Sou preconceituoso.
Sou preconceituoso.
Sou “dono da verdade”, “sou justiceiro”, “leio mentes”, sou preconceituoso... Mas sou tudo isso sozinho, ou um louco paranóico com mania de grandeza ou de reivindicação? Ou o somos todos nós sem nos darmos conta no plano da ciência (conhecimento específico)?
Recapitulando [v. textos sobre verdade, justiça, responsabilidade, culpa etc.], de forma sucinta, ninguém duvida que haja a verdade relativa, ou seja, o que é bom para um pode não ser bom para outro. Mas também ninguém duvida (mais) que haja a verdade absoluta, ou seja, o que é bom para todos num dado meio cultural. Neste sentido, está-se contra a realidade tanto fazendo negar-se existir a verdade relativa ou a verdade absoluta. Com a justiça ocorre o mesmo. A justiça é relativa porque o que é justo para um pode não ser justo para outro. E a justiça é absoluta como prática do que é bom, certo, e útil no dia-a-dia, e quando isto não ocorre, por exceção, dá-se a injustiça [v Justiça e verdade].
Respeitado o próprio conceito que recai e pesa sobre o termo “preconceito”, o que é o preconceito senão conceito formado com a educação (cultura) sem o qual seria incompossível a convivência?
Assim, eu tenho preconceito contra quem mata, rouba, estupra, agride mental ou fisicamente, é racista etc.
Ao contrário do que parece aprioristicamente, não admitir-se “preconceituoso” pode significar a fragmentação ou a desordem cultural.
Qual seria o destino, por exemplo, de certa cultura africana se não cuidasse de sua história que implica, necessariamente, em sua cultura? Isto é preconceito? Sim! E se não fosse seria dizimada...
O nó górdio da questão não está no preconceito em si mesmo considerado, e, sim, no vil desrespeito à cultura do outro; na imposição de “sua cultura” como sendo a melhor... Quando a tal “universalidade cultural” igualaria desiguais que não poderiam ser igualados sob pena de perderem a imprescindível identidade!
- Que cultura seria a “ideal” para fixar-se preponderantemente sobre as outras?
Rodolfo Thompson – 25/6/2012.
Ps. O preconceito, sob a ótica do desrespeito, mata!