Existe solução que não passe pela educação?
São tempos sombrios. Profissionais de outros países estão prestes a ver facilitados os trâmites para ingresso e livre atuação em nosso país.
Como sempre, partimos para soluções paliativas para problemas estruturais. E não são poucos os exemplos.
Pagamos impostos extorsivos com o intuito de sustentar uma máquina inchada e incompetente. Pagamos sempre duas ou três vezes pelo mesmo serviço e continuamos desassistidos. Pagamos impostos para dispor de escolas de qualidade, saúde de qualidade, segurança e continuamos pagando por escolas particulares, planos de saúde privada (que nos atendem tão precariamente quanto a saúde pública) e pagamos por seguranças em nossas casas (grades, muros, sistemas de monitoramento, vigilantes particulares). Discutimos a possibilidade de reduzir a maioridade penal, mas não nos aprofundamos na discussão dos fatores que levam crianças, cada vez mais novas, a entrarem no mundo do crime. Importamos profissionais de outros países, mas não discutimos os motivos pelos quais existem poucos profissionais qualificados em nosso país, nem por que os que existem se negam a prestar serviços em cidades do interior do país.
Pagamos auxílio reclusão (que pode chegar à R$ 971,78) para dependentes de presos em regime fechado, com dinheiro do contribuinte, enquanto alguns países obrigam o preso a trabalhar para custear sua "estadia" no sistema prisional. Por outro lado, o sistema prisional existente serve apenas para alimentar um sentimento de revolta e abandono, não sendo condizente com a real proposta que deveria ter: ressocialização.
Se o país prefere importar profissionais de outros países, ao invés de investir no trinômio formação/qualificação/remuneração, é fácil entender os motivos de todos esses problemas estruturais.
É claro que estamos falando de forma simplista e resumida, mas não há dúvida que TODOS esses problemas relatados têm início em ponto que requer investimentos de longo prazo: EDUCAÇÃO.
Com o tipo de investimento que temos no setor da Educação e nos profissionais da área, estamos fadados ao colapso. Nosso investimento em educação é baseado em estatísticas e não em qualidade. Mais de noventa por centos de nossas crianças estão matriculadas. A qualidade da educação recebida é que deve ser posta em xeque.
O Brasil investe 1,16% do PIB em inovação, enquanto a média mundial é de 2,3% segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com a qualidade de ensino que temos é impossível desenvolver tecnologias e processos que nos levem a uma evolução forte o suficiente para garantir nosso crescimento global.
Mais de 70% dos alunos matriculados no ensino superior estão universidades privadas. Seja por sustento próprio ou por financiamentos governamentais. O sucateamento das universidades públicas é escancarado e pouco debatido.
Não enxergo outra solução senão o investimento maciço em educação em todos os níveis.
Alguém arrisca uma previsão de quando isto vai acontecer?