O que é texto!
Quando se fala em texto, já se imagina um conjunto de palavras que tenha uma mensagem a ser transmitida, um emissor que escreva essa mensagem, um código para que esse conteúdo seja repassado ao seu receptor, e assim por diante. Enfim, todos esses elementos estão corretos e são necessários, de fato, para que tenha o objetivo do texto alcançado, ou seja, que a mensagem seja entendida pelo leitor, pelo público-alvo cujo tipo de texto esteja direcionado.
Mas o que não pode ser deixado de lado, é que uma simples e única palavra também pode ser chamada de texto, desde que ela tenha sentido completo para quem escreve, e, principalmente para o interlocutor. Por exemplo, se na sala de um consultório médico houver
uma placa dizendo “Silêncio!”, esse vocábulo certamente transmitirá a mensagem desejável, de forma correta, completa e clara ao seu receptor. (KOCH, 2000)
Se é uma palavra, ou várias palavras não importa; o que está em evidência é o conteúdo que essa ou essas palavras têm a passar para o leitor. Logo, todas essas afirmações comprovam que “texto” é tudo aquilo que tenha sentido tanto semântica, quanto sintaticamente falando.
A noção de texto é central na linguística textual e na teoria do texto, abrangendo realizações tanto orais quanto escritas, que tenham a extensão mínima de dois signos linguísticos, sendo que a situação pode assumir o lugar de um dos signos como em “Socorro!”. (Stammerjohann, 1975). Para a construção de um texto é necessária a junção de vários fatores que dizem respeito tanto aos aspectos formais como as relações sintático-semânticas, quanto às relações entre o texto e os elementos que o circundam: falante, ouvinte, situação (pragmática). (MARIA, 2011, p. 1)
Como afirma Nery (2011), “O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir.”
Garcia (2011, p. 1) diz que discutir a questão conceitual do termo texto é uma tarefa árdua devido às várias concepções existentes e as implicações que surgem no trabalho com texto em sala de aula.
O texto, dissemos inúmeras vezes, é a unidade de análise afetada pelas condições de produção. O texto é, para o analista de discurso, o lugar da relação com a representação física da linguagem: onde ela é o som, letra, espaço, dimensão direcionada, tamanho. É o material bruto. Mas é também espaço significante. (ORLANDI, 1996, p. 60-61)
Texto vem de “tecitura”, “tecido”, pois é o conjunto de palavras tecidas, elaboradas e organizadas de forma que o leitor tenha a oportunidade de contemplar o sentido desse texto, que pode ser longo, médio ou até mesmo curto, desde que tenha nexo. Em outras palavras, é o objetivo de texto de forma clara e organizada. (CEGALLA, 2008)
A relação existente entre os elementos do texto se deve à intenção do falante, ao seu plano textual prévio, que se manifesta por meio de instruções ao ouvinte para que realize operações cognitivas destinadas a compreender o texto em sua integridade, isto é, o seu conteúdo e o seu plano global; ou seja, o ouvinte não se limita a “entender” o texto no sentido de captar seu conteúdo referencial, mas atua no sentido de reconstruir os propósitos do falante ao estruturá-lo, isto é, descobrir o “para quê” do texto. (KOCH, 2000, p.16)
Quando se escreve um texto, o redator tem que ter plena consciência de que o seu público é o maior interessado na mensagem contida neste. Muitas vezes, o escritor deve se comportar de forma imparcial para que seu produto final não tenha nenhum tipo de prejuízo causado por alguma possível influência particular.
Em um texto deve haver alguns elementos essenciais para que a comunicação aconteça de forma tranquila e eficaz, a coesão e a coerência, por exemplo, são fundamentais em uma boa produção textual.
O contexto também é muito importante, pois se não houver uma comunicação considerável e a mensagem for deturpada pelo emissor ou pelo receptor do enunciado, esse texto não poderá ser considerado por nenhuma das partes.
Segundo Ingedore (2000), nos quadros mesmos da Linguística Textual, que tem no texto seu objeto precípuo de estudo, o conceito de texto varia conforme o autor e/ou a orientação teórica adotada.
Assim, pode-se verificar que, desde as origens da Linguística do Texto até nossos dias, o texto foi visto de diferentes formas. Em um primeiro momento, foi concebido como:
a. unidade linguística (do sistema) superior à frase;
b. sucessão ou combinação de frases;
c. cadeia de pronominalizações ininterruptas;
d. cadeias de isotopias;
e. complexo de proposições semânticas.
(KOCH, 2000)
Hoje, o texto não é mais visto como uma forma fixa, mas como um produto, passando a ser abordado no seu próprio processo de planejamento, verbalização e construção.
Conforme (KOCH, 2000), um texto é tido como tal no momento em que os participantes de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, através da atuação conjunta da complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido de significado. Logo conclui-se que, um texto só terá validade como tal, se houver sentido, sem deixar de frisar que este mesmo sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação.
Entende-se por contexto uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade linguística menor. Assim a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. (PLATÃO & FIORIN, 2006, p. 12)
Como o texto não é somente um aglomerado de palavras ou até mesmo de frases, pois deve haver sentido completo para que este tenha uma significação enquanto tal, o contexto também contribui na construção da relação entre as partes do texto e numa visão mais ampla da relação entre o texto em si e o público-alvo.
Uma observação importante a fazer é que nem sempre o contexto vem explicitado linguisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode vir implícito: os elementos da situação em que se produz o texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa. Para exemplificar o que acaba de ser dito, observe-se um minúsculo texto como este:
A nossa cozinheira está sem paladar.
Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto dependendo da situação concreta em que é produzido. Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto pode significar que a sopa está sem sal; dito para o médico no consultório, pode significar que a empregada pode estar acometida de alguma doença. (PLATÃO & FIORIN, 2006, p. 12)
Pode-se dizer, então, que todo e qualquer tipo de texto, é resultado de atividades verbais, destinadas a fins sociais, inseridas em um determinado contexto social.