SÓCRATES E O CONHECIMENTO

É comum os principiantes de um curso superior ficar entusiasmados com o conhecimento que vão adquirindo na Faculdade que estão fazendo. É comum, nessas pessoas, o sentimento de estarem sendo detentoras de uma profundidade admirável no mundo epistemológico. No entanto, devo dizer que não se conquista um nível muito alto da noite para o dia. É mister, pois, destacar a postura de Sócrates, no tocante a isso.

Sócrates nasceu em um subúrbio de Atenas. Foi escultor com o seu pai. Teve uma boa formação intelectual. Foi o iniciador da reflexão ética na filosofia do ocidente. Possuía uma grande habilidade com a matemática; dizia que sua ciência era Humana. Dedicou-se, pois, ao mundo da Filosofia.

No tempo desse filósofo, muitos políticos, poetas e artesãos gregos se consideravam os homens mais sábios. Havia em Atenas um oráculo que tinha a função de responder, a quem o perguntava, sobre as questões mais difíceis da vida humana. Esse oráculo era representado por uma mulher, que respondia em nome de um deus.

Foi o oráculo quem afirmou que Sócrates era o homem mais sábio de Atenas. Quando soube disso, o filósofo ficou inquieto, para saber o que significava ser sábio, porque ele não se considerava nem muito nem pouco sábio. Daí a frase socrática: “Só sei que nada sei”.

Essa frase não significa que Sócrates de nada sabia, mas o reconhecimento de que há muita coisa que não conhecemos.

Sócrates considerava-se um aprendiz. Por isso, dizia: “Só sei que nada sei”, para mostrar que, apesar daquilo que já conhecemos, é muito vasto o que há para ser conhecido.

Sócrates reconhecia a própria ignorância. Esta palavra – aqui – tem o sentido de falta de saber. É isso mesmo: o filósofo aqui destacado não se considerava detentor de todo o saber, de todo o conhecimento. Ele dizia que sua função era mostrar que os outros não sabiam o que imaginavam saber, e levá-los a parir ideias. Afirmava que não era sábio, mas, buscava com os outros, o descobrimento da verdade.

Sócrates manifestava uma grande humildade epistemológica. A sua frase “só sei que nada sei” foi transmitida à posteridade e chegou aos nossos dias como indicador de que é muito pouco o que sabemos.

Quem se reconhece sábio não o é. O homem que busca o conhecimento nunca se conforma com aquilo que já aprendeu. Quanto mais se sabe mais se reconhece que se sabe muito pouco. Quanto mais se aprende mais se reconhece que há muito que ser aprendido. É por isso que os filósofos nunca param de buscar a verdade. Os filósofos nunca chegam a uma resposta definitiva. Eles estão sempre buscando mais. Aliás, Sócrates dizia que “uma vida sem buscas não é digna de ser vivida”.

É importante salientar que somente quem sabe pouco é quem se considera um grande sabedor, um grande conhecedor. O filósofo, entretanto, é um amante do saber, porque ele está sempre buscando mais. Quanto mais se aprende sobre a vida mais se deseja saber sobre ela.

Conclusão: Sócrates nos convida a reconhecer a nossa própria ignorância, ou seja, devemos reconhecer os limites do nosso conhecimento, para que possamos aprender sempre mais. Quem se considera sabedor de tudo elimina a possibilidade de continuar aprendendo. Sendo assim, não podemos parar no que já sabemos. Devemos buscar sempre mais. Muitos deixam de aprender porque pensam que já sabem tudo. A filosofia, entrementes, nos ensina a estar sempre buscando a verdade. Esta é a meta. Uma meta que os filósofos estão sempre buscando. A busca não para.

Deixo uma observação:

Quem se considera detentor da verdade não consegue filosofar nem aprender mais, porque eliminou a possibilidade de aprendizagem. Fica, pois, um grande ensinamento de SÓCRATES: “Só sei que nada sei”.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 18/01/2013
Reeditado em 15/05/2013
Código do texto: T4091565
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