A inserção do aluno com surdez na sociedade
A inserção do aluno com surdez é um desafio que reporta não só a questões referentes aos seus limites e possibilidades, como também aos preconceitos existentes nas atitudes da sociedade. As pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves, decorrentes da perda da audição começando pelas nomenclaturas denominadas. A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência.
A maioria das pessoas que não tem contato com a área da surdez, pensa que o termo surdo (a) é uma palavra ofensiva, mas não é, os próprios surdos esclarecidos querem ser chamados de surdos, considerando que este termo não se refere simplesmente aquelas pessoas com perda de audição, mas sim a todo um contexto de um grupo minoritário com necessidade de comunicação e, por extensão, de língua de sinais. Poker (2001) afirma que as trocas simbólicas provocam a capacidade representativa desses alunos, favorecendo o desenvolvimento do pensamento e do conhecimento, em ambientes heterogêneos de aprendizagem.
A língua de sinais é o canal que os surdos dispõem para receber a herança cultural, e a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS é utilizada pela comunidade surda brasileira que se torna diferente das línguas orais, pois, utiliza o canal visual-espacial. É adquirida como língua materna pelas crianças surdas e o simples contato com a comunidade de surdos adultos propicia a sua aquisição naturalmente (BRITO, 1993).
Os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De acordo com Fernando Capovilla, “Língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. Assim, do mesmo modo como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma em comum, o Português (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o nosso faz fronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua em comum, a Língua de Sinais Brasileira.
De acordo com Azeredo (2006), A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – foi reconhecida no Brasil como a língua oficial da pessoa surda, após a publicação das leis nº 10.436/2002 e nº 10.098/2002. Considerando o impacto desta legislação na melhoria das condições de vida e desenvolvimento das pessoas.
Conforme Fernando Capovilla, “Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Língua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empregada pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana, Francesa, Inglesa, e assim por diante. Não existe uma Língua Brasileira (de sinais ou falada).
Portanto, a falta de domínio de uma língua priva o sujeito de participar da construção de várias vozes ao longo do tempo. À linguagem utilizada pelo sujeito surdo o oportuniza manifestar suas necessidades. A relação do sujeito com a língua é que vai produzir a diferença, portanto, o vínculo do surdo com a língua de sinais vai ser determinante, imperioso, essencial, única possibilidade de ele vir a assumir uma posição discursiva que não se reduza à mera reprodução, que permita inferir, modificar, produzir, criar o novo. A LIBRAS se torna uma ferramenta de empoderamento que permite ao surdo maior mobilidade e fluidez nas formações ideológicas, como também fornece subsídios que o ajudam na constituição de suas identidades frentes as imposições (culturais e outras) do ouvinte.