EDUCAÇÃO DO CAMPO: Uma nova perspectiva para o desenvolvimento sustentável do país

RESUMO:

Por Joelma Moraes Silva

Ao nos referirmos a educação rural, automaticamente transportamos nosso imaginário para a precariedade, a miséria, a falta de oportunidades, para a falta de perspectiva de vida. A sociedade ainda que inconscientemente, discrimina o aluno do campo, isso é claramente perceptivel desde a designação do professorado até o repasse de móveis velos que já não servem mais para as escolas da zona urbana. Todavia, a contemporaneidade já não mais admite este fato, por esta razão é que se vem fazendo uma reflexão considerável a cerca do ensino realizado nas escolas rurais , já que o ideal seria valorizar o contexto ao qual o aluno está inserido, promovendo a este uma visão ampla de sua realidade, no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável, ou seja, dando significado real ao processo de aprendizagem deste aluno sem que este e suas famílias precisem migrar para outros lugares em busca de sobrevivência.

Palavras-chave: Realidade, Politicas Publicas, Educação, Sustentabilidade;

Tendo em vista a determinação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB 9.394/96 que institui dentro dos parâmetros o direito a educação igualitária e de qualidade para todos, percebe-se que há uma variedade de contradições entre o que está estabelecido e o que ocorre na atual realidade e o sistema educacional do nosso país.

O Brasil tem sido um pais marcado por exclusões e desigualdades sociais que considera atrasada a população que vive no campo por não terem acompanhado de forma rápida os avanços da “modernidade” urbana. Percebe-se, no entanto, que o repensar de nova concepção de educação de educação não está condizente com o que prioriza a lei, deve haver igualdade de direitos dos povos e a valorização do meio em que se vive.

Pode-se constatar que, os principais problemas existentes na sociedade têm deixado a zona rural à margem das esferas culturais, econômicas e sociais do pais e isso têm comprometido o processo educativo que seja, nos profissionais da educação, pais e estudantes do campo, contribuindo, assim para o aumento da desigualdade social onde há alto índice de analfabetismo, crianças, adolescentes e jovens fora da escola.

Entretanto, um novo papel para a escola do campo não se trata de um Brasil milagre metodológico, da participação ativa dos pais, nem tão somente de ideias mirabolantes, ou ainda do projeto político pedagógico nem da filosofia da escola, mas de uma política pública que dê suporte para todo esse conjunto de fatores essências buscando de fato priorizar a educação do campo, valorizando todo seu potencial disponível para toda sociedade e sua capacidade de transformação do meio.

A “carência maior na escola rural é justamente atrair novos olhares para a realidade camponesa, não aqueles de ”‘misera”,mas, os que conseguem ver além, através de novas práticas de ensino que respeitem as diversidades culturais e locais de uma ou outra comunidade. Diante disso, a partir das reivindicações feitas por parte das organizações e movimentos sociais que historicamente vêm lutando por essa educação de qualidade para todos os povos que vivem no e do campo dentre eles: os pequenos agricultores, os sem terras, os povos pescadores, assalariados rurais etc.

A união destas pessoas deu origem a instituição das Diretrizes Operacionais par Educação Básica nas Escolas do Campo, a aprovação dessas diretrizes representa um dos mais importantes avanços para uma construção de um Brasil conjunto, de um campo que faz parte do mesmo e que é imprescindível para a condução e transformação da realidade atual para uma realidade de integração de conhecimento, de desenvolvimento humano como também de favorecimento para a construção da identidade.

Sendo, portanto, um novo passo na caminhada de quem acredita que o campo e a cidade se complementam e que ambos possuem singularidade e pluralidade e que precisam ser compreendidos como espaços geográficos autônomos, mas, interativos mesmos que possuam indenidades culturais e modos de organizações diferenciados.

A implementação das “Diretrizes Operacionais para Educação Básica do campo veio firmar a necessidade de elaboração de políticas públicas voltadas para o resgate do lugar e do sujeito do meio rural, motivando o poder público federal, estadual ou municipal a cumprir as suas responsabilidades com relação à oferta educacional para as comunidades rurais, garantindo também a permanência da escola no campo para que as crianças, adolescentes e jovens possam frequentá-la sem ter de se deslocar para a sede, isto é, para a zona urbana.

A garantia da oferta da educação básica nessas comunidades e o compromisso por parte dos poderes públicos em investir de forma correta os recursos destinados às mesmas, facilitarão a condução do processo educativo. Salienta-se que quando se trata do campo é necessário antes de mais nada uma reorganização no sistema de ensino, pois, de nada valerá tal garantia se o que for transmitido em sala de aula não for condizente com a realidade local.

Por tanto, faz-se necessário uma proposta pedagógica e organização curricular voltadas para o respeito às diferenças, o direito a igualdade e a articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o desenvolvimento social e sustentável. Neste sentido, deve-se priorizar a estrutura escolar, o sistema de ensino e a regulamentação das estratégias especificas ao atendimento do campo, a flexibilização do calendário e o desenvolvimento das atividades pedagógicas em diferentes espaços.

É preciso, que aconteça de fato a estruturação de uma gestão escolar em parceria com todo poder público, visando o desenvolvimento de experiências e escolarização básica para uma educação profissional que direcione as atividades curriculares e pedagógicas em busca da sustentabilidade rural, sendo isto o ponto inicial para a construção de um novo projeto social.

As Diretrizes Operacionais para Educação Básica das Escolas seguindo o parecer e volto da relatora. Conselheira Edia de Araujo Lira Soares, e estão instituídos na resolução CNE/ n 1,03 de Abril de 2002. (Ver. P. 2 e 3).

O artigo III das Diretrizes e Operacionais para a Educação Básica nas escolas do Campo (2002) nos diz,

O poder público considerando a magnitude da importância da educação escolar para o exercício da cidadania para o desenvolvimento de um pais cujo paradigma como referência a justiça social a solidariedade e o diálogo entre todos, independentemente de sua inserção em áreas urbanas ou rurais, deverá garantir a universalização do acesso da população do campo à educação de nível técnico.

Constata-se, porém, que o acesso da população do campo na educação, restringe-se apenas ao que diz respeito a estrutura física escolar, uma vez que, o ensino os deixa à margem da sociedade pois a realidade local não é tida como principal referência no desenvolvimento da aprendizagem significativa para a vida pessoal, econômica e social de sua clientela.

Dessa maneira, toda projeção voltada a valorização do campo enquanto espaço que sustenta, torna-se fundamental pois, a luta pela terra e pela resistência de permanecer nela é que fortalecerá a ação em que consiste a educação do campo, defendida por alguns como o direito a uma população que busca constituir sua identidade a partir da realidade em que vivem. Segundo Arroyo (p. 143,2004) “ A identidade da escola do campo é defendida pela sua vinculação as questões inerentes à sua realidade ancorando-se no tempo realidade e saberes próprios dos estudantes”.

Nesta perspectiva, pode-se afirmar que, uma nova concepção de educação for constituída a partir de um novo olhar sobre o ser humano e suas potencialidades, o meio o qual está inserido e suas necessidades consistirão em avanços que proporcionarão a igualdade e o fortalecimento da identidade de um povo. E, a parceria e o apoio do poder público em estar propondo ações voltadas para melhorias, ou seja, políticas para educação do campo, fará com que a educação rural de nosso pais seja capaz de possuir habilidades de Conhecer, Analisar e Transformar a realidade existente em elementos de progressividade e auto sustentação econômica e social.

Referências Bibliográficas:

ARROYO, M. G. CALDART, R. S. MOLINA, M. C. Por uma Educação do campo. Petrópolis, RJ: vozes 2004.

BRASIL. Ministério da Educação e do desporto. Diretrizes operacionais para a educação básica nas escolas do campo. Brasília: MEC, 2002.

EDUCAÇÃO RURAL: sustentabilidade do campo/organização (de) Francisca Maria Carneiro Baptista e Naidison de Quintella Baptista – Feira de Santana, Ba: MEC: UEFS; (Pernambuco): SERTA, 2003.

VEIGA, José Eli. O Brasil rural ainda não encontrou seu eixo de desenvolvimento In: A face territorial do desenvolvimento. Belém: Anais. Dezembro de 1999.