Paradoxo ou Incoerência

O primeiro dito popular que caracteriza um paradoxo ou uma incoerência vem ainda dos tempos da minha avó. Ela assim dizia: “casa de ferreiro, espeto de pau”, para quem agia contrariamente ao seu dever de ofício.

Hoje, vemos, com certa habitualidade, notícias em jornais ou televisão, que nos deixam estupefatos. O policial, que nos deve proteger, sendo o próprio assaltante. O juiz, que deve zelar pelo cumprimento da lei, sendo o próprio transgressor. O padre, que prega os bons costumes, sendo o pedófilo. Enfileiraríamos aqui um grande rosário enumerando as contradições que vemos em nosso dia a dia. Aquele a quem caberia combater a corrupção, sendo o próprio corrupto. E, quando nos mostramos indignados com esses procedimentos, às vezes ouvimos as mais farrapadas desculpas, como: “não adianta remar contra a maré, isto existe desde que o mundo é mundo, faz parte da índole do ser humano”.

Então, não se deve pensar em mudanças?

Se a educação significa a aquisição de bons hábitos, já é tempo de fazer valer o seu próprio conceito.

Estuda-se, qualifica-se, pós-graduação nisso ou naquilo, mestrado, doutorado, e na hora de exercer seu cargo ou função, faz tudo em desacordo com as normas vigentes. Eis aí o grande paradoxo. É hora de o homem adequar-se aos bons costumes, ao que comumente chamamos de “retidão de caráter”, a maior riqueza do cidadão de bem.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 04/05/2013
Reeditado em 06/05/2013
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