Bullying: o grande mal do século
O bullying tem sido considerado, nos últimos tempos, um fenômeno preocupante para profissionais da Educação e da Psicologia e até mesmo de outros campos do conhecimento, como Sociologia e Direito, pelas consequências pessoais e sociais que produz, gerando instabilidade na convivência interpessoal, dor e sofrimento às pessoas envolvidas nessa prática, tanto para a vítima como para o autor e espectadores e o ambiente, de modo geral.
As contribuições teóricas sobre o tema apontam o preconceito; as crenças sociais sobre atribuição de atitudes consideradas negativas, marcadas por estereótipos sociais; as relações interpessoais carentes de valores morais ou até mesmo éticos; a baixa autoestima; os modelos agressivos da família e sociedade, a inveja; o temperamento e a tentativa de “reproduzir os maus tratos sofridos”, dentre outros, como possíveis fatores que concorrem para o aparecimento do bullying.
No contexto escolar, além dessas causas, pode-se falar em necessidade de afirmação e de demonstração de força e poder como fatores que também estimulam a prática do bullying entre crianças e adolescentes. Estudos também se referem, no caso da escola, ao bullying praticado por professores em relação aos alunos. Quando há bullying, a relação afetiva é notadamente de estilo negativo, com raiva, ódio e traz sérios prejuízos aos membros, pois não se permite que a pessoa viva de forma feliz, desconsiderando o respeito ao outro e o apreço ao bem comum.
O papel da instituição escolar é de fundamental importância no combate ao bullying e cabe aos educadores não apenas transmitir conhecimentos, mas também contribuir para a formação humana de seus educandos, orientar, informar, ou seja, ocupar-se da educação moral dos alunos, como proposta pedagógica viável mesmo em casos de escolas do Ensino Médio, onde os alunos já estão em fase final da Educação Básica. De modo geral, às vezes equivocado, é costumeiro pensar que o adolescente já tenha concluído sua formação como pessoa e necessita apenas de intensos conhecimentos acadêmicos para ter sucesso no processo seletivo para o vestibular.
A escola não pode ficar indiferente ao tema e nem naturalizar os fatos, como se fosse apenas uma “brincadeira” e, nesse caso, é importante que se trabalhem no contexto escolar temas como bullying, agressividade, violência dando oportunidades aos alunos de discutirem o assunto, falar de suas experiências.
Extinguir o bullying escolar é um grande desafio, porém o desejo de viver em uma sociedade mais generosa, em um mundo melhor é que nos faz acreditar que é possível uma ação conjunta entre família e escola no sentido de promover o respeito, a tolerância, a aceitação do outro e de si mesmo.
É preciso buscar um diagnóstico do bullying em todos os seus ambientes. O esclarecimento pode, em muitos casos, facilitar o controle dessas situações. Para que isso possa ser conseguido é necessário que haja um diálogo franco entre os envolvidos. Isso evitará que as pessoas tenham uma mensagem da sociedade que os problemas devem ser resolvidos com violência ou com a anulação moral dos mais fracos.
No bullying escolar há necessidade de se dialogar com a direção da escola, promover a capacitação dos funcionários e professores para lidar com o problema. Buscar o máximo possível manter um diálogo aberto e franco com todos os envolvidos, com o intuito de se procurar uma solução que seja aceita pelo grupo e que seja internalizada e duradoura para aquele ambiente escolar. A escola deve manter supervisão constante das atividades do alunos, orientando-os no caminho do respeito e tolerância com as outras pessoas.
Acabar definitivamente com o bullying pode parecer uma utopia, em uma sociedade capitalista e individualista onde a visão de que o “ter” prevalece ao “ser”, mas é um desafio que nos inspira a lutar por um mundo melhor, uma sociedade mais justa, um mundo melhor para deixarmos para as gerações futuras. E isso só poderá ser conseguido quando nenhuma vítima do bullying se esconder por trás de suas lágrimas, de seu sofrimento, de seu silêncio.