REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA _ III***REFORMA ORTOGRÁFICA POLITICAMENTE INCORRETA

REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA _ III

Não acreditamos que exista alguém que consiga alcançar, pelo menos 50%, de total segurança e consciência no emprego do hífen. Desde todas as reformas, menos ainda a partir de agora.

Colocar ou retirar o hífen exige conhecimento de morfologia e a gramática normativa finge não saber que envolve filologia /etimologia. E a maioria das pessoas acredita ou finge acreditar que se reconhece facilmente um prefixo ou elementos que possam funcionar como prefixo.

Em todo caso a nova orientação é que se deve usar o hífen se há prefixos colocados antes de palavras iniciadas com h, a exemplo de anti-higiênico e sobre-humano. Entretanto, há a exceção: se algo é subumano, perde o hífen e o h. Neste caso, como serão a pronúncia e a separação silábica? A pronúncia, pelo menos, para incalculável número de brasileiros, será algo como /subiumanu/. Esta representação fonética daria uma divisão silábica que poderia ser: /su-bi-u-ma-no/; /sub-u-ma-no/; /su-biu-ma-no/.

“Quem tem boca, diz o que quer”. Mas, como prevê a nova norma ortográfica, a pronúncia não deve ser alterada. Não deve, mas passa a impressão que teremos novas pronúncias.

Se, matematicamente explicando, o prefixo termina em x e o segundo elemento começa em y, não coloque hífen. Isto é, se o prefixo termina em uma vogal e a segunda palavra começa por uma vogal diferente, nada de separação: norteamericano, aeroespacial, antiaéreo, infraestrutura, etc.

E se o prefixo for co e a palavra seguinte começar com o, não importa, junte tudo, como em coordenar, cooperar, cooptar, etc. Por uma questão de segurança, é melhor apelar para a decoreba, inclusive para a regra seguinte que proíbe o uso do hífen se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplo: anteprojeto, antipedagógico, microcosmo, etc. Mas, cuidado na vida, autoridade máxima não se mistura com subalternos. Mantenha, pois, o vice no seu devido lugar, sempre com a barrinha (/) separando-o do maior: vice-diretor, vice-governador, vice-presidente.

Decoremos mais outra norma: Caso o prefixo termine em vogal, seja ela qual for, e a palavra seguinte começa por r ou s, junte os dois, nada de divórcio. Esse casal tem filhos: são os dígrafos consonantais separáveis rr e ss. Então, a família unida assim será: antissocial, antirrábico, antirreligioso, contrassenso, cosseno , contrarregra, neorromântico, etc.

Em nossa opinião o efeito visual é terrível, sem contar aí a mania que muita gente tem de repuxar na pronúncia o dígrafo separável, colocando, digamos metaforicamente, um ‘hífen fonético’

Continuando o processo de memorização: se o prefixo termina em vogal igual à que começa a palavra que lhe acompanha, use o hífen: anti-ibérico, anti-inperialista; auto-observação, contra-ataque, semi-internato, etc.

Ô complicação futebol clube! Se o prefixo termina numa consoante e a palavra seguinte começa pela mesma consoante, use o hífen, como em hiper-requintado, inter-regional, sub-bibliotecário, etc. Nos outros casos em que o prefixo tem a mesma característica e o segundo elemento começa por qualquer outra consoante, não use hífen. Claro. Já pensou se fosse assim: subbliotecário?

Mas essa regra faz alguma confusão com a anterior em que se o prefixo termina em vogal e a palavra seguinte começa por r ou s a gente tem que ampliar o prefixo, acrescentando um r ou um s e formando também um dígrafo separável como em antissocial e contrarregra. O mais prático seria escrever antisocial e contraregra. Estão de acordo? Não? Desculpem por favor.

E para simplificar mais ainda, esse uso do hífen poderia ter uma regra apenas, a da lógica. E escreveríamos coseno, antibérico, antimperialista, contrataque, etc.

Acredito que ainda levaremos tempo para aprender o significado da palavra simplificar. Belos dias teremos quando nos despirmos desses sinais, eles podem ser malignos.

Até a próxima reflexão.

Tânia Menesesprimeira

Enviado por Tânia Menesesprimeira em 16/11/2008

Reeditado em 16/11/2008

Código do texto: T1285806

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REFORMA ORTOGRÁFICA POLITICAMENTE INCORRETA

O Professor Raimundo Galvão, da Universidade Federal de Sergipe, pronunciou importante palestra sobre a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, durante sessão realizada na ASL (Academia Sergipana de Letras), na segunda-feira, dia 9 de março de 2009.

Pelo Brasil inteiro, o prato do dia, a sugestão da casa ou ainda o popular PF é esta mísera reforma, mais para o “retombo”, palavra popular usada no nordeste brasileiro para designar um serviço mal feito.

Sim, fique indignado quem quiser, mas a um simples piscar de olhos em busca de alguma lógica nas determinações, a comentada reforma não resiste ao sopro de um passarinho.

Há duas faces que definem a mudança ortográfica que vai acarretar alterações fonéticas, sem a menor sombra de dúvida.

A primeira face é a do facilzinho, relativa ao pseudo-banimento do trema, pois que ele resistirá em nomes estrangeiros. Nem venha você me dizer se esse pseudo-banimento tem ou não hífen. Enquanto houver tolerância, farei uso dela. Mas, continuando com o facilzinho, até os mais desligados da norma gramatical já estão absorvendo mais ou menos as noções das alterações mínimas.

A segunda face é “o bicho”. Esse uso do hífen já se fazia de forma muito sofrida e sofrível, agora danou-se. Não aposto sequer um centavo de real que um dia alguém empregará o hífen corretamente (dentro do estipulado). Esse lado maligno da reforma reduziu em torno de 99 % o índice de pessoas capazes de usar palavras compostas por justaposição. Quem quiser reprovação nos concursos, encha as provas de questões sobre o emprego do hífen.

É algo incrível a criação de dígrafos em alguns casos, com alguns prefixos seguidos de alguma coisa. É de cair o queixo a reforma falar de verdadeiros e falsos prefixos. Mas quem sabe quanto a essa verdade ou falsidade? Ficamos quase todos de mãos aglutinadas e incapazes de escrever. Temos medo das compostas da mesma forma que criamos pânico por termos enfrentado situações de violência extrema, como aquelas dos assaltos nas cidades grandes.

Nem me venham esses metidinhos a modernos, espíritos subjugados que aceitam e usam o ridículo argumento do “já está aí, vamos obedecer”. É o manda quem pode, obedece quem tem juízo. As leis são imperfeitas, pois são criadas pelo homem e podem e devem ser questionadas. Principalmente leis sobre a língua.

Ninguém está obrigado a dizer aleluias para as novas leis sobre a escrita da língua portuguesa. Não devemos adotar o fatalismo das mulheres que, mal informadas, acreditam que têm um filho atrás do outro porque Deus assim o quer.

Eu faço caretas, beiços, caras e bicos para essa reformazinha mal pensada, nada democrática e barata tonta. Por que continuamos, em pleno século de transformações propaladas ad nauseam, tão preocupados com a opinião de Portugal? Que mania de colonização. Quando seremos linguisticamente independentes? Quando chamaremos nossa língua pelo melhor nome que ela pode ter, língua brasileira?

Quanto à questão da pronúncia, não é tão simples e nem por cima dela se pode passar achando que não se transformará. Os alfabetizandos de 2012 em diante dirão a palavra final.

Mudando de pau para cacete, vale lembrar que o inglês americano é diferente do inglês da Inglaterra, mas os EUA se respeitam, tanto que o inglês que manda no mundo é o deles. Portugal é vizinho da Espanha e deveria naturalmente influenciar e ser influenciado pela língua espanhola. Cadê D. Pedro para mandar os laços fora?

Voltando à carga, a reforma é inconsistente e ilógica; não respeitou a democracia, não consultou o dono e senhor da língua, o povo; não respeitou as pesquisas científicas na área da Linguística.

Pensando bem, não ter acentos gráficos, como o inglês, é uma maravilha, até para digitar o texto. Mas, como ficaremos nós sem o til e sem a cedilha, que também não existem naquele idioma? Nao sei, nao. A bencao, senhor pai dos burros.

A partir de agora, colocarei a culpa nos digitadores. E qualquer autoridade em língua portuguesa que disser que sabe colocar hífen de acordo com a medida nova, é mentirosa.

Façamos a contra-reforma. Se Lutero pôde, então a gente pode. Ei, isto não é um trocadilho.

Os que inventaram essa mudança humilhante (ainda se escreve humilhante com h?) estão escondidos por aí com vergonha da mancada que deram. Nota zero para eles. Talvez com muitos anos de estudos filológicos possamos reconhecer falsos e verdadeiros prefixos. Os reformadores também. E quero é ver quem manda em psicopedagogos, pedagogos e psicólogos, do jeito que adoram brincar de prefixação e hifenização.

Avisos:

1.Se você encontrou erros neste texto, foi o digitador ou o pc que não salvou.

2. Não abra qualquer e-mail cujo assunto seja Reforma Ortográfica, é vírus.

3. Abandonei o Professor Raimundo lá no primeiro parágrafo e me esqueci de dizer que a conferência foi ótima.

Tânia Menesesprimeira

Enviado por Tânia Menesesprimeira em 11/03/2009

Código do texto: T1480275