ORALIDADE E ESCRITA

A língua escrita não é uma simples transcrição ou representação da fala. Desse modo, não escrevemos exatamente como falamos e não falamos exatamente como escrevemos. A escrita é um desenho da fala, que possui normas próprias de concretização, que interatua com a fala e completa-se. Num processo histórico, a fala precede à escrita, estando assim, a fala mais presente e dinamizada em nossas vidas.

Tanto a modalidade oral quanto a escrita são alteráveis e procuram, no processo de evolução, amoldarem-se às situações de difusão da comunicação. Desta forma, elas se apresentam de acordo com a sua capacidade de adaptarem-se ao momento histórico e cultural em que se situam, podendo ser independentes em suas variedades, sejam elas nas formas: padrão, coloquial, culta ou em qualquer outra modalidade existente. Ambas podem se manifestar dentro de um contexto de infinidades de gêneros. Esses aspectos são as semelhanças entre a oralidade e a escrita, embora em seu início (para a criança, que inicia seu processo de estudos, é comum se deparar com um abismo que separa a oralidade da escrita. Assim sendo, a principal função do educador é deixar claro, para ela, quais são essas diferenças) haja uma dicotomia (que ela ainda não distingue muito) bastante acentuada em sua forma de interagir.

A linguagem falada apresenta grande variedade de realizações de um mesmo vocábulo, algumas mais próximas do padrão e outras menos prestigiadas, socialmente estigmatizadas. Na escrita, embora nem sempre haja a prevalência da forma culta, normalmente é usado o idioma padrão, por ser, em um processo educacional, aquilatado socialmente, pois se as normas não fossem respeitadas apresentaria, circulando em uma mesma língua ou idioma, inúmeras variações da língua escrita, o que, certamente, causaria uma grande desordem ortográfica.

Na fala, portanto, o interlocutor está presente permitindo a utilização de recursos não verbais (paralinguísticos), como a linguagem corporal, facial, entonações diferenciadas e a prosódia. Por outro lado, na escrita, o interlocutor (que não está presente) é levado a usar outros recursos inerentes à modalidade escrita como: a pontuação e a acentuação gráfica, além de outros expedientes gráficos e linguísticos. Essa gama de recursos é uma tentativa (ou tentativas) de reproduzir e/ou representar, artificialmente, o que é possível ser feito facilmente na linguagem falada.

Outra característica que diferencia a oralidade da escrita é que na língua falada utilizamos frases mais curtas do que as utilizadas na linguagem escrita, em virtude da limitação humana na sua capacidade de memorizar, invertida que é quando na modalidade escrita. Isso, em virtude de que, na modalidade escrita, as frases podem ser mais longas e mais bem preparadas, a fim de que não se corra o risco de o texto ficar fragmentado com frases soltas, prejudicando o entendimento do todo.

Uma característica peculiar da modalidade falada é que ela, independente de se ser ou não analfabeto, é usada por todos, só não sendo possível essa modalidade quando há algum problema de ordem física ou psicológica que incapacite quem dela deseje fazer uso. Porém, nesses casos, entra outra modalidade chamada de língua de sinais, o que não é o caso de ser comentado aqui neste texto.

Entretanto, oralidade e escrita se aproximam um pouco mais, em suas similaridades, quando elas se utilizam de uma ferramenta tecnológica chamada computador e por consequência dessa ferramenta que dá acesso à internet. Essa ferramenta se utiliza, principalmente, de uma linguagem com características próprias, intermediada por uma parcela da sociedade que otimiza o seu tempo, dispensando a prolixidade de uma conversa telefônica entre duas pessoas que se conectam apenas para bater um papo e que interagem numa velocidade em que tempo é sinônimo de ganho e verbalizar a norma culta da escrita é perda de tempo. Contudo, essa similaridade só se confirma porque uma das características da oralidade é a de encurtar as palavras, abreviar os sentidos e dar conotações de cunho dialético ao que se conversa.

Fazendo um paralelo com os ambientes virtuais de aprendizagem, essa similaridade entre a oralidade e a escrita se dá, especialmente, quando ela é empregada na comunicação entre os participantes de cursos ofertados, sendo efetivados entre troca de e-mails e, se tiver em uso, de chats de interação.

Por fim, a oralidade também permite abordar diversos assuntos – ao mesmo tempo – sem que haja redundância, pois os artifícios usados na fala admitem compreender a fala do outro, sem que haja comprometimento do entendimento. Já na escrita, preferencialmente, o texto deve ser enxuto e conciso, tratando do mesmo tema, do início ao fim, para que não se afete a sequência textual (tais diferenças são mais evidentes ao indivíduo alfabetizado e com o domínio da língua padrão. Para a criança, que está ingressando no mundo alfabetizado, essas diferenças não são tão óbvias assim, uma vez que, para ela, a escrita – ainda – representa a transcrição da sua fala).


REFERÊNCIAS:

 
ORALIDADE E ESCRITA: UMA QUESTÃO DE LETRAMENTO. Disponível em: www.cchla.ufrn.br/humanidades2009/Anais/GT30/30.1.pdf Acessado em: março/2012

A ORALIDADE E A ESCRITA. Disponível em: www.revistas.ufg.br/index.php/sig/article/view/7396 Acessado em: março/2012

A ORALIDADE E A ESCRITA – MUNDO EDUCAÇÃO. Disponível em: www.mundoeducacao.com.br/redacao/a-oralidade-escrita.htm Acesso em: março/2012


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Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 10/03/2013
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