(Extrato de) METODOLOGIA PARA O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA _ reflexões necessárias

Tânia Maria da Conceição Meneses Silva (Esp/UFS)

Roberto Carlos Bastos da Paixão (Esp/FA)

Material a ser apresentado no Seminário Letramentos Transnacionais Brasil-Canadá, dia 25 de maio de 2012, na UFS (Universidade Federal de Sergipe)

RESUMO

Artigo de revisão de literatura que tem por objetivo principal elaborar uma argumentação fundamentada em teorias a respeito de métodos, metodologias e abordagens para o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa, procurando refletir sobre as consequências do advento das TICs no cenário educacional e qual o impacto por elas causado. Para alcançar tal propósito, este artigo usou textos de pesquisas disponíveis em fontes eletrônicas. No texto encontra-se uma breve tomada sobre a evolução da utilização de metodologias, desde o primeiro momento, quando circunstâncias de comunicação com povos de outras nações começaram a acontecer no Brasil, até a necessidade de se pensar um novo direcionamento neste campo com vistas ao aperfeiçoamento do sistema educacional de tal forma que se volte para as necessidades inadiáveis da escola ideal para a atualidade.

INTRODUÇÃO

As questões relativas ao processo de ensino-aprendizagem de idiomas estrangeiros são igualmente importantes àquelas atinentes ao idioma nacional e todas as outras disciplinas. Conhecer-lhes os aspectos históricos e a evolução de seu comportamento através da formação do quadro representativo da Educação brasileira, auxilia, através do exame das partes, a vislumbrar o todo.

A história de vida do ensino das línguas estrangeiras no Brasil tem sido movimentada e marcada por altos e baixos, por legislações que ora privilegiam esse tipo de ensino, ora o deixam ao sabor da sorte. Essa falta de políticas públicas mais fortalecidas tem complicado algo de muita importância: o reconhecimento do valor do estudo, da formação, da capacitação e do desempenho dos indivíduos no que se refere à proficiência em idiomas estrangeiros, especialmente na sociedade moderna sob os ventos da globalização, do avanço das comunicações e das novas tecnologias especialmente voltadas para o âmbito educacional, e, mais ainda, para a inclusão dos jovens e adultos no exigente e competitivo mercado de trabalho.

Esta argumentação justifica e diz da importância da reflexão contida neste breve artigo cujo objetivo principal é o de refletir sobre as consequências do advento das TICs no cenário educacional e qual o impacto por elas causado no processo ensino-aprendizagem da língua inglesa.

Os objetivos específicos são:- acompanhar a evolução da utilização de metodologias para o ensino da língua inglesa, desde o primeiro momento, quando circunstâncias de comunicação com povos de outras nações começaram a acontecer no Brasil; - discutir acerca da necessidade de um novo direcionamento neste campo de ensino-aprendizagem com vistas ao aperfeiçoamento do sistema educacional de tal forma que se volte para as necessidades inadiáveis da escola ideal para a atualidade.

A presente pesquisa é do tipo bibliográfica e a metodologia utilizada para a efetivação deste estudo é a do debate acerca de teorias relativas ao tema do ensino-aprendizagem da língua inglesa, encaminhando-se o foco na direção das necessidades surgidas a partir do advento das TIC em sala de aula.

A reflexão foi apresentada a alunos do Curso de Letras/Inglês, da Faculdade Atlântico, durante a realização da Mesa Redonda, sob o tema Metodologia e Ensino da Língua Inglesa, no V Simpósio Nordeste de Pesquisa em Educação: Formação e Prática, no dia 22 de outubro de 2011. O tema foi amplamente debatido e ofereceu como resultado a participação dos graduandos que demonstraram preocupação com a modernidade das tecnologias e a necessidade de reposicionamento dos docentes de idiomas estrangeiros, a exemplo da Língua Inglesa.

DESENVOLVIMENTO

É voz geral entre estudiosos a de que o relacionamento entre Brasil e Inglaterra ensaiou seus primeiros passos por volta do ano de 1530, quando o aventureiro inglês William Hawkins desembarcou na costa brasileira e foi recebido pelos aliados lusitanos e pelos nativos. A movimentação da marinha britânica, o monopólio sobre o comércio de mercadorias inglesas com os outros países rompeu o domínio colonial português no Brasil. O bloqueio continental decretado à Inglaterra, no início do século XIX, levou ao fortalecimento das relações amigáveis entre este país e o Brasil.

Os estudiosos Oliveira e Escobar (2009) tecem importantes considerações sobre o Ensino de Línguas no Brasil e, especificamente se reportam ao processo de como se desenvolvia esse ensino-aprendizagem, desde a instituição do método direto, em 1931, até o advento da primeira versão da LDB, em 1961, ocasião em que foi extinta a obrigatoriedade do ensino de línguas vivas.

Nesse caso lembrado por Oliveira e Escobar, o professor mostrava (apontando ou segurando) aos alunos os objetos e as coisas em geral e dizia a palavra correspondente em língua inglesa. Os estudantes não podiam perguntar se aquilo que mostrava o professor era determinada palavra em língua portuguesa, mesmo porque a situação de comunicação era de muita obviedade. Assim: o professor apontava para a janela e pronunciava apenas window; para a porta e pronunciavam door; e assim por diante. Seguia o professor ampliando as dificuldades e, por exemplo, diziam de outra vez: this is a window; this is a door, etc.

O renovador método de ensino intuitivo generalizou-se, na segunda metade do século XIX, nos países da Europa e das Américas. Passou a ser considerado nos meios educacionais como o mais apropriado às massas populares. Suas raízes estão ligadas ao momento de declínio do ensino escolástico e “à ascensão dos preceitos da pedagogia moderna, preconizados por Bacon, Comenius, Rabelais, Locke, Condilac, Rousseau, Pestalozzi, Basedow, Campe e Froebel, entre outros”. O método de ensino intuitivo se contrapunha ao tradicional ensino livresco e “parte da premissa de que toda a educação deve começar pela educação dos sentidos” e “representou, juntamente com a formação de professores, um dos principais elementos da difusão da escolarização das classes populares nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do XX, no Brasil”.

As origens das experiências relativas às metodologias, métodos e abordagens, neste campo, no Brasil, tiveram início “Desde as primeiras tentativas de colonização do Brasil pelos portugueses, sem esquecer as de outros colonizadores, houve uma preocupação com o ensinar”. (Veroneze e Carvalho, 2006, p. 2).

Duas datas são marcos na história do ensino da Língua Inglesa no Brasil: o ano de 1808, pois durante o período colonial, a língua francesa era ministrada somente nas escolas militares. Com a chegada da família real, esse idioma e o inglês foram introduzidos oficialmente no currículo; e o ano de 1889, depois da Proclamação da República, momento em que a línguas inglesa e alemã passaram a ser opcionais nos currículos escolares. Somente no fim do século XIX esses idiomas se tornaram disciplinas obrigatórias em algumas séries.

Do início da colonização brasileira para os dias atuais muitas foram as experiências e também os modismos metodológicos nessa seara do ensino-aprendizagem de idiomas estrangeiros. Agora a situação se torna complexa em virtude de a sociedade vivenciar um contexto onde impera o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação. Os sujeitos sociais dispõem de acesso rápido a um mundo de conhecimentos, o que era antes uma situação impensável. Crianças, adolescentes e jovens de outras faixas etárias, perdem gradativamente a atração pela sala de aula, pelo ensino tradicional.

O que se percebe, porém, em muitas escolas, sejam públicas ou particulares, é a manutenção das aulas tradicionais, praticamente as mesmas, enquanto o avanço tecnologia se torna apenas mais um discurso. Longe está a alvorada da aula que utilize didática e pedagogicamente as TICs na prática e em qualquer disciplina.

O método AGT é uma abordagem dedutiva e levada a efeito a partir da regra para o exemplo. Centrada na gramática e na tradução, a atividade mais antiga e persistente. Tem suas origens na cultura greco-latina do Renascimento. Explica Leffa que são três passos essenciais para a aprendizagem da língua estrangeira: 1. Memorização prévia de uma lista de palavras; 2. Conhecimento das regras necessárias para juntar essas palavras em frases e, 3. A realização de exercícios de tradução e versão.

O Ensino a Distância é mais uma das opções para as línguas estrangeiras e uma realidade que avança nesse contexto da modernidade, apesar da pressão do tradicionalismo e dos preconceitos sociais de pessoas que ainda vivem como se estivessem na época colonial, apostando no ensino voltado para as elites.

Não se pretende neste artigo queimar as tradições, anular a história, mas alertar para uma sociedade digital em andamento e para a qual o alunado e o professorado não se encontram a rigor preparados. Quase que em sua totalidade, o processo educacional tem um único objetivo: preparar o aluno tão somente para o ingresso nas universidades e deixa à parte a capacitação para o mundo do trabalho competitivo. Por este fator, a educação profissional tem permanecido há séculos em segundo plano, carente de políticas públicas mais incisivas. A formação para a competitividade no mercado do trabalho também deixa a desejar. São inúmeras as novas profissões, inclusive desconhecidas do professorado.

Percebe-se a urgência de uma revisão da Pedagogia e da Didática no sentido de que surja um novo direcionamento, uma nova capacitação do professor para lidar com a realidade desta sociedade em que se vive. Urge uma repaginação de conceitos em função não apenas de promover o incentivo e despertar a curiosidade do aluno para além do contexto que pereniza a tradição. O necessário mesmo é saber o que fazer das imensas possibilidades construção do conhecimento para uma educação de qualidade e atualizada, de apropriar-se e produzir conhecimento utilizando os recursos modernos da tecnologia. Pois, que atração terá um jovem que domina os objetos modernos como estes desenvolvidos por Steve Jobs para permanecer atento e motivado durante aulas cansativas e repetitivas? Que chances tem o professorado que não conhece e nem sabe manusear e usar as funções desses objetos? Onde existe um manual didático-pedagógico que ensine professores a pesquisar em sites especializados ou de como criar blogs para que os alunos publiquem seus trabalhos? Por que não existe uma listagem de sites oficiais destinados à pesquisa em todos os níveis? Por que não se orienta maciçamente quanto à visitação de sites de bibliotecas, Academias de Letras e outras agremiações culturais? Por que não se diz aos alunos da existência dos mais importantes jornais publicados em versão eletrônica e dos mais desenvolvidos países e, ainda, revistas literárias e tantas outras opções?

O hábito da pesquisa online está se desenvolvendo apenas pela colocação de temas na barra de pesquisa e esperar o que vai aparecer _ como se fosse um jogo de azar/e sorte. Quando se tem por finalidade a pesquisa com fins educacionais, devem ser adotados critérios de seleção e, acrescente-se que, tanto podem não atender a esses critérios as buscas em fontes eletrônicas quanto as realizadas em livros de papel. Sites como o Domínio Público e outros de igual importância são pouco visitados e até desconhecidos dos navegadores da Internet à deriva e que não dispõem de uma bússola, de um norte.

Para que se reflita um pouco mais sobre as modernas possibilidades de ensino do idioma inglês, acrescenta-se a este texto o relato de uma experiência bem sucedida nesse setor: “Cada vez mais utilizada como fonte de pesquisa, a internet tem a maior parte de suas páginas em inglês. Por isso, a proposta de incluir a rede mundial de computadores no ensino de idiomas é bastante oportuna porque apresenta aos alunos um conhecimento de aplicação imediata”. (SANTOMAURO, Beatriz. Idioma que vem da web. Data de acesso: outubro de 2011. Nova Escola, p. 1).

Levando-se em consideração esta breve exposição e tantos outros detalhes que ainda poderiam ser mencionados, cabe, neste ponto, direcionar o pensamento para as metodologias de ensino de línguas estrangeiras. Ressalte-se que a abordagem tradicional, como já foi dito, baseia-se em estudos de gramática e exercícios de tradução, é historicamente, a mais antiga metodologia e servia para ensinar as línguas clássicas como grego e latim, tendo deixado sua influência para o ensino de outros idiomas, como acontece com o inglês. A aprendizagem da língua estrangeira era entendida (e ainda há quem acredite e professe tal abordagem e só nela veja segurança) como uma atividade intelectual através da qual os aprendizes deveriam memorizar as regras e os exemplos, com o propósito de dominar a morfologia e a sintaxe, “(...) recebiam e elaboravam listas exaustivas de vocabulário. As atividades propostas tratavam de exercícios de aplicação das regras de gramática, ditados, tradução e versão”. (Cestaro, 2011, p. 4).

Relembra Cestaro que “até aproximadamente a década de 40, o principal objetivo da aprendizagem da língua estrangeira era o ensino do vocabulário”. E, mencionando estudos de (Leffa apud Bohn e Vandresen, 1988) informa que toda a ênfase se concentrava na palavra escrita, “enquanto que as habilidades de audição e de fala eram praticamente ignoradas”. Foi em contraposição a esse tipo de ensino que apontou a metodologia direta de ensino de línguas. Assim, “O princípio fundamental da MD era o de que a aprendizagem da língua estrangeira deveria se dar em contato direto com a língua em estudo. A língua materna deveria ser excluída da sala de aula”. (Cestaro, 2011, p. 4).

Qualquer tentativa de mudança na aplicação de metodologias cria novas situações de impasse em sala de aula. Como se vê, a tradicional empenhava-se na língua escrita e a direta se propunha à oralidade. Qual o prejuízo de uma e de outra? Quais as vantagens? Qual a área de sombras criada nesse contexto? Ora, é óbvio, o estudante ou se especializa em ler e escrever, ou, por outra, concentra seus esforços na fala. Daí se pergunta: não ficaria um tanto manco o desempenho de uma língua apenas sob o prisma da escrita, ou tão somente pela oralidade, seja tal língua a materna ou a estrangeira? A balança não penderia para um lado apenas, o da escrita e da leitura ou o da oralidade? Isto mesmo acontece no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Ou as pessoas são excelentes escrevendo, ou excelentes falando? O ideal é desenvolver as habilidades de ouvir, falar, ler e escrever. Atualmente, inclua-se a questão das habilidades na linguagem das modernas tecnologias. Tantos estudantes, inclusive, universitários, temem as apresentações orais de seus trabalhos. E por quê? Seria necessário responder? Seria necessário perguntar sobre a obrigatoriedade de acompanhar o avanço das tecnologias com fins educacionais?

O equívoco que se formou no processo ensino-aprendizagem deve, provavelmente, haver aí se originado. Uns escrevem e não falam enquanto outros falam e não escrevem. Uns usam os computadores apenas como lazer e outros os utilizam tanto para o lazer quanto para fins educacionais.

Para embasar este comentário sobre métodos, metodologia e abordagens, sejam quais forem às ponderações sobre tais itens, cumpre resumir com Veroneze e Carvalho (2006, p. 10), autores que frisam a característica desta era de “explosão da comunicação”; e afirmam ser responsabilidade do professor a de encontrar alternativas para as quais ainda “estamos buscando respostas”, “em meio a um turbilhão de pensamentos e propostas, que está longe de seu ponto de calmaria, a única certeza é que não há receitas prontas para o ensino de LE (...)”. Veroneze e Carvalho (2006, p. 10).

Redireciona-se o pensamento que move esta reflexão para o debate que precisa ser levado a termo com vistas à produção de conhecimento em torno de três vertentes: 1. Aquela via que condensa o melhor de todos os aparatos metodológicos utilizados desde os primórdios e que produziram algum louvável efeito no processo ensino-aprendizagem de idiomas estrangeiros; 2. A segunda via que aponta para uma tomada de atitude diante da nova realidade social imersa em avanço das comunicações e das TICs; 3. A via que procura equilibrar estas duas anteriores e que, dessa forma, um idioma seja ensinado dentro de um pensamento mais largo e que considere as quatro habilidades comunicativas da audição, da leitura, da escrita e da oralidade.

Borges (2007) dedicou-se, em sua dissertação de Mestrado a estudar a contribuição da Internet para a prática pedagógica dos professores de Língua Inglesa. E é nesse trabalho que buscou identificar as formas de seleção dos recursos da Internet e como eles são aplicados. Então constatou nos resultados de seu estudo de campo em duas escolas públicas que o professor considera a Internet como significativa fonte de materiais e conduzem suas buscas para a necessidade imediata de encontrar conteúdos específicos que atendam aos interesses dos alunos. Por outro lado, os resultados ainda demonstraram reconhecer que os professores pesquisados não dominam completamente os recursos disponibilizados na Internet que poderiam ser utilizados para fins didáticos.

O aprendizado da língua inglesa requer esforço e continuidade. Para se alcançar a proficiência em qualquer idioma há que se conseguir um bom desempenho nas quatro habilidades: reading, writing, speaking e listening. Desejar dominar todas as habilidades com o mesmo grau de excelência é quase utópico e pode gerar problemas nos estudantes que, na dificuldade de conseguir tal intento, ou desistem ou se sentem frustrados.

Outro aspecto que deve entrar em pauta é justamente uma derivação dessa questão de desempenho nesses níveis apresentados. Existem estudantes disléxicos, outros surdos, outros cegos e mais outros com diferentes e distintas características que exigem um ensino apropriado a cada caso. Então é hora de perguntar o quanto estaríamos preparados para ensinar um idioma estrangeiro para alunos com estes perfis, e que, por força da lei e mesmo lógica humana e social, devem ser incluídos nas salas do ensino regular. O que sabemos da LIBRAS se estamos ainda muito arraigados aos primórdios de uma educação cujo desenvolvimento se voltou para os assim chamados alunos normais?

O pensamento moderno caminha, principalmente, na direção da inclusão e do respeito a todos os cidadãos. Trata-se do que se convencionou batizar de “politicamente correto”. Sim, além de correto, é democrático e humano. Por outro lado, convém recordar a dificuldade quanto ao domínio da tecnologia moderna, esta verdadeiramente sob o controle da ala juvenil, mesmo que desse reino nem sempre saiba dirigir-lhe os destinos e utilize a ferramenta tecnológica de forma inadequada quanto à aquisição e produção de conhecimento instrutivo e indispensável à sua preparação para a vida em sociedade e para o sucesso profissional. É, sem dúvida alguma, um mundo novo e para o qual estamos todos despreparados e ansiosos por direcionamentos.

Firmando mais a argumentação nos aspectos ligados ao ensino-aprendizagem da Língua Inglesa, especificamente, cumpre salientar a formação dividida em colégios e universidades com alguns propósitos, no mínimo, frágeis. Ou o ensino tem preparado os estudantes para a comunicação oral imediata, assim como se todos os alunos fossem turistas em potencial. Ou o ensino tem preparado os estudantes para o espaço da folha de papel, a leitura, a tradução e esquece-se da oralidade. Ou, ao contrário disto, capricha na oralidade e forma analfabetos funcionais, noção que surgiu “nos Estados Unidos na década de 30 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra, indicando a capacidade de entender instruções escritas necessárias para a realização de tarefas militares” (Castells, Luke & MacLennan, 1986).

Necessário e indispensável é continuar com o processo já existente e com vistas ao redirecionamento dos objetivos dos cursos de Letras que, geralmente, têm priorizado a formação para o magistério. Entretanto, “nem só de pão vive o homem...”. Como se sabe, a opção de absorção de pessoal capacitado para diversas novas profissões cresce junto com a modernização imposta pelo processo de globalização e pelo avanço das comunicações e da tecnologia de ponta. Existem vagas, mas não existe a preparação dos estudantes para tais fins. Existem possibilidades de bons salários e não há pessoal capacitado. Existem talentos que se revelam na tradução literária e outros que se notabilizam na interpretação da oralidade de um idioma estrangeiro. Essas habilidades que propiciam realização pessoal e profissional não podem continuar nesse status quo, nesse desprezo histórico que mantém aprendizes estudando apenas noções básicas de um idioma e ainda vivendo o momento inicial da formação elitista e excludente.

As considerações em torno de métodos, metodologia e abordagens analisadas por Villaça (2008, p. 9/10) encaminham, pelo menos, para uma concepção mais equilibrada em meio ao interminável debate teórico: “Ao contrário do que se imaginava e tanto desejava, o desenvolvimento de novos métodos de ensino de línguas estrangeiras não significou o fim de problemas e obstáculos relacionados ao processo de ensino/aprendizagem”.

Por certo o equilíbrio que vem da correta interpretação do método, de seu aplicar, refletir sobre a ação e os resultados da aplicação, reaplicar, e assim por diante, e sempre de cada método abraçar o que ele tem de melhor _ e mixar todos os melhores com a concorrência da prática construtiva _ é a posição mais coerente e lógica em torno da educação de qualidade e do ensino-aprendizagem que se renova e apresenta resultados positivos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O discurso dos mais propalados atualmente é o que conclama pela formação do professor pesquisador e produtor de conhecimento com vistas ao enriquecimento e constante renovação de sua prática. Perfeito. Providencial também é, não apenas falar das dificuldades de ordem geral enfrentadas pelos profissionais da educação, mas ressaltar-lhe o empenho em efetiva prática, experimentação e reexperimentação de métodos, metodologias e abordagens. Ressalte-lhes, sobremaneira, o percurso inverso que começa na prática e gera a teoria. Essa fatia de vivências nem sempre é abraçada, privilegiada ou aproveitada como exemplo. Muitas teorizações docentes se perdem no interior das salas de aula, mesmo porque não são anotadas, registradas de alguma forma.

Se o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, no Brasil, oferece inúmeros problemas, daí se reflita quanto ao mesmo no que diz respeito a um idioma estrangeiro. Acrescente-se a isto, a inocência de tantas pessoas que entenderam de criar essa cultura infame de que o inglês é um idioma fácil. Ainda se considere que a ilusão e a expectativa da sociedade é a de ouvir jovens falando fluentemente o idioma inglês, mesmo que os seus ouvintes não reconheçam a single word desse idioma.

O método tem sido considerado e buscado com a mesma ânsia com a qual se quer encontrar um “mapa da mina”, um processo de cura milagrosa que não funciona no processo ensino-aprendizagem. O maior perigo nessa busca consiste em se endeusar métodos, metodologias e abordagens. Sejam quais forem eles, tem cada um duas faces, uma positiva e outra negativa. Assim também não há lugar para descartá-los de todo, mas a atitude mais inteligente e lógica e que oferece resultados satisfatórios é a de aproveitar o lado bom de cada um e amaciá-lo com o líquido do fazer pedagógico, da prática reflexiva e produtiva.

Surge uma nova situação e a perspectiva da utilização das TICs educacionais. Estas estão em destaque absoluto e nisto têm que ser acatadas. É insano querer fazer retroceder a cultura digital e o advento das tecnologias modernas com objetivos educacionais. Entretanto, elas devem ser vistas como uma experiência ainda teórica e que tem que ser abraçada e exercitada para compor o quadro formado pelos seguintes itens: 1. A continuidade da pesquisa para a teorização do novo + 2. O aproveitamento do lado bom dos métodos conhecidos e amplamente testados + 3. A reflexão sobre a prática docente cotidiana + 4. A utilização correta das TICs para a obtenção de uma educação de qualidade +5. A construção de saberes didático-pedagógicos no âmbito das modernas tecnologias educacionais.

Essa junção de esforços contribuirá para o aperfeiçoamento de todo o processo ensino-aprendizagem. E, especificamente, quanto ao ensino da Língua Inglesa, falta ainda sondar sobre quais são as expectativas dos estudantes e tentar encaminhá-los para o sucesso e não para o fracasso da aula fundamental, a imortalizada primeira aula que se inicia pela cantilena em torno do verbo To Be.

REFERÊNCIAS

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Disponível

<http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf>

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taniameneses e Roberto Carlos Bastos da Paixão
Enviado por taniameneses em 24/05/2012
Reeditado em 27/05/2012
Código do texto: T3685286
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