Ausência escolar dos alunos e professores às aulas: um problema para a aprendizagem.
Maria José Rocha Lima - Zezé
Assim como falamos da importância da frequência plena dos alunos às aulas, precisamos falar da frequência plena do professor dizendo a cada um deles: a falta que faz falta.
Quando falamos da frequência do aluno correlacionada com a aprendizagem, igualmente a frequência do professor está fortemente correlacionada com a aprendizagem do aluno. Sobre as faltas de professores é fundamental uma discussão profunda.
A turma, constituída de professor e alunos, é como um corpo: quando falta um, dá-se alegoricamente um corte num dos seus membros e o corpo sangra.
A falta do professor pode estar relacionada à sua autoestima. Será que o professor não estaria se sentindo tão desvalorizado, tão pouco confiante no seu trabalho, que estar ou não em sala de aula parece não fazer ou fazer pouca diferença? Ledo engano do professor: aquele vínculo necessário à aprendizagem, aquela presença que possibilita a construção da identidade do aluno e ao pertencimento a uma turma só acontece se houver frequência dos alunos e dos professores.
Quantos não desistiram algum dia de um curso por causa das faltas de um professor? Às vezes, estamos ali com muito sacrifício, estamos por um fio, decidindo, medindo o sacrifício. E é aquele dia sensível, o dia D, que a falta do professor poderá nos fazer abandonar para sempre a sala de aula.
Isso acontece também com alunos em estado de vulnerabilidade. Por outro lado, a sequência do trabalho e a formação de conceitos exigem continuidade, a aprendizagem da responsabilidade, da solidariedade, do sacrifício pelo outro, sacrifício pela aprendizagem.
É da psicopedagoga argentina Sara Pain a afirmação de que “toda aprendizagem implica em sacrifício”. As justificativas dos docentes são muitas, mas o prejuízo ao aluno é inevitável. O aluno, além das perdas dos conteúdos técnicos, acumula perdas dramáticas, sentindo-se desprestigiado pelo professor. Devemos pontuar, ainda, que a falta aos compromissos ou a impontualidade no Brasil tem não apenas aspectos relacionados ao compromisso, à competência técnica, mas aos aspectos culturais.