RUMOS DA EDUCAÇÃO

Pelas declarações de fim de ano da Presidente Dilma Rousseff, 2013 será um “ano carinhoso” para a educação nacional, pois as promessas são de investimentos substanciais na melhoria do ensino no Brasil. Já era em tempo, pois está na hora de o país sair deste vexame de possuir um dos piores sistemas educacionais, dentre os países que se consideram civilizados no século XXI.

Entre 40 países avaliados, em relação ao seu sistema educacional, por uma ONG inglesa em 2012, o Brasil está situado em 39º. lugar quanto ao pior sistema em educação. Claro, o MEC tenta desqualificar tais resultados. Mas, a verdade é que também sábios educadores nacionais dizem a mesma coisa. Alguns até ousam afirmar que o povo brasileiro, praticamente, não tem educação. Pessoalmente não chego a tanto. Mas, não há dúvida, em questões educacionais estamos a reboque de muito paisinho que, em outros tempos, denominávamos de “republiquetas de banana”. A tal ponto que, em linguajar depreciativo, alguns jornais virtuais já denominam o Brasil de República da Banânia (cf. JBF!).

É claro que a precariedade do sistema educacional brasileiro não se deve à Presidente Dilma Rousseff. Nos séculos de Colônia, antes da vinda de Dom João VI ao Brasil, fora alguns poucos colégios dos jesuítas, que o Marquês de Pombal já havia fechado há mais de meio século, praticamente não existiam instituições educacionais.

Dom João VI, pressionado pelos sanguessugas da nobreza, e burocratas, que com ele fugiram covardemente para o Brasil, deixando o povo português à própria sorte, sentiu a necessidade de incentivar o ensino. Declarou, no entanto, que a Coroa não tinha dinheiro para investir na educação, e liberou qualquer habitante do Brasil a ser professor e a abrir escola. E, naturalmente, a cobrar por seus serviços o que quisesse. Isto significou um recuo civilizatório de mais de dois mil anos, pois já Platão , no IV século a.C, estabelecera que a educação dos cidadãos era uma obrigação do Estado. Dom Pedro I, na primeira constituição outorgada por ele ao Brasil independente, assumiu a ideia de seu pai, relativa à educação. Desta forma a educação no Brasil se tornou um comércio. Basta acompanhar a história da política educacional brasileira.

Tendo em mãos as Atas da Assembleia Legislativa da Província de Pernambuco, de 1876, tive a curiosidade de verificar o que, naquele tempo, os Deputados diziam da educação. Verifiquei que, em diversas ocasiões, se discutiu o problema, com deputados exigindo mais escolas para Pernambuco, principalmente para as moças, que não tinham onde estudar. Mas os Deputados do Sistema argumentavam que a Província não tinha dinheiro para sustentar mais escolas, além das duas ou três que administrava. Quanto aos professores, argumentavam que era melhor não tê-los do que pagá-los mal.

E, quem duvida, esta mesma política perdura até hoje. Escolas sucateadas, e Professores com salários aviltantes!

Para o Governo, o que se “investia” em educação era considerado gasto de dinheiro público. Em outras palavras, era considerado dinheiro jogado fora. Por isto, ainda hoje o povo continua analfabeto, semianalfabeto. Não sabe escrever, não lê, não entende textos, não possui consciência crítica, é eleitor de cabresto, deixando-se enganar por qualquer charlatão que lhe promete paraísos, milagres, ou anuncia o fim do mundo. .

Pelos discursos de Dilma Rousseff, 2013 será um ano de ruptura com a história de um país sem educação. Que bom seria se esta ruptura assumisse um sistema educacional de tempo integral para as crianças e os adolescentes, e o ensino no Brasil deixasse de ser uma exploração comercial. Não acham?

Se as crianças e os jovens obrigatoriamente estivessem nas escolas das 7:30 - 17:00 h não haveria crianças nas ruas nestes horários. Se nestes horários houvesse crianças nos semáforos, seria fácil procurar os responsáveis, para saber por que seus filhos não estavam estudando. E se suas famílias necessitassem apoios, então sim seriam bem vindas as bolsas escola, os auxílios alimentação, as bolsas família, os PROUNIS, as cotas que tais, etc... Talvez assim nosso sistema educacional recebesse uma qualificação menos vexatória nas qualificações internacionais.

Inácio Strieder é professor de filosofia – Recife/PE