A ESCOLA, O ALUNO E AS DROGAS

Antigamente, o Brasil era usado como rota de passagem para a cocaína que vinha da Colômbia, Bolívia e do Peru, e seguia para os EUA ou Europa.

Hoje, o Brasil é o 2º maior consumidor de cocaína e derivados, atrás, apenas, dos EUA.

Estudo recente, feito pela Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, mostra que o nosso país responde por 20% do mercado mundial da droga e que, ao todo, mais de 6 milhões fumaram cocaína, craque, óxi (é uma variação do crack, de qualidade ainda pior) e merla (uma droga também derivada da pasta de coca) alguma vez (in Informações de G1, de 05/09/12).

Em verdade, a droga, de um modo geral, tornou-se um dos maiores flagelos da humanidade. Ela está presente em quase toda parte, cresce e se esparrama de forma trágica e assustadora.

Mas, veja um outro triste dado : o tráfico de drogas anda nas proximidades de 35% das escolas públicas do Brasil. É o que revela Questionário da Prova Brasil 2011, realizado pelo INEP – Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, e divulgado em agosto de 2012.

Tal fato é sério e não pode ser ignorado porque muitos jovens, pela proximidade com as drogas, acabam cedendo aos seus prazeres e deixam os estudos.

A par do combate ao tráfico, que se impõe urgentemente, pelas cercanias das escolas públicas, é preciso que elas se tornem mais atraentes e encantadas aos olhos desses jovens.

O aluno vai à escola e vê que não há aula (não há ninguém que poderia cobrir aquele horário, fazendo uma palestra, um trabalho, coisa assim); vai à escola e vê que o professor hoje está nervoso, está desmotivado, apático, sem paciência ; vai à escola e a escola não tem água, não tem merenda e o banheiro está fedido, as pias e a descarga não funcionam, e há muitos vazamentos; vai à escola e a escola não tem sala de informática, e, quando o tem, o computador está desconsertado e não se tem dinheiro para o conserto; vai à escola e a escola está feia, suja, precisando de pintura e mais limpeza ; vai à escola e a biblioteca está fechada ; vai à escola e vê que as festas (juninas e outras) que ali são realizadas não conseguem integrar a escola à comunidade; vai à escola e não aprende, e não sente mais satisfação e começa a faltar e a perambular pelas cercanias da escola até ser assediado e ceder aos prazeres enganosos da droga que encontrou na rua, bem próximo à sua escola.

E a valorização dos professores? Disso, em verdade, não se faz caso. Mas, é preciso que se lhes pague melhores salários e lhes dê condições mais dignas de trabalhar, sem o que continuaremos a ver professores cujas almas, a exemplo dos alunos, perderam a alegria e não sentem mais satisfação nas salas de aula.

A escola, aos olhos dos alunos, está perdendo o seu encanto, vez que ali os alunos não sentem mais alegria e entusiasmo pelo estudo, cuja qualidade é cada vez mais duvidosa e incerta.

Urge reverter esse triste quadro de descaso e abandono das escolas, revigorando-as e tornando-as mais atrativas para os alunos que as frequentam, de modo que as suas almas sintam ali dentro alegria e satisfação, não precisando buscar o prazer nas ruas.

Veja que a droga é prazer, e, não, alegria.

Certa feita li um artigo do Prof. Felipe de Aquino, da Canção Nova, no qual ele diz que “o mundo confunde alegria com prazer, que não é a mesma coisa. Prazer é a satisfação do corpo; alegria é a satisfação da alma (in artigo publicado no Olhar Direto, de 07/02/2013).

Então, porque não fazer assim : a par da sua missão de educar e formar caráter, vamos também fazer com que a escola se torne um local aprazível e cheio de alegria.

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eldes@terra.com.br