Lição de imperador
Sentado a sala dos professores, uma informação mexeu profundamente comigo: no Japão, o imperador, que não se prostra diante de ninguém, se curva diante do professor. Confesso que me emocionei. Nunca me senti tão valorizado, tão reconhecido. Não pela idolatria, pois sou Católico, e isso é indiscutivelmente condenado pela minha Igreja, mas por saber que, no outro lado do mundo, alguém entende que um país rico, é um pais com bens materiais e intelectuais; que o desenvolvimento de um país se sustenta nas mãos daqueles que ensinam, que tem a missão de perpetuar a história, a língua, a cultura de um povo, e de fazer esse mesmo povo progredir.
Mas haja força – e coragem – para lutar contra a correnteza, numa nação em que tal profissão só carrega de valoroso o título, o prestígio, e que, por sua vez, esconde a falta de recursos didáticos, salas de aulas desconfortáveis e superlotadas e uma remuneração que beira a miséria para quem passa anos se preparando para enfrentar a sala de aula, chafurdado em livros madrugada a dentro, e quem deve se atualizar sempre para não perder a qualidade.
Como consequência, a sociedade sofre com a falta de profissionais qualificados, pessoas incapazes de lutar pelo que realmente importa, o que realmente é necessário para a nação crescer, e fica cada vez mais imponente diante da violência que assola o país, levando os nossos jovens a encerrarem suas vidas sem ao menos tê-la vivida, e vivida com dignidade; que arranca pessoas inocentes do seu seio familiar. Violência que prende os cidadãos dentro de casa e que, por fim, só sobra a impunidade e as lágrimas que nunca encontrarão justiça.
Não obstante, tal violência alcança a sala de aula, refletida em alunos despreocupados com o aprendizado, que querem mandar na sala, no professor e na escola. Os mestres, por sua vez, se vem impossibilitados de executar sua missão, sob pena de terem suas vidas envolta de constantes ameaças, de desenvolver doenças venéreas, sejam físicas ou psicológica, e de terem seus olhos cerrados para sempre antes do tempo.
É claro que há outros transtornos que a desvalorização do docente acarreta, mas que não cambem em único artigo. Contudo, fica a lição do imperador: tudo está nas mãos do professor. Honra-lo é a chave para mudar o país, um país que quer realmente mudanças.