Uma aluna especial em uma sala de aula regular

Introdução

As minhas observações sobre um aluno especial foram feitas na Escola Municipal Pref. Manuel de Holanda Cavalcante, localizada na Rua 34 s/n –Cohab- Bela Vista- Vitória de Santo Antão-PE. A inauguração da mesma deu-se em 04 de abril de 1984. Sua clientela é composta, principalmente, pelo pessoal que reside ali na comunidade.A escola tem uma proposta pedagógica seguindo os princípios fundamentados na LDB – Leis de Diretrizes. A avaliação acontece periodicamente, através de provas escritas, trabalhos e a participação dos educandos nas tarefas apresentadas pela escola. As atividades pedagógicas são realizadas através de aulas, inclusive, aulas extraclasses, palestras, eventos cívicos e outras atividades educacionais e pedagógicas. E a proposta pedagógica da escola é desenvolver com os docentes um ensino-aprendizagem, voltado para as necessidades reais dos seus alunos e da comunidade em que eles vivem. Portanto. Foram esses os motivos que me levaram a fazer as minhas observações nessa referida escola sobre um aluno especial. Nesse caso, trata-se de uma aluna com deficiência mental. O fato de eu já conhecer bem aquele ambiente escolar, saber das eficiências e das deficiências, do empenho dos seus funcionários, enfim a atuação do grupo, em se tratando do acompanhamento pedagógico dispensado aos alunos que ali estudam. Foi durante o meu estágio supervisionado, obviamente feito naquele estabelecimento escolar que tomei conhecimento dessa realidade; como também o fato de que haveria uma aluna especial estudando em um a sala de aula para alunos normais. A execução dessa tarefa foi um tanto complicada, porque requer do observador muita paciência, pois cada detalhe é importante para conhecer a situação a qual aquela aluna especial está inserida. E como aquele ambiente escolar já me era conhecido, eu fiquei mais a vontade para a execução dessa atividade.

Desenvolvimento

Hoje é a minha primeira aula em que estou acompanhando o comportamento de um aluna especial em uma sala de aula para alunos normais. Como será a sua postura, nas questões pedagógicas e a sua relação com o restante da turma. Levei um caderno para as anotações , caneta, etc. A referida aluna tem 13 anos de idade e curso o 5º ano .É o único aluno especial da turma. A sala é muito pequena e abafada, isso obviamente dificulta os profissionais no que diz respeito ao desenvolvimento de uma educação de qualidade. A aluna que vou observar , segundo a professora, e de acordo com os especialistas tem deficiência mental. Em outras palavras, ela tem uma idade mental bem aquém da idade cronológica. Ela tem dificuldade em assimilar os assuntos que são repassados na sala de aula, e a professora ressaltou a dificuldade que é trabalhar com um aluno especial, disse que é necessário ter uma atenção maior com ela .Para Maria Tereza Mantoan,(1988) no geral, os professores são bastante resistentes às inovações educacionais, como a inclusão, A tendência é se refugiarem no impossível, considerando que a proposta de uma educação para todos é válida, porém utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos e nas circunstâncias em que se trabalha, hoje, nas escolas, principalmente nas redes públicas de ensino. No entanto, é perceptível o esforço da professora para conseguir essa inclusão, Embora não haja uma metodologia definida, porém na disciplina de Matemática, que será a aula de hoje, a professora procura apresentar situações através de uma forma de tabela e jogos que facilitem o aprendizado da referida aluna .E enquanto a turma fazia um exercício de maior dificuldade, a professora usou um metodologia diferente para aluna especial, porém, o restante da turma também acompanhava essa tarefa. E pelo que pude constatar esse método funcionou muito bem. Ela resolveu as operações, principalmente, adição, e em um curto espaço de tempo .A relação da aluna especial com o restante da turma não das melhores. Ela se fecha em si, diz a maioria dos seus colegas, e evidentemente essa situação, não permite que se crie um clima de coleguismo A aluna especial tem pouco contato com a comunidade escolar .Eu perguntei para alguns alunos o porquê desse afastamento da aluna , desse isolamento. Houve meninas que disseram que tentaram uma aproximação com ela, mas , elas disseram que é muito difícil. Perguntei também para os meninos, e eles disseram a mesma coisa. A aluna especial não gosta de brincadeiras, de conversar com os outros alunos. Essa foi a explicação que me passaram. Porém, há uma menina que senta- se na banca próxima a dela, que vez por outra, consegue um pequeno diálogo. Em toda caso, eu percebi um respeito muito grande da classe para com a menina especial. Ao término da aula o seu pai veio buscá-la na escola. Na minha segunda observação, a aula é de Geografia. Na minha opinião , foi mais complicado . A professora se esforçava muito para explicar a aluna especial o conteúdo, sem perder a essência, como também percebi ,que alguns alunos estava demonstrando uma certa irritação , devido a repetição do assunto que para ele , e claro, para a maioria da classe não era difícil. Era perceptível que eles queriam avançar no assunto. Enquanto a professora voltava para a explicação inicial, pois a menina especial não conseguia entender as situações que os conteúdos daquela disciplina apresenta. E após muitas tentativas, a aluna especial conseguiu compreender alguns tópicos-poucos- que ela havia assimilados. Convém dizer que a aluna especial nessa disciplina ficou muita aquém do restante da classe. A professora disse para mim que é muito cansativo, desgastante, Porque se trata de dar duas aulas ao mesmo tempo. Uma aula para a aluna especial e a outra aula para o restante da turma. Em se tratando do mesmo conteúdo. E isso, sabemos, é uma tarefa muito difícil. Na terceira observação, a aula foi de História, e o clima não foi deferente da aula anterior. Há, por parte da aluna especial muita dificuldade em entender os conteúdos. A mesma situação. Dessa vez, algumas colegas procuraram ajudá-la, propondo formar um grupinho para estudar com mais tranquilidade os tópicos daquela disciplina. Mas mesmo com a falta de capacidade da aluna especial para assimilar as informações que aquela matéria contém, ela conseguiu assimilar algum coisa. Ela, as vezes , memorizava uma data, ou um acontecimento, no entanto, em poucos minutos ela esquecia, e era preciso rever o assunto. Mesmo assim, acredito eu, que uma sala de aula de alunos normais pode proporcionar melhores condições de aprendizagem para uma aluno especial. Embora sala de aula que eu observei os alunos tem uma maior rapidez em avançar nas tarefas que a professora aplicou, e isso pode até torna-se uma situação desagradável devido ao lentidão na aprendizagem da aluna especial. A quarta aula foi de Arte. Nessa aula a aluna especial teve um comportamento que se pode dizer um pouco diferente das aulas anteriores. Recortar desenho e colori-lo foi a tarefa da aluna especial, e juntos com outros alunos da classe. A aluna especial estava mais vontade, e recebendo ajuda dos seus colegas. A tarefa foi concluída até com uma certa rapidez. E pude perceber no seu semblante suave um alegria, a alegria do dever cumprido. Essa aula , disse a professora é muito importante , em todos os aspectos , tanto no sentido da aprendizagem artística como também na questão da interação. É o único momento naquela sala de aula em que aquela menina sente-se a vontade para participar das atividades, no caso, essa aula de arte. Como já ouvimos falar a arte tem uma finalidade curativa; e na pedagogia, a arte também tem o seu papel. O ensino da arte vem sendo visto como, não apenas como divertimento, mas como algo didático que pode colaborar muito na aprendizagem. Portanto, essa foram as minhas quatro observações que fiz de um aluna especial. Quero também registrar a falta de estrutura física da sala de aula para atender as necessidades de uma aluno especial. A professora revelou que não dispõe de material para ser trabalhado na sala de aula. Mesmo tendo solicitado, por várias vezes ao pessoal da área de educação. Foram essas as situações que eu pude constatar no acompanhamento de uma aluna especial em uma sala de aula. Vale lembrar novamente Maria Tereza Mantoan,(1988) O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela sua lógica, pela ética de seu posicionamento social.

Considerações Finais

O sistema educacional brasileiro, atualmente, estar tendo como um dos objetivos a inclusão escolar. O princípio fundamental desta política é de que a rede pública regular deva atender a diversidade do alunado, isto é, todos os que se encontram excluídos do ambiente escolar. Nesse caso uma aluna com deficiência mental. Alunos considerados deficientes, tanto físicos, visuais, auditivos e mentais devem fazer parte da escola regular ( VELTRONE; MENDES, 2007). O grupo de alunos identificados como deficiente mental foi historicamente excluído de frequentar o mesmo espaço educacional que os demais. VELTRONE; MENDES, 2007). Com o política da inclusão escolar, mesmo que timidamente foi compreendido em um contexto social mais amplo, ou seja, a sociedade em geral defende o discurso da inclusão ,e essa situação está acontecendo, alunos especiais na mesma sala de aula de alunos normais. E essa proposta surge com a intenção de minimizar os efeitos de uma realidade que excluíam aqueles que não atendiam a esses padrões. Para a criança com deficiência, a possibilidade de frequentar uma escola regular traz ganhos inestimáveis. Até pouco tempo, apenas uma parcela mínima dessa clientela tinha acesso aos bancos escolares, e esse acesso era para as classes especiais ou escolas de ensino especializado, revelando que a relação entre deficiência e ensino especial ainda fazia parte de uma concepção na qual a condição de deficiente por si só definiria a conveniência e a necessidade desse atendimento especializado (JURDI; AMIRALIAN, 2006). O ambiente escolar apresenta um estímulo à competitividade, à negação das diferenças e uma tendência a valorizar a homogeneidade, não se compactua com um modelo de escola democrática. Iniciar esta inclusão na educação infantil; O aluno com deficiência Mental deverá ter a mesma ou muito pouca diferença de idade das demais; Estimular as amizades; Orientação familiar (para todas as famílias); Trabalhar sempre com o concreto; Repetir as atividades para que ele possa acompanhar e compreender; Elogiá-lo sempre que se destacar; Disciplina e regras; Não fazer diferença nas obrigações e nos direitos dos alunos ( JURDI; AMIRALIAN, 2006)

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 10/04/2013
Reeditado em 10/04/2013
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