos.

Conceituamos, pois, que não existe o sentido da verdadeira colocação no critério de cada um; portanto, pensamos quão urgente é instruir ao operário e ao empregado sobre como pode e deve financiar seus recursos, a fim de que estes lhe sejam suficientes e ainda excedam suas necessidades.

Ao não chamar à realidade aqueles que constantemente se queixam de seus salários, continuarão produzindo-se as inevitáveis exigências e reclamações por aumento, com suas possíveis derivações em greves ou maus comportamentos.

Trechos extraídos do livro Coletânea da Revista Logosofia, tomo 5, p. 191

Carlos Bernardo González Pecotche
Enviado por Edlamar em 11/07/2013
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