A problemática do ensino de nível superior
Cerca de 21% dos alunos da rede superior de ensino desistem do curso devido ao enfrentamento de uma rotina mais rigorosa de estudos comparados ao ritmo do ensino médio. Em cursos como os de Matemática e Estatística este número sobe para 50%, revelando uma defasagem da autoestima do aluno. Isto se deve, também, muitas vezes, à falta de uma didática mais eficiente do professor, que detém o conhecimento, tem muitas vezes fluência em sua área, mas não sabe transmiti-lo aos alunos de uma maneira eficaz e compreensível, resultando em uma falta de didática por parte do professor. Muito se questiona o desempenho do professor de nível superior em face dos anseios dos alunos, principalmente os iniciantes, que já vêm do ensino médio com uma visão paternalista da educação. Algumas vezes a motivação, a diversidade e até a condição socioeconômica do aluno não são levadas em consideração, fazendo com que o processo educativo leve, muitas vezes, ao fracasso.
É errônea a visão de que bastaria ao professor possuir um alto nível de conhecimento e uma comunicação fluente para que houvesse uma eficiência no processo ensino-aprendizagem. É preciso, antes de tudo, se ter em mente de que o aluno faz parte do processo da aprendizagem também, deixando este de ser um passivo elemento no processo ensino-aprendizagem, passando, então, a ser um ser autônomo na elaboração, construção, desconstrução e reconstrução de seu conhecimento, fazendo com que ele, aluno, seja questionado, instigado, desafiado constantemente, a fim de tornar o alunado consciente de seu próprio papel no processo educativo. Neste caso, o professor teria o papel de mediador do trabalho educativo, dando condições para que o próprio aluno seja um agente de seu conhecimento, fomentador do processo estudo, pesquisa e extensão, colocando-o como centro do processo educativo. É de fundamental importância também que o professor se aproprie de novas tecnologias da comunicação e da informação, utilizando-se de recursos inovadores necessários, levando ao seu bom desempenho profissional, tornando as aulas mais motivadoras e interessantes aos seus alunos, resultando numa aprendizagem eficaz e satisfatória., tornando o aprendiz um agente e solucionador de seus problemas no cotidiano, consciente e bem preparado para o cada vez mais exigente mercado de trabalho. Para que isto aconteça, não só deve existir investimento no ensino de nível superior, como também em todo o processo educativo, desde as fases iniciais, como a pré-escola, aliado a políticas educacionais eficazes, levando-se em consideração a diversidade cultural, socioeconômica e regional dos alunos.
A Didática passou por vários conceitos e visões ao longo dos anos. Etimologicamente falando, a palavra Didática significa “a arte de ensinar”. A Didática, segundo Comenius (2009), que se utilizasse de recursos de maneira a atingir toda a eficácia desejada, proporcionaria um ensino eficiente e de bom resultado. O professor, neste caso, teria que se apropriar de recursos /ferramentas a fim de facilitar o trabalho em sala de aula. Já ao final do século XIX, tanto com Rousseau, Pestalozzi ou Herbart, a Didática fundamentava-se quase que exclusivamente na área da Filosofia. Ao final desse mesmo século, houve uma tentativa de fundamentação baseada na área científica e na psicológica alcançado pelas ciências do comportamento no fim do século XIX e início do XX.
O movimento da Escola Nova trouxe grandes contribuições ao campo da educação, uma vez que o professor deixa de ser o centro do processo educacional, passando a colocar o aluno como centro do processo ensino-aprendizagem, através do uso de jogos educativos.
A partir da década de 70 a Didática adquire um cunho instrumental, enfatizando uma pseudo-neutralidade vinculada ao âmbito científico e técnico. Neste caso, o ensino seria a transmissão de conhecimento e a aprendizagem seria o exercício ou a prática de uma matéria aprendida com a experiência, enfatizando o papel do aluno em tal processo.
Segundo Libâneo (2001), o processo ensino-aprendizagem seria uma atividade compartilhada entre o professor e o aluno, onde se constrói uma relação social efetiva atrelada ao saber estar consolidado, tornando o aluno um sujeito pensante e crítico, capaz de resolver seus próprios problemas em sua vida cotidiana.
Já a abordagem vygotskyana apresenta dois níveis de desenvolvimento: o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, sendo aquele que o aluno já é capaz de resolver ou fazer sozinho e este caracterizado por aquilo que o indivíduo é capaz de resolver através de um mediador, de um material pedagógico ou de uma estratégia didática.
É importante salientar que o professor deve, acima de tudo, preparar os alunos para sua vida social, levando-se em consideração sua diversidade cultural e socioeconomica, além de propiciar ao aluno um ambiente favorável às boas condições de ensino e aprendizagem, tornando-os seres autônomos, pensantes e críticos, proprietários e quiçá transformadores de sua comunidade e da sociedade.