A DOCÊNCIA SUPERIOR E A RELAÇÃO PEDAGÓGICA: UMA ABORDAGEM NO ENSINO SUPERIOR NO CURSO DE CONTABILIDADE
RESUMO
O presente estudo foi iniciado buscando explicitar a importância da Relação Pedagógica na formação do professor do ensino superior, essa abordagem foi correlacionada ao ensino superior em contabilidade com a finalidade de delimitar o tema da pesquisa. O trabalho desenvolvido sobre o assunto proposto foi baseado, somente, em referências bibliográficas. Na primeira parte procurou-se demonstrar algumas definições necessárias a cerca da Relação Pedagógica, em seguida objetivou-se esquematizar uma síntese, a qual propiciasse uma visão de como o ensino superior em contabilidade surgiu no Brasil. Após foi desenvolvido o tema a respeito da Relação Pedagógica procurando, com embasamentos de diversos autores, analisar a importância da didática no ensino superior. Para isso foram elaborados alguns tópicos julgados importantes, após a leitura de várias obras de diversos profissionais da área sobre o tema em questão. Os itens retrataram a cerca da formação do professor universitário; sobre a educação continuada na área contábil; a gestão sala de aula; e a relação professor-aluno. Esses tópicos aliados ás definições específicas e a síntese sobre o ensino superior em contabilidade proporcionaram um subsídio capaz de evidenciar a relevância da metodologia e didática na docência universitária, tais fatos tiveram o seu raciocínio concluído nas considerações finais desta monografia.
Palavras-chave: Formação docente. Relação Pedagógica. Ensino em Contabilidade.
ABSTRACT
The present study was initiated tries to explain the importance of Pedagogical Relation in teacher education in higher education, this approach was correlated to higher education in accounting in order to delimit the research theme. The work on the subject proposed was based only on references. In the first part we tried to demonstrate some necessary definitions about the Pedagogical Relation then aimed to lay out a synthesis, which propitiate a vision of how higher education in accounting emerged in Brazil. After the theme was developed about the Pedagogical Relation looking with basements of several authors analyze the importance of teaching in higher education. To elaborate some topics that were deemed important, after reading several works by various professionals on the topic in question. The items pictured about the teacher training college, on continuing education in accounting, managing the classroom, and the teacher-student relationship. These topics and allies aces specific definitions synthesis on higher education in accounting provided a subsidy able to show the relevance of the methodology and didactics in teaching university such facts had completed its reasoning in the final considerations of this monograph.
Key-words: Teacher training. Pedagogical Relation. Teaching in Accounting.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
2 DEFINIÇÕES 10
2.1RELAÇÃO PEDAGÓGICA 10
2.2 DIDÁTICA 12
2.3 METODOLOGIA 13
3 SÍNTESE DO PROCESSO HISTÓRICO DA CONTABILIDADE 15
3.1 O SURGIMENTO DA CONTABILIDADE 15
3.2 A CONTABILIDADE NO MUNDO MODERNO 18
3.3 A CONTABILIDADE NO BRASIL 19
4 RELAÇÃO PEDAGÓGICA 22
4.1. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO 22
4.2. A EDUCAÇÃO CONTINUADA NA DOCÊNCIA DA AREA CONTÁBIL 25
4.3. GESTÃO SALA DE AULA 27
4.4. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
1 INTRODUÇÃO
A cada dia aumenta-se a necessidade por profissionais qualificados no mercado de trabalho, e com isso surgem inúmeras instituições de nível superior no Brasil, seja presencial ou via distância. Segundo (DRUCKER 1999, p.54) “não se pode gerenciar as mudanças, somente estar à sua frente”. Como se pode perceber desta frase, é necessário que, em qualquer área, os profissionais sempre estejam à frente de seu tempo.
Com essa crescente necessidade associada à oferta, deve-se atentar quanto à qualidade do ensino, pois não basta ter docentes especialistas em uma determinada área de sua formação, é necessário que eles saibam transmitir esses conhecimentos, tem que haver uma boa metodologia de ensino e uma didática que sejam capazes de transmitir a informação do professor para o aluno.
O ensino superior tem como objetivo formar as pessoas para serem empreendedoras em sua área de atuação, e não simples profissionais em busca de emprego. Sendo assim, os institutos formadores devem ser vistos como centros capazes de habilitar profissionais. Entretanto, algumas vezes, esse princípio não é observado e tais centros são confundidos com meros prestadores de serviço, como em um mercado, onde o objetivo principal visa ao lucro ao invés da capacitação de pessoas. Essa primeira visão, princípio, que é a verdadeira função social dos institutos de ensino deve vir desde lá de baixo, no jardim de infância, e seguir até a pós-graduação (stricto sensu).
É fato que para uma educação de qualidade é necessário mais do que profissionais qualificados, tem que haver recursos materiais. Porém são os docentes os responsáveis principais para formação do aluno e suas qualificações devem ser voltadas, também, para a metodologia do ensino.
O objetivo deste estudo é analisar a função dos professores e alunos no processo de aprendizagem, para isto pretende-se sintetizar as políticas educacionais no Brasil na última década, do ano 2001 a 2011, voltadas para o ensino superior, e conceituar a relação pedagógica, conforme os principais autores, bem como sugerir possíveis soluções para melhoria na educação superior brasileira.
2 DEFINIÇÕES
2.1 A RELAÇÃO PEDAGÓGICA
Muitas pessoas, certamente, ao ouvir falar em “pedagogia”, logo pensam em se tratar de alguma coisa relacionada com crianças, ao ensino infantil, ou educação de jovens e adultos, o chamado EJA. Todavia, essas pessoas não estão erradas, mas a definição desse termo não diz respeito somente aos aspectos infantis ou a educação EEJA.
Segundo o Dicionário Houaiss (2001), “pedagogia“ significa:
1. Ciência que trata da educação dos jovens, que estuda os problemas relacionados com o seu desenvolvimento como um todo;
2. Derivação: por extensão de sentido. Conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar;
3. Tratamento de crianças ou adolescentes com dificuldades escolares;
4. Ciência que trata da educação e da instrução das crianças e adolescentes inadaptados;
5. Método pedagógico utilizado esp. na reeducação, educação especializada e na educação de adultos;
6. Profissão ou exercício do ensino;
7. (...)
O primeiro termo definido pelo dicionário faz referência ao conceito mais conhecido da pedagogia, a terminologia que se refere ao ensino infantil e de Jovens e Adultos. Percebe-se, também, que ele se refere ao tratamento de crianças ou adolescentes com dificuldades escolares e ainda a reeducação e educação especializada.
A abordagem a que este trabalho se refere é a derivação de pedagogia por extensão de sentido, onde, diz que é o “conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar”. Assim, sendo, abrange o foco deste trabalho que é a docência do ensino superior.
Esses, com certeza, são apenas os conceitos iniciais de pedagogia, ela aplicada a sala de aula deve haver múltiplas dimensões em sua prática. É necessário que envolva os elementos essenciais do aprendizado que são: professores e alunos. É importante, também, que haja uma adequada metodologia relacionada à avaliação, e que se estabeleça uma boa relação professor e alunos, além, e é claro deve ter a participação da instituição.
Para Ramos (online, 2012)
Por definição, a pedagogia seria um conjunto de doutrinas, princípios e métodos da educação; um ponto de encontro e de construção de metodologias visando possibilitar a transmissão e assimilação de conhecimentos. A pedagogia, sendo método, é um sistema de orientação, indicando caminhos para compor teorias, propostas de explicação para os fenômenos observados, levantando hipóteses, problemáticas e soluções.
A pedagogia deve ser vista como um conjunto de métodos de educação que busca solucionar fenômenos observados, levantando hipóteses e problemáticas, muitos conflitos existentes em uma sala de aula não se originaram ali, mas carregam consigo uma parcela dos acontecimentos fora do ambiente escolar, mesmo assim, a pedagogia faz frente a tais obstáculos com intuito de sanar a origem dessa situação, visando ao benéfico da educação do indivíduo e da coletividade, nessa visão a pedagogia sai do campo acadêmico e passa a se tornar um instrumento social, capaz de interferir no cotidiano das pessoas.
Veiga (1992, p.16) afirma que a prática pedagógica é na verdade uma dimensão da prática social e está inserida em seu contexto, além, de ser orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos. Freire (1996 p. 07) diz que: “Num momento de desvalorização do trabalho do professor em todos os níveis, a pedagogia da autonomia nos apresenta elementos constitutivos da compreensão da prática docente enquanto dimensão social da formação humana”.
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RAMOS, Fábio Pestana. CONCEITOS BÁSICOS EM TORNO DA DIDÁTICA. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/03/conceitos-basicos-em-torno-da-didatica.html> acesso em 31 de out. 2012.
Isto nos remete a conclusão de que a prática pedagógica deve nortear uma série de fatores na relação professor-aluno, e vai além do ambiente da sala de aula e é de capital importância que atinja níveis extra sala de aula, melhorando o aprendizado do aluno dentro da instituição e até mesmo no convívio com a sociedade.
2.2 DIDÁTICA
É comum ler ou ouvir falar sobre didática, e não são raras as vezes, onde, as pessoas a confunde com metodologia, essas duas, são tratadas como sinônimos ou têm invertidos os seus significados, mas é notório que ambas são utilizadas para se referir a um professor, que apesar do grande conhecimento adquirido em determinada área, apresenta dificuldades em transmiti-los aos seus alunos.
De acordo com Ramos (online, 2012)
Por definição, para se efetivar como método, a pedagogia precisa da didática, portanto, técnicas, conjuntos de procedimentos A técnica seria, justamente, a prática necessária para efetivar o método, compondo o domínio de procedimentos e instrumentos. Assim, a pedagogia diz aonde ir e por onde passar para tornar a educação efetiva, mas é a didática que permite transitar de um ponto ao outro para percorrer o caminho, constituindo puro conhecimento técnico em sentido estreito.
A didática está ligada a pedagogia, a primeira existe de forma subsidiária à segunda, ela estuda as formas de ensino em todos os seus aspectos práticos e operacionais. Ela é a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem, é quem traça as estratégias de ensino e ajuda a criar novas respostas aos questionamentos já existentes. ¹(Didática é uma seção ou ramo específico da pedagogia e se refere aos conteúdos de ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento).
Segundo Ramos (online 2012): A palavra didática deriva da expressão grega “techné didaktik”, o que pode ser traduzido por arte ou técnica de ensinar.
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¹Informação verbal obtida durante vídeo aula ministrada pelo professor: Hamurabi Messeder no site <httt:www.euvoupassar.com.br> acesso em 01 de set 2012.
Ela é uma ciência que envolve teoria e prática, que pesquisa e experimenta novas técnicas de ensino e sugere formas de comportamento a serem adotadas no processo da instrução.
Para Bella (online, 2012):
Como toda ciência, a Didática é aberta às novas descobertas que enriquecem o saber humano. Assim, a Didática contemporânea faz ver ao educador certos conceitos novos ou novas abordagens desses conceitos, por isso é sempre importante para o educador estar se reciclando, enriquecendo-se. No processo ensino-aprendizagem, em qualquer contexto em que se esteja inserido, é necessário que se conheça as categorias que integram este processo como elementos fundamentais para um melhor aproveitamento da aprendizagem.
A didática está para o bom professor como o mapa para o bom viajante, ou seja, é algo indispensável, visto que, ela assim como esse, estabelecerá qual o melhor caminho para determinado objetivo, definirá o meio e a trajetória mais adequados para cada situação e dentro de uma realidade traçará o modo mais eficaz e ao mesmo tempo mais eficiente, para a consecução dos seus trabalhos.
2.3 METODOLOGIA
A metodologia, assim como a didática, é a forma a de como o professor vai ministrar suas aulas. ²(São maneiras de organização de conteúdo e o modo como o professor ira expressá-las. No geral ao analisar a metodologia e a didática fica difícil a diferenciação. Mesmo existindo uma grande intersecção entre elas, não são a mesma coisa).
Segundo Matesco (2012). “Uma metodologia, por definição, significa o estudo dos métodos, ou “receita”, para as etapas a serem seguidas em um determinado processo, e são fundamentais para o desenvolvimento dos projetos [...]”. Enquanto a metodologia estuda os métodos a didática julga os seus valores no ensino, transformando-os em matérias de integração.
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²Informação verbal obtida durante vídeo aula ministrada pelo professor: Hamurabi Messeder no site <httt:www.euvoupassar.com.br> acesso em 01 de set 2012.
Com a didática pode-se transformar um currículo disciplinar em um currículo interdisciplinar, multidisciplinar ou transdisciplinar.
Metodologia é um campo que procura descrever, pesquisar e justificar os melhores métodos e técnicas de determinada área. Sendo assim, cada área tem a sua metodologia específica. A palavra “Metodologia de Ensino” está voltada para a área de ensino e procura descrever os melhores métodos e técnicas para que o ensino-aprendizagem possa ser desenvolvido com maior qualidade e motivação. Os métodos de ensino podem ser aplicados a todas as áreas tendo conceitos específicos para as diversas ciências em particular. Já as técnicas de ensino estão relacionadas sempre com a prática, ação em que o objetivo é a compreensão do ensino. (O QUE É...online, 2012).
A utilização da metodologia por parte do educador é de grande importância no processo de aprendizagem, visto que ela é a responsável por agrupar os melhores métodos de abordar um conteúdo para cada tipo de público, uma mesma matéria para um dado grupo de alunos deve ser trabalhada de forma distinta de outro, devido ao contexto social em que ambos vivem e ao grau de cultura em que eles estão inseridos.
Por exemplo, existem grupos de alunos que apenas a teoria basta para a compreensão do assunto, para outros é necessária a utilização de recursos práticos ou visuais. Neste exemplo, hipotético a metodologia se associa a didática, já que, esta é a parte prática e a primeira se refere a reunião dos métodos. Ela muitas vezes não é utilizada por alguns profissionais da docência, assim é possível que exista certa dificuldade não só por parte do professor como também dos alunos em fazer uma correlação entre o conteúdo e a metodologia.
Segundo Menegolla & Sant’anna (2001, apud CASTRO; Tucunduva; Arns, 2008, p.59). Metodologia:
Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos, técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o propósito de facilitar a aprendizagem. São, propriamente, os diversos modos de organizar as condições externas mais adequadas à promoção da aprendizagem.
Conforme essa citação e as demais trabalhadas neste tópico é possível observar que a metodologia, além, de ser atividades, procedimentos, métodos, técnicas e modalidades de ensino é primordialmente a adequada promoção da aprendizagem, que só pode ser feita se associados todos esses fatores.
Por meio deste estudo, pode-se perceber que não basta o docente saber que existe a didática e a metodologia, mas precipuamente distingui-las e saber aplicá-las, pois juntas nortearam o andar, o desenvolvimento da pedagogia e assim afetará não só dentro da sala de aula, mas também o convívio social, podendo trazer maiores benefícios para o aprendizado e para a vida dos indivíduos. É necessário que cada professor assuma um compromisso com a educação e coloque em prática os recursos intelectuais e práticos disponíveis, feito isto toda a sociedade será beneficiada.
3. SÍNTESE DO PROCESSO HISTÓRICO DA CONTABILIDADE
3.1 O SURGIMENTO DA CONTABILIDADE.
Para compreender melhor o atual contexto da contabilidade, faz-se necessário relembrar alguns fatos que marcaram sua história. Constata-se que a história da contabilidade é tão antiga quanto à própria História da Civilização. Está relacionada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. Conforme o comércio primitivo evoluía, mais se aumentava a necessidade e relevância de registrar as negociações e documentar o patrimônio e, esta necessidade se estendeu também aos governos. (MENDONÇA... online, 2012)
Segundo, Zanluca (2012, online):
A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C.
Segundo, Zanluca (2012, online): À medida que aumentava o patrimônio do homem primitivo crescia também a necessidade de registrar os valores, para não se perderem na memória e também para haver um controle da evolução do patrimônio. Os Babilônicos, Sumérios e Assírios, registravam suas contabilidades em peças de argila.
Conforme Sá, (1995, p. 63):
Uma das cidades arcaicas de Ur contém um inventário de cabras; algumas tabuletas de Fara têm como objeto de escrita os cereais e alguns outros diversos elementos. Entre as quais se dedicam aos vários objetos encontrados há as que se referem a: animais de carga destinados também ao cultivo da terra, divisão de terras alugadas, contas de pagamentos, contas dos inventários dos animais, contas de entradas e saída de metais e utensílios, contas dos bens consumidos ou sacrificados etc. Tais tabuletas, a fim de evitar adulterações, já tinham o "selo de sigilo" do templo, alcançando-se desta forma, mais uma fase de evolução no controle e mais um progresso nas administrações.
A época correta em que se iniciou a história da Contabilidade não há possibilidade para se estimar, visto que não há provas concretas para sustentar o seu surgimento. Por isso da divergência de alguns autores com relação ao início.
A opinião de alguns pensadores, e os aspectos por eles identificados, a respeito do surgimento da contabilidade são a seguir apresentados:
Melis (1950, p.3) destacou que a Contabilidade e sua principal e mais característica manifestação – a conta – é tão antiga quanto a civilização construída pelos homens. Dessa forma, a história da Contabilidade é, em certo ponto, uma consequência da história da civilização, sobretudo no campo econômico.
(IUDÍCIBUS 2006, p.35) cita que, em termos de compreensão da evolução histórica contábil, raramente o “estado da arte” ultrapassa o grau de evolução econômica, institucional e social das sociedades analisadas, em cada época. Para o autor, a produção das teorias contábeis e de suas práticas está associada, na maioria das vezes, ao grau de evolução comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações.
(SCHMIDT 2000, p.12) assevera que a Contabilidade se manifestou antes do homem desenvolver a civilidade. Assim como o homem progrediu, também a Contabilidade, necessária ao progresso da humanidade, perseguiu essa evolução. Para o autor, isso revela que, como outros ramos do conhecimento ligados à sociedade, a História do Pensamento Contábil é produto do meio social de seus usuários, em termos de espaço e de tempo.
(Sá 1997, p.16) lembra que a Contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela; talvez, por isso, quase sempre seus progressos coincidiram com aqueles que caracterizam os da evolução do homem.
De acordo com Silva (1959, p.11-12):
A Contabilidade nasceu na fúria dos negócios e até finais do século XIX, foi sempre feudo dos práticos, pois nunca mereceu atenção de pessoas com bastante saber e engenho bastantes para a tirarem do pântano do empirismo e das sistematizações precipitadas.
Para Zanluca (2012, online):
Na Bíblia existem passagens que se referem a contabilidade, no período do mundo antigo, pode-se citar (GÊNESIS, p.55 vs.41-49), onde no Egito, no tempo de José, houve grande acumulação de riquezas que se perdeu a conta do que tinham; (1º Reis p.370. cap.4. vers.22-26) e (1º Reis p.380 Cap.10. vers.14-17) os bens e as rendas de Salomão foram inventariados. O inventário tinha grande importância, pois a contagem era o método utilizado para controle dos bens e eram separados por grupos: Rebanhos, animais, escravos, etc.
Verifica-se, que a contabilidade se tornou uma necessidade para os povos antigos na contagem de seu patrimônio, ou seja, com a finalidade de registrar as transações comerciais, ou mesmo a troca de alimentos, animais, etc..., esse controle, com o objetivo de documentar o acréscimo ou a diminuição patrimonial que é a função da ciência contábil.
3.2 A CONTABILIDADE NO MUNDO MODERNO.
Luca Paciolo, Luca Pacciolo, Luca Pacioli ou Luca Paccioli. Pesquisando no site Google encontramos manifestações sobre os diversos sobrenomes como sendo da mesma pessoa. Mas, segundo o livro indicado pelo Conselho Federal de Contabilidade, seu verdadeiro nome era Luca Paccioli (*1445 †1517) e foi considerado o pai das partidas dobradas em uso na Contabilidade. Nascido em Borgo San Sepulcro, era conhecido como Lucas de Burgo, foi frade franciscano e famoso matemático do seu tempo. (FILHO, 2009, online).
Ao se falar no início da contabilidade, muitos logo pensam no Frei Luca Paccioli e no método das partidas dobradas que originou a contabilidade propriamente dita. É mister destacar que ele foi sem dúvida alguma um dos principais nomes da Contabilidade no mundo.
É importante ressaltar que a obra de Paccioli (1494) “Suma de Arithmetic Geometria et Proportionalitá” escrito em 1494, enfatizava que o débito e o crédito correspondiam a teoria dos números positivos e negativos, nessa obra o autor conceituava inventário e como confeccioná-lo, fazia referência, também, a registros de operações: aquisições, permutas, etc.; livros mercantis e como registrá-los; sobre contas em geral: como abrir e encerrar. (PACCIOLI (1494) apud CHERMAN, 2009).
Conforme Chernan (2009, online) Luca Pacioli não foi o criador da teoria contábil das partidas dobradas, pois o método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o século XIV. Porém a sua obra expôs essa teoria e trouxe outras informações, igualmente, importantes aos comerciantes, sistematizou a contabilidade e abriu precedentes para diversos autores escreverem obras de grande valia a respeito desse tema. Além disso, marcou o início da fase moderna da contabilidade.
Verifica-se que Zanluca (2009, online) sobre essa fase destaca outros três acontecimentos marcantes para o período, que são: A tomada de Constantinopla pelos Turcos em 1453, fazendo com que sábios bizantinos migrassem para Itália, onde ocorreu a formalização da contabilidade, nessa época instaurou-se o mercantilismo e as cidades italianas foram os principais interpostos do comércio mundial; A descoberta da América em 1492, e a do Brasil em 1500, representou um enorme potencial de concentração de riquezas para as potencias Européias, e fez com que a necessidade de estabelecer o controle das riquezas acumuladas no novo mundo gerasse um maior desenvolvimento dos registros contábeis; A reforma religiosa em 1517, estimulou os protestantes perseguidos na Europa a migrarem para as Américas e iniciar nova vida e consequente aplicação das técnicas contábeis adquiridas no continente Europeu.
Diante dos referidos acontecimentos nota-se que a Itália foi o principal berço da contabilidade moderna, e que se deve aos comerciantes dessa região a introdução da técnica contábil nos negócios, no século XIII, as escritas contábeis passaram a se tornar indispensáveis, pois refletiam os interesses dos credores, investidores e o controle dos empresários.
3.3 A CONTABILIDADE NO BRASIL
Conforme Lima (2012, online): A Contabilidade brasileira remota aos tempos do descobrimento de nosso País. Surgiu com a necessidade de apurar e controlar o acúmulo de riquezas na Colônia pelos Europeus. A vinda da família real portuguesa em 1808 aumentou a atividade comercial, necessitando, assim de um melhor aparato fiscal e de arrecadação nos Estados.
Para Furtado (1995 p. 94-5)
Não existindo na Colônia sequer uma classe comerciante de importância [...] resultava que a única classe com expressão era a dos grandes senhores agrícolas. [...] A grande agricultura tinha consciência clara de que Portugal constituía um entreposto oneroso e a voz dominante na época era que a Colônia necessitava urgentemente de liberdade de comércio.
Até então, a atividade comercial brasileira resumia-se à venda dos bens produzidos ao mercado internacional. Verifica-se tal fato nas afirmações de (PRADO JR., 1998, p. 11).
É a exportação desses gêneros [tropicais e metais], pois, que constituirá o elemento essencial das atividades comerciais da colônia. O mais dispor-se-á em torno dela, em dependência direta ou indireta, mas sempre efetiva.
Saes e Cytrynowicz (2001, p.37) e Martins et al. (2006, p.42) citaram as Aulas de Comércio no Rio de Janeiro e na Província do Maranhão, além de aulas de Ciências Econômicas. Para os referidos autores essas formas de ensino atendiam aos negócios públicos e privados, e foram usadas durante o Império. Nota-se então, a preocupação do governo imperial com o comércio local.
Outro marco relevante, no período, segundo Prado JR (1998, p. 154), foi a crise do regime escravocrata. O tráfico absorvera até esse século grande parcela de atividades, constituindo o maior negócio brasileiro na época.
Prado Jr. (1998.) mencionou que o país conheceu, pela primeira vez, um período financeiro áureo de grande movimento de negócios, isso porque o soberano português, ao prometer cooperar na campanha inglesa contra o tráfico, desviou recursos para outras atividades produtivas e impulsionou os negócios em diversas áreas.
De acordo com Iudícibus e Ricardino Filho (2002, P. 7-25) outro evento importante foi a promulgação da Lei nº. 1083, de 22.08.1860, considerada por eles como a primeira Lei das Sociedades Anônimas do Brasil. Esse quadro contribuiu para uma reorganização do ensino comercial, na década de 60 do século XIX.
Saes e Cytrynowicz (2001, p.41) mencionam que o governo Imperial identificou a necessidade de maior atenção à gestão dos negócios. Isso se traduziu na promulgação do Decreto nº. 3058, de 11.03.1863, que reorganizou o ensino comercial e definiu novos Estatutos para o Instituto Comercial do Rio de Janeiro.
No início do século XX as mudanças no País eram intensas. (FURTADO 1995, p.197-198) cita que:
A precária situação da economia cafeeira nas primeiras décadas do século XX afugentava desse setor os capitais que nele ainda se formavam. [...] Restringida a reposição, parte dos capitais que haviam sido imobilizados em plantações de café foram desinvestidos, e foram absorvidos por outros setores da economia, como o sistema comercial, de serviços e o bancário, e ainda mais pelo nascente sistema industrial. [...] o fator dinâmico principal, nos anos que se seguem à crise (de 29), passa a ser, sem nenhuma duvida, o mercado interno. O país passa por um período de inflexão de sua matriz produtiva, deixando de ser unicamente produtor agrícola para se industrializar. Esta mudança impunha ao país a modernização de seus serviços e a adequação de sua mão-de-obra, especializando-a.
Pode-se acompanhar um pouco mais da evolução do ensino contábil no Brasil verificando o que diz Vianna e Villela (2005, p.41). “O principal legado do período pós-Guerra, até a ascensão de JK, “[...] parece residir no reforço da industrialização baseada na substituição de importações e na continuidade do nacionalismo de cunho pragmático”.
Nesse contexto, por meio do Decreto-lei nº 7988 de 22 de setembro de 1945 surge o curso superior em Ciências Contábeis e Atuariais. Contudo para Iudícibus (2006, p.41), não foi este, ainda, o marco responsável para a implantação efetiva de um núcleo de estudo da contabilidade no Brasil, como segue:
Entretanto, foi com a fundação da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, em 1946, e com a instalação do curso de Ciências Contábeis e Atuariais, que o Brasil ganhou o primeiro núcleo efetivo, embora modesto, de pesquisa contábil nos moldes norte-americanos, isto é, com professores dedicando-se em tempo integral ao ensino e à pesquisa, produzindo artigos de maior conteúdo científico e escrevendo teses acadêmicas de alto valor.
Segundo Peleias et al (2012, online): Em 1985, o controle político volta aos civis. A partir de 1989 retorna a eleição direta para Presidente da República e, em 1994, inicia-se a estabilidade inflacionária, com o Plano Real. É nesse cenário que voltam a ocorrer mudanças no ensino superior de Contabilidade, em especial a partir da década de 1990.
Por meio dessa breve análise do processo histórico da Ciência Contábil no Brasil e no mundo, nota-se a relevância dessa Ciência para a sociedade percebe-se, também, que a evolução da contabilidade está atrelada aos fatos econômicos ocorridos. Sendo assim pode-se inferir que a profissão contábil não meramente a operação burocrática do aspecto tributário das entidades, atualmente é algo essencial para a gestão da empresa, essencialmente no que se refere a tomada de decisão.
4 RELAÇÃO PEDAGÓGICA
4.1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
Ser professor não é nunca foi e talvez nunca será fácil. Por muito tempo era esperado de quem trabalhava como professor, que fosse alguém inspirador, cheio de virtudes, uma pessoa que merecia o respeito de todos. Agora se espera que ele vá, além, que ele mude, também, o comportamento do aluno, que o ensine a pensar e a buscar o conhecimento, que o ensine a ser um pesquisador.
Para Freire (1996 p. 21)
[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inibidor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.
Deste modo, sabe-se que o professor tem um papel mais importante que o de confirmar ou não, que o de dizer certo ou errado às perguntas ou respostas do aluno. Conforme Snyders (1978, p. 341). “O professor é aquele que guia, que tem autoridade para guiar (...)”.
A profissão de professor não produz um resultado palpável e em muitos casos nem dá pra vê-los, haja vista, que a educação deve ser continuada, pode-se comparar a uma viagem longa, onde determinado veículo será conduzido por vários motoristas e nem sempre os primeiros condutores estarão no ponto de desembarque para ver o resultado de seus esforços. Mesmo porque esse desembarque não tem uma parada certa, visto que, o aprendizado é inacabado e não tem hora certa de parar.
Para Freire (1996 p. 21)
Na verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é própria da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento tornou-se consciente.
Apesar dessa característica de continuidade, ser docente é um ofício, que se aprende como os demais, que tem um conjunto de práticas definidas, não é uma profissão separada das outras, não é algo onde o professor é um profissional nato. Essa capacidade deve ser desenvolvida e aprimorada, assim como em outras áreas.
Os professores das séries iniciais de educação infantil e até mesmo do ensino fundamental, cursam uma graduação específica pra dar aula. Existem os cursos de pedagogia e agora, os cursos intitulados “Normal Superior”. E o professor universitário, como ele é formado? Será que haveria a necessidade de haver um curso em nível de graduação pra ser professor universitário?
Muito se tem discutido ultimamente a respeito da formação desse professor. Para lecionar no ensino superior, o candidato deve ter apenas um curso de especialização em uma área à sua escolha, não é necessário, portanto, formação em docência ou prática de ensino superior. Porém há que se notar, que é fundamental que o docente do ensino superior esteja preparado para lecionar nesta etapa importante na vida de uma pessoa, é no professor que o acadêmico se espelha, é nele que depositará toda a sua confiança e admiração. O professor deve, portanto, possuir competência pedagógica para o bom desempenho do cargo.
Segundo o Dicionário Aurélio (2001), “competência“ significa:
Faculdade que a lei concede a funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões;
Capacidade, aptidão;
Alçada, jurisdição;
Sendo assim, observa-se que ter competência é a aptidão para desenvolver determinada atividade.
Rios (2006, p. 46) afirma que:
O educador, enquanto profissional, enquanto trabalhador numa determinada sociedade, tem de realizar sua “obrigação” de uma maneira específica. O que compete ao educador? Ao perguntar isso, devo estabelecer o que se entende por competência.
Os trabalhadores de qualquer área que seja, devem desempenhar suas funções sempre da melhor maneira possível, de forma competente e compromissada, e com a carreira de professor não deve ser diferente, o bom profissional deve estar ávido por atualizações atento as transformações do mercado, deve saber que o desempenho de outras pessoas, que são os alunos, depende do seu.
Ao se falar de competência pedagógica do professor universitário, deve-se ressaltar a sua formação profissional. Deve-se analisar a formação deste profissional, além do aspecto do conhecimento percorrendo, também, o aspecto pedagógico.
Para Libaneo, (2008, p. 27): “A formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino”.
Esse comprometimento deve vir tanto por parte das Instituições quanto dos professores, pois o verdadeiro profissional da educação, seja ele do ensino da educação básica ou da educação superior, estará comprometido com a formação pessoal e profissional dos seus alunos, e a qualificação do docente, vai gerar resultados positivos ou negativos podendo formar assim cidadãos participativos e comprometidos.
Masetto (2003, p.14) entende que:
As carreiras profissionais também estão se revisando com base nas novas exigências que lhe são feitas, em razão de toda essa mudança que vivemos atualmente: formação continuada dos profissionais, bem como novas capacitações, por exemplo, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação, iniciativa, cooperação.
Portanto deve-se refletir sobre a necessidade imediata da revisão da formação acadêmica que se apresenta como um dos maiores desafios para a garantia da qualidade em uma universidade comprometida com a inclusão social e com a inovação. Neste sentido acrescenta-se às tradicionais funções universitárias de ensino, pesquisa e extensão a de incorporar nos projetos pedagógicos dos cursos a gestão do conhecimento como um desafio ao processo de aperfeiçoamento constante da formação inicial e continuada dos profissionais que as IES colocam a serviço da sociedade.
4.2 A EDUCAÇÃO CONTINUADA NA DOCÊNCIA DA ÁREA CONTÁBIL.
A educação continuada é um fator indispensável a todos os profissionais, independente da área em que atuam. Diante desta afirmativa se faz necessário que o professor se mantenha ainda mais atualizado, tendo em vista, que ele é o elemento de ligação entre a educação e o profissional que deseja se atualizar ou até mesmo entrar no mercado de trabalho.
A dinâmica do mercado exige aprendizado eficaz e contínua atualização, pois a cada instante aumenta-se o grau de competitividade. Neste contexto, que é global e exigente, onde há aceleração no aumento das informações, a contabilidade nos últimos anos ganhou destaque, visto que, está em andamento o processo de convergência das normas brasileiras de contabilidade aos padrões internacionais.
Para Antunes. et al. (2007, p. 03):
(...) o processo de globalização trouxe para primeiro plano a demanda por informações contábeis confiáveis e comparáveis para suportar a variedade de transações e operações deste mercado. Entende-se que, quanto maior a transparência, clareza e compreensibilidade das informações financeiras das empresas — qualidades primordiais às boas práticas de governança corporativa —, menor será o risco percebido por um investidor à sua aplicação de recursos e menor será o retorno exigido para o seu investimento, em benefício da redução do custo de capital das empresas.
Desta forma pode-se perceber que para o profissional de contabilidade é de capital importância a educação continuada face as transformações ocorridas a nível internacional e deste modo o professor da área não pode ficar fora do aprendizado contínuo.
Para Nascimento (2003, p.55):
A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade fundamentada na informação, no conhecimento e no aprendizado. É uma estratégia da sociedade para facilitar que cada indivíduo alcance seu potencial e para estimular cada indivíduo a colaborar com os outros em ações comuns na busca do bem gera.
Nota-se, que a educação está presente no alicerce da construção de uma sociedade na qual visa atingir ao bem comum. Diante disto o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) com a Resolução nº 1.377/11, objetivou normatizar a educação continuada individual de profissionais da área contábil, a fim de, alcançar um padrão de atualização do setor.
A resolução estabelece que o profissional de auditoria precisa de 40 pontos (40 horas/aula/ano) de educação continuada por ano-calendário. Pelo menos metade dessa pontuação deve envolver aquisição de conhecimentos, reciclagem e atualização.
Para Marion (1998, p. 20), a educação continuada deve ser um processo para toda a vida – permanente e vitalício, ou, pelo menos, durar enquanto o profissional estiver exercendo suas atividades profissionais.
Porto (2000, p. 12) afirma que:
Novas exigências se impõem ao ser humano, face às transformações epistemológicas, sociais e tecnológicas que produzem. [...] Portanto, [...] a formação continuada de profissionais e professores, e práticas pedagógicas não podem ser pensada de forma dissociada: torna-se necessário questionar, avaliar, resignar a relação formação/prática.
Não basta acompanhar as mudanças e tendências tem-se, também, que interagir com elas, por meio de indagações e levantamentos de mais de um ponto de vista, neste momento é notória a participação do docente, sendo que este é um facilitador no processo de aprendizagem.
Para Freire (1996 p. 12):
Não há docência sem discência, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem a condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém (...). Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar, maneiras, caminhos, métodos de ensinar.
Existem dois elementos necessários ao aprendizado: o professor e o aluno, e eles se revezam na arte da transmissão do conhecimento, o que está ensinando ao mesmo tempo aprende, pois vai buscar novas informações, que são adquiridas com a educação continuada, o que aprende, também, ensina ao indagar e questionar ou até mesmo em querer saber, fazendo com que o seu professor busque conhecimentos e se aprimore, além de ambos fixarem o conteúdo trabalhado por meio dessa dinâmica.
Levando em consideração o tema a respeito da educação continuada, pode-se, afirmar que o bom profissional deve estar em uma constante busca para o seu aprimoramento, e que o professor, além dessa obrigação é necessário que busque novas maneiras de aprender e de ensinar, de encontrar novas facetas para o aprendizado.
4.3 GESTÃO SALA DE AULA.
Ser um bom professor não é apenas ficar na frente da sala de aula com a caneta e o apagador nas mãos, ou então, simplesmente passar o conteúdo estabelecido em ementa, cumprindo a matriz escolar, ele é também o administrador da sala e dos recursos pedagógicos disponíveis. Essa função pode propiciar para os alunos um melhor aprendizado.
Para Vilela (2012, p.01):
A gestão na sala de aula refere-se ao gerenciamento do espaço, e recursos utilizados para promover a aprendizagem efetiva, dando condições para construir junto com o aluno o conhecimento, através da significação que o objeto de aprendizagem tem para a realidade do cotidiano do aluno, modernizando as práticas educativas e conseguindo com que o aluno que administre a informação [...]
Conforme citação anterior, onde diz: “A gestão na sala de aula refere-se ao gerenciamento do espaço, e recursos utilizados para promover a aprendizagem efetiva [...]”. Para o autor o professor, neste contexto, trabalha como mediador da aprendizagem e tem um papel fundamental na condução e organização dos trabalhos para a promoção da aprendizagem efetiva.
A gestão escolar não diz respeito, apenas, ao diretor da instituição. Segundo Mello (2012), esse conceito abrange, também, os demais profissionais da área da educação. É necessário que se deixe para trás a postura antiga de que o professor é pago só pra dar aulas como se fosse um serviço automático.
Mello (2012) comenta que:
Tem-se observado profissionais que atuam na educação pública com os mais diversos modos de ser, de pensar, de agir, com ideias tão particulares, tão arraigadas em sua postura pedagógica, que não abrem mão daquilo que acreditam ser a melhor forma de “dar aulas”. Este é o conceito mais veiculado em nosso meio: “dar aulas”. E o que é dar aulas, senão uma concepção de educação onde o educador é o único detentor do conhecimento, soberano na sala de aula, pois acredita que se o aluno conversar ou se mexer na carteira, não irá aprender.
Nota-se, que ainda existem educadores que possuem a concepção antiga de como dar aula, todavia, se faz necessário, que estes se atualizem e adote a concepção da gestão sala de aula, esta traz consigo, recursos didáticos, como a utilização de tecnologia, otimização de recursos, ou seja, melhor uso, dos materiais disponíveis. Em geral é a condição que vai possibilitar maior acesso aos recursos pedagógicos com fim de facilitar a aprendizagem.
Segundo Mello (2012, p.01):
O papel de gestor passou a ter importância em todos os segmentos da educação. Com um conceito mais amplo, a gestão escolar passa a fazer parte das atitudes de todos que atuam na educação. Cada educador tem um papel importante a desempenhar junto ao aluno, nas suas relações pessoais e interpessoais, demonstrando a sua concepção de Gestão Escolar.
Conforme a citação anterior: Mello (2012) “[...] Cada educador tem um papel importante a desempenhar junto ao aluno, nas suas relações pessoais e interpessoais [...]”. Isto nos mostra que a relação do professor com aluno deve ir além da sala de aula, pois o educador deve analisar o meio em que o educando vive, para daí então, traçar o perfil de suas aulas e estratégias voltadas para aquele público de alunos.
Para Vilela, (2012, p.01):
Atualmente, a investigação sobre gestão e organização de sala de aula se faz não só sobre o modo como a ordem é estabelecida e mantida, como também sobre os processos que contribuem para o seu estabelecimento, tais como a planificação e organização das aulas, o uso e a distribuição de recursos, os estabelecimentos e a explicitação das regras, a reação ao comportamento individual e de grupo, o enquadramento em que esta é atingida.
Diante do exposto na citação de Vilela (2012) e dos demais autores abordados neste tópico, pode-se entender que a gestão sala de aula, hoje em dia é uma realidade que é de fundamental importância para aplicação de recursos pedagógicos. Nesse processo de gestão escolar o educador vai analisar o meio em que os alunos vivem para aplicar uma linguagem e um modo de ministrar suas aulas conforme a situação em que vivem.
A gestão envolve o modo como o professor vai empregar os meios didáticos disponíveis, como ele vai usar sua criatividade para envolver os alunos no processo de aprendizagem, fazendo com que eles aprendam com suas experiências e não por meio de decorar o conteúdo.
A gestão sala de aula, aplicada corretamente, ajuda o docente a se policiar quanto à maneira como ele esta se organizando, planejando suas aulas, utilizando os recursos fazendo com que melhore o seu desempenho como profissional, e consequentemente facilitando o aprendizado aos alunos.
4.4 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO.
Ao entrar em uma sala de aula muitos alunos e/ou até mesmo determinados professores não se perguntam o real motivo de estarem ali. Outros até mesmo chegam a afirmar que tudo se trata de uma questão de conseguir um diploma e procuram cumprir a carga horária e a ementa de qualquer jeito sem nenhum compromisso efetivo.
Com isso não interagem com os demais colegas de turma ou com os professores, ou este com aqueles. É importante traçar certo grau de relacionamento no ambiente escolar, docentes e discentes conviverão meses ou anos juntos em busca daquela formação.
Para Alves (2004, p.03):
As pessoas que frequentam a sala de aula devem fazer dela um lugar agradável, onde se tenha a liberdade de todos darem a sua opinião, debater sobre assuntos da atualidade, construir uma visão crítica e por que não, achar soluções para os problemas da nossa sociedade?
Conforme se pode notar nas palavras do autor, a sala de aula deve ser um lugar agradável, onde as pessoas reúnem-se com objetivos de aprender não somente para ostentar determinado diploma, mas também, com o fim de obter uma nova visão sobre a matéria ou quem sabe solucionar problemas de nossa sociedade aplicando o objeto de estudo em nosso cotidiano.
Na abordagem de ensino Tradicional o professor era o detentor supremo do conhecimento e o aluno tinha que aprender mesmo que não quisesse, ainda que a forma abordada desse conteúdo não fosse aplicável a sua realidade.
Segundo (BELOTI; e FARIA, 2010, P.02):
Muitas escolas ainda seguem essa abordagem, no entanto, a nossa LDB é bem clara quanto às mudanças. O conhecimento é considerado uma construção contínua. A educação resume-se em provocar situações de desequilíbrio para o aluno, adequado ao seu desenvolvimento, para que ele aprenda a interagir nessa situação.
Isso significa que a escola deve instigar o aluno ao aprendizado, fazer com que ele se interesse com que se relacione com professores e demais colegas. O ensino não deve ser algo centralizado no professor, este tão somente deve ser o facilitador do aprendizado, deve ser alguém no qual os alunos se espelham e se sintam estimulados. O conhecimento é adquirido segundo o autor com a interação do aluno com a solução dos conflitos apresentados.
Para Freire (1996 p. 12):
Não há docência sem discência, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem a condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém (...). Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar, maneiras, caminhos, métodos de ensinar.
As palavras de Freire (1996) significam que a relação professor aluno é um diferencial no processo de aprendizagem, pois um aprende com o outro daí a importância de estabelecer uma harmonia na relação.
Para Alves (2012): “A reciprocidade, simpatia e respeito entre professor e aluno proporcionam um trabalho construtivo, em que o educando é tratado como pessoa e não como número, ou seja, mais um”.
A relação adquirida na sala é de fundamental importância para a educação, pois a aula pode se tornar mais dinâmica e o aluno ao se sentir à vontade com o professor obterá mais proveito, já que estará mais aberto ao aprendizado. Porém deve haver um limite nessa relação, cabe ao professor ponderar a afinidade para que não se torne algo excessivo. Contudo se a relação professor-aluno estiver aberta ao diálogo proporcionando mais liberdade para questionamentos sobre o que se está aprendendo, certamente teremos um ambiente com maior nível de aprendizagem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.
As Instituições de Ensino Superior (IES) procuram lançar profissionais no mercado de trabalho, para atuarem em suas respectivas áreas de formação, porém, logo após se formarem alguns decidem atuar na docência e muitos não chegam sequer a trabalhar na parte prática para as quais dedicaram alguns anos de suas vidas em uma Faculdade ou universidade. Outros após algum tempo desenvolvendo suas atividades práticas optam por dar aula e ajudar a formar novos profissionais para o mercado.
As maiores dificuldades que os professores encontram na docência, principalmente no início da sua carreira profissional, é a falta de experiência quando entram pela primeira vez numa sala de aula, isso porque os cursos de nível superior em geral não são voltados para formar professores, diferente do que ocorre, por exemplo, em uma faculdade de Pedagogia, ou outra formação para trabalhar na educação básica, onde o profissional estuda especificamente para contribuir na formação de outras pessoas. Acredita-se que é necessária uma maior atenção quanto às relações pedagógicas por parte dos docentes e demais profissionais ligados à educação, e não apenas com o conteúdo a ser ministrado em sala de aula.
Para isso, a solução não está ligada diretamente em os professores buscarem uma formação específica de docência, quer em nível de graduação ou especialização, já que conforme visto neste trabalho tal fato não seria garantia de sucesso, sendo que, todas as profissões estão sujeitas a erros e falhas e os profissionais sujeitos a aprenderem com esses erros. Todavia, é importante notar que, em outras palavras, conforme diz Perrenoud (2001) o fracasso do professor não é fracasso do aluno, mas o fracasso do aluno é também do professor.
Espera-se que os docentes busquem uma educação continua embasada em competências e práticas pedagógicas e que sejam, sobretudo atuais e capazes de atender as expectativas do ensino superior, pois este passa por um processo de expansão e tal fato exige do professor adequação metodológica ao contexto. Deve-se buscar um ensino não técnico apenas, mas de um conhecimento em construção que traga em seu escopo comprometimento político, valores éticos e morais, para fazer frente a essas mudanças e contribuir não apenas para a capacitação profissional, mas também, para a formação da pessoa humana.
Para o professor universitário em Contabilidade essas exigências, atualmente, se ampliam, pois a expansão educacional referenciada aqui, além do contexto abrangente para todas as áreas do saber, se delimitam, também, a questão contábil, pois esta área passa por um processo de convergência aos padrões internacionais de contabilidade.
Com o intuito de conseguir ministrar sua disciplina mesmo com tais mudanças não basta que o professor se mantenha atualizado e acompanhe as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade ou outro órgão responsável. É necessário que o docente absorva tal conteúdo e busque uma maneira facilitada e clara para transmitir esses conhecimentos aos seus alunos.
Alguns alunos de Contabilidade se deparam com a contradição do que aprenderam no início de seu curso superior com o que mudou no decorrer dele e tendem a ficar um pouco perdidos, por isso, às vezes pode se tornar imprescindível, até mesmo, que o professor saiba lidar com a questão da interdisciplinaridade, haja vista, que pode ser necessário entrar no bojo de alguma disciplina que já foi ministrada por outro profissional para contextualizar o que eles aprenderam com o que está vigorando e como tudo isso afeta no que está sendo ministrado em sua disciplina atual.
Conforme foi visto nesta obra a Contabilidade no Brasil passou por várias fases até ser reconhecida como uma profissão que exige formação específica. A Ciência Contábil propriamente dita em seu contexto global conforme explorado neste, sempre esteve presente na sociedade, foi visto aqui a sua relação desde os primórdios com os homens da caverna, onde registravam os seus bens. Com o passar do tempo essa ciência foi se tornando mais essencial na vida das pessoas no mundo moderno ganhou ênfase com os trabalhos desenvolvidos pelo Frei Lucca Paccioli e no seu contexto brasileiro tomou proporção com a vinda da família real portuguesa para o Brasil e no mundo moderno está cada vez mais presente nas transformações econômicas impulsionadas com a globalização.
Feito um breve contexto a cerca dessa área acadêmica verifica-se a sua essencialidade no cotidiano das pessoas já que interfere no contexto econômico, sendo assim é de capital importância, a formação dos profissionais em Contabilidade, e os responsáveis por isso não são apenas os docentes, mas estes são os que têm o contado direto com os discentes e a maneira como conseguem transmitir o conhecimento, certamente, contribuirá decisivamente na vida profissional desses.
Contudo existem questões externas à sala de aula, que devem ser consideradas, pois são essenciais para a formação dos alunos, que embora não estejam diretamente dentro das salas de aula refletem em seu resultado, como por exemplo: a remuneração salarial dos professores e valorização do profissional docente, políticas educacionais, motivação dos alunos e oportunidades oferecidas a eles. Tudo isto nos remete à questão do ensino, inclusive da aprendizagem da relação, da convivência, a cultura do contexto e da interação entre os componentes de um grupo – “professor-professor, professor-aluno, aluno-professor e aluno-aluno”.
Pode-se concluir que embora o currículo escolar, em sua maioria seja voltado para a parte prática da área em que o aluno pretende se formar. Tal fato deve ser encarado e acompanhado por uma educação continuada por quem pretende lecionar, visto que, muitas vezes é trabalhoso incluir práticas pedagógicas em um currículo educacional que já está cheio de conteúdo e que, no entanto, aborda apenas o básico de sua área profissional. É fundamental que os atuais e os futuros profissionais da área da educação percebam a importância de aprimorarem os seus conhecimentos a cerca da relação pedagógica que envolve as práticas docentes. Estas atitudes podem ser algumas que colaborem para que tenhamos uma sala de aula mais dinâmica e participativa e uma educação superior de maior qualidade em nosso País.
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