VERDADEIRA MISSÃO DE PAIS E PROFESSORES
Educar nos dias atuais não tem sido tarefa fácil para pais e professores. Os filhos e alunos que temos hoje não são mais os filhos-alunos de ontem. Hoje crianças e jovens tem mais autonomia e liberdade tanto no pensar, como no agir. Foi-se o tempo que se detinha ‘mão de ferro’ sobre o jovem. Lidar com a impetuosidade tão característica desse ser requer uma mudança de postura por parte de pais e educadores. Usar desse ‘instinto de rebeldia’ a nosso favor é o que precisamos aprender. Colocar isso a serviço do que queremos ensinar-lhes, seja instrução, sejam valores, seja conduta.
Saber dialogar com a criança e o adolescente é o primeiro passo para o sucesso dessa empreitada. Impor é palavra a ser descartada do vocabulário de quem pretende lidar com o jovem ou a criança. Se o adulto não aceita imposição, por que a criança e o jovem aceitariam sem contestar? “Principalmente pelo fato de o educando estar num momento em que sua sede por ‘bater asas’” está excitadíssima. Mudar o verbo ‘impor’ pelos verbos ‘somar’, ‘agregar’, ‘compartilhar’ e ‘compreender’ pode fazer toda a diferença. Compreender que o jovem é capaz de realizar muito por si mesmo, basta que saibamos oferecer-lhe as ferramentas adequadas para que ele haja com a autonomia que lhe é própria e assertividade.
Pais e professores tem o péssimo hábito de estereotipar o jovem como imaturo se ele não segue o padrão de comportamento que consideramos adequado ou como criança quando o julgamos incapazes de tarefas maiores. No entanto não sabemos orientá-lo, muitas vezes, para atravessar esse período. Reclamar, restringir, bater de frente ou entregar para Deus, eis as atitudes frequentemente tomadas por quem deveria orientar e conduzir.
Estamos no meio dessa ponte sem saber o que fazer. Tudo permitir? Tudo coibir? Deixar nas mãos de Deus?
Nem tanto e nem tão pouco. Aprender a gerenciar isso é o xis da questão. E a principal ferramenta é o diálogo. É comum crianças e jovens ouvirem negativas do tipo, “não pode, não deve, faz mal”, e quantas vezes receberam as explicações devidas? Não pode, por quê? Não deve, por quê? Que mal faz? É nesta hora que o diálogo se faz imprescindível e urgente. Mostrar com clareza as consequências de uma conduta, de uma ação, realmente faz diferença. A criança precisa entender os riscos que corre, a que mal está sujeito. O estudante precisa entender a que futuro se expõe. Uma boa conversa, muitas vezes, resolve.
E nós, educadores, que tanto nos queixamos da falta de educação de nossos estudantes e condenamos os pais por não fazer bem o seu papel, que tal nos perguntar sobre os nossos valores? Quais deles contribuem para a evolução dessa criança ou jovem sob a nossa responsabilidade? Quantas vezes nos questionamos se os exemplos que passamos são dignos de serem seguidos? Será que detemos em atitudes e valores toda essa educação que cobramos? Será que realmente contribuímos para reverter a situação ou a pioramos com nossos estresses e queixumes?
Abro parênteses para revelar a própria experiência. Não raro, me descomponho em classe quando deparo com alunos do tipo ‘engraçadinhos’ e faço uso de ‘tesouras afiadas e dou cortadas desconcertantes e vergonhosas’. Esqueço a bela gentileza e ajo com grosseria desnecessária. Deixo-me envolver nas energias desagregadoras da indisciplina e parto para gritaria, quando deveria buscar a harmonização e o silêncio. Gritar com o aluno que grita o educará a não gritar? Sei a resposta. E quantos, como eu, também caem nessa armadilha e são levados pela mesma onda?
Tarefa difícil essa de pai e mãe. Tarefa árdua a de professor. O pai lida com um, dois ou três filhos. O professor lida com trinta, quarenta numa sala de aula. Por isso, o ideal é que uníssemos as nossas forças, as nossas ideias, os nossos bons exemplos, os nossos valores na realização desse empreendimento. Combinar estratégias, compartilhar dificuldades. Pais e professores atuando em conjunto. Um reforçando o trabalho do outro. Quanto poderia contribuir para a educação de nossas crianças e jovens.
Infelizmente o que se vê é pai delegando toda a responsabilidade da educação à escola e escola julgando e condenando a família pela ineficiência na educação dos filhos. E no meio desse fogo cruzado, o educando precisando urgentemente de quem possa orientá-lo para a aquisição de valores morais e sociais, instrução de qualidade e uso pleno de sua cidadania.
Eis a verdadeira missão de pais e professores.
Que neste 11 de agosto, Dia do Estudante, possamos refletir sobre essa grandiosa missão.