A Inteligência Intrapessoal de Howard Gardner aplicada à Educação à Distância

VALTÍVIO VIEIRA

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância, e Pós-Graduando em Metodologia do Ensino Religioso, ambos pela FACINTER – Curitiba – PR.

SÃO BENTO DO SUL - SC

2012

A Inteligência Intrapessoal de Howard Gardner aplicada à Educação à Distância

A Inteligência Intrapessoal é a nossa capacidade de nos conhecer, de estar bem conosco, de conhecer nossos limites, desejos e medos de administrar nossos sentimentos de maneira a atingir nossos objetivos. Terapeutas e políticos são exemplos. A pessoa que tem esta inteligência: apresenta independência, autoconfiança e é motivado, consciente dos seus valores éticos e sentimentos, metas, limites e possibilidades.

Nesta inteligência há habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos e, por conseqüência, às emoções dos outros. Reconhecimento das próprias habilidades, limitações, necessidade, desejos e inteligências. Capacidade para formular uma imagem precisa de si mesmo e de usar essa imagem para planejar e direcionar a própria vida. Exemplos desta inteligência: professores, assistentes sociais, psicólogos, médicos.

O tutor pode desenvolver atividades de relaxamento e dinâmica de grupo para descoberta de si e atendimento individual a todos os alunos.

Com relação à inteligência intrapessoal, Gardner salienta:

Inteligência Intrapessoal: o conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama das próprias emoções, à capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento. A pessoa com boa inteligência intrapessoal possui um modelo viável e efetivo de si mesma. Uma vez que esta inteligência é a mais privada, ela requer a evidencia a partir da linguagem, da música ou de alguma outra forma mais expressiva de inteligência para que o observador a perceba funcionando. Na citação acima, por exemplo, a inteligência lingüística é empregada para transmitir o conhecimento intrapessoal; ela corporifica a interação das inteligências, um fenômeno comum ao qual retornaremos mais tarde. Nós observamos os critérios conhecidos funcionarem na inteligência intrapessoal. Assim como na inteligência interpessoal, os lobos frontais desempenham um papel central na mudança de personalidade. Um dano na área inferior dos lobos frontais provavelmente produzirá indiferença, desatenção, lentidão e apatia – um tipo de personalidade depressiva. Nesses indivíduos “lobo-frontais”, as outras funções cognitivas geralmente continuam preservadas. Em contraste, entre os afásicos que se recuperaram Suficiente para descrever suas experiências, nós encontramos um testemunho consistente: embora possa ter havido uma diminuição da atenção geral e uma considerável depressão em virtude da condição, o individuo de maneira nenhuma se sentia uma pessoa diferente. Ele reconhecia suas próprias necessidades, vontades e desejos, e tentava atendê-los tão bem quanto possível. A criança autista é um exemplo prototípico de um indivíduo com a inteligência intrapessoal prejudicada; na verdade, essas crianças talvez nunca tenham sido capazes de se referirem a si mesmas. Ao mesmo tempo, elas freqüentemente apresentam notáveis capacidades nos domínios musical, computacional, espacial ou mecânico.

As evidências evolutivas da faculdade intrapessoal são mais difíceis de encontrar, mas poderíamos especular que a capacidade de transcender à satisfação dos impulsos instintivos é relevante. Ela se torna cada vez mais importante numa espécie que não esteja permanentemente envolvida na luta pela sobrevivência. Em resumo, tanto a faculdade interpessoal quanto a intrapessoal são aprovadas nos testes de uma inteligência. Ambas apresentam tentativas de resolver problemas significativos para o indivíduo e a espécie. A inteligência interpessoal nos permite compreender os outros e trabalhar com eles; a inteligência intrapessoal nos permite compreender a nós mesmos e trabalhar conosco. No senso de eu do indivíduo, encontramos uma fusão de componentes inter e intrapessoais. Na verdade, o senso de eu emerge como umas das mais maravilhosas invenções humanas – um símbolo que representa todos os tipos de informações sobre uma pessoa e é, ao mesmo tempo, uma invenção que todos os indivíduos constroem para si mesmos. (GARDNER, 1995, p.28-29).

O tutor deve proporcionar um ambiente positivo, que incentive o aluno a criar soluções, explorar possibilidades, levantar hipóteses, explicar seu raciocínio e testar suas próprias conclusões. Nesse ambiente, o trabalho do professor precisa personalizar seus projetos educativos e sua forma de ensinar. Ele estimula a autonomia, a responsabilidade e a interação dos alunos para que estes possam gerar novos conhecimentos, novas investigações e explorar novos estímulos com base nos conteúdos apreendidos.

Para realizar essas atividades, os alunos precisam do entendimento de disciplinas básicas (línguas, matemática, ciências, história, geografia e artes), bem como ouvir, falar, ler e escrever, que são competências básicas envolvidas na comunicação.

Gardner sugere, então, que o professor faça um trabalho interdisciplinar usando: trabalhos em grupo; Jogos pedagógicos; Leitura e interpretação de livros; Produção e leitura de textos; A comunidade, para que os alunos realizem atividades extracurriculares; Incentivos a sua participação em projetos individuais ou coletivos; Encorajamento para a utilização de conhecimentos adquiridos na realização de tarefas fora da escola; Orientação para que os alunos sejam capazes de documentar seu trabalho e, assim, compreender seu processo de aprendizagem.

Em relação à como realizar a avaliação da aprendizagem, compreende a avaliação do aluno em processo, as perguntas que faz a identificação das competências mais desenvolvidas, a reflexão sobre como melhorar as menos desenvolvidas. Ela também requer um desenvolvimento profissional do professor, pois permite ao professor decidir como agir em relação a cada aluno. A avaliação, portanto, deve abranger vários instrumentos num prazo longo de tempo, como observação contínua ao longo do período escolar e letivo; observação concentrada em momentos de prova com ou sem consulta ou durante a realização de tarefas individuais ou em grupo; Registro das observações pessoais, conclusões e dúvidas logo após a atividade desenvolvida.

O planejamento da aula e ou orientação tutorial, é de fundamental importância. Envolve uma reflexão permanente, pois o trabalho é flexível, o atendimento é individualizado e existem possibilidades de estabelecer relações entre diferentes noções e significados. No preparo das orientações em EAD, o tutor deve ter clareza quanto aos seguintes pontos: Quem é o aluno? O que o tutor pretende alcançar com os temas que vai desenvolver? Como poderá atender às exigências de cada aluno? Como iniciar, desenvolver e encerrar a aula ou as atividades propostas?

O tutor, por sua vez, assume um papel muito importante como mediador no desenvolvimento desses aspectos em situações contextualizadas, ou seja, que permitam ao aluno relacionar a teoria e a prática, ou melhor, que permitam a esses relacionar o conteúdo ministrado com o mundo que os rodeia e, assim, dar-lhe um significado concreto.

REFERÊNCIA

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: A teoria na prática. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

LITWIN, Edith. Educação a Distância: Temas para Debate de uma Nova Agenda Educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MAIA, Carmem. Guia Brasileiro de Educação a Distância. São Paulo: Esfera, 2002.

MARTINS, Onilza Borges. Teoria e Prática Tutorial em Educação à Distância. Curitiba: IBPEX, 2002.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 04/06/2012
Reeditado em 19/06/2012
Código do texto: T3705660
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