Ler para comunicar melhor

Por Sandra Hasmann

Infelizmente, o hábito da leitura tem sido cada vez menos difundido e as razões são as mais diversas, desde o índice de analfabetismo até a “falta de tempo” alegada pela maioria dos alfabetizados. Esse hábito deveria ser mais cultivado em especial nas escolas, onde desde os primeiros anos os alunos deveriam familiarizar-se com os livros, e quando maiores, deveriam ter como tarefa mensal a leitura de pelo menos um livro.

Não estou com isso tecendo criticas à Pedagogia adotada pelas escolas; mas não consigo furtar-me de lembrar, hoje na condição de Acadêmica e, portanto, comprometida com o saber e com a educação, que devo minha facilidade na comunicação tanto escrita quanto falada, aos inúmeros livros que li ao longo de minha vida, começando pela mais tenra idade quando, apoiada por meus pais, tinha minha curiosidade tão natural às crianças, e conseqüente criatividade, estimuladas e exercitadas através do simples ato de folhear livretos de imagens ou gibis da Luluzinha, do Gasparzinho, da Brotoeja, onde historias de grande teor moral moldavam meu caráter, no princípio através das narrativas dos adultos e posteriormente através de minha própria leitura, quando as personagens criavam vida diante de meus olhos e novos horizontes cheios de possibilidades infinitas me instigavam a querer mais, a ter a certeza de que existia muito mais e que eu poderia conseguir mais da vida e de mim mesma enquanto indivíduo.

Hoje contamos com livros para todas faixas etárias, desde os bebezinhos que começam a ensaiar os primeiros passos e que já podem, durante o banho, brincar com livros de plástico que podem ser levados à banheira, até os maiorzinhos que se encantam com livros coloridos e sonoros, a estimular sua inteligência, associando desde cedo esse habito ao prazer, e não à obrigação ou imposição.

A falta do habito da leitura nos dias atuais gera, quando cobrada, protestos como “falta de tempo”, o que sabemos ser uma falácia (procure no dicionário o significado, caso não saiba...), pois, a administração do tempo passa por estabelecer prioridades. Os protestos diante de um pedido na escola, para ler-se um livro, devem-se à falta do hábito, pois, o mesmo está associado à obrigação e ao desprazer.

Esse hábito deveria ser cultivado o mais cedo possível, mas, se ainda não ocorreu dentro do lar, tal incumbência merece ser assumida pelas escolas. Quem lê aprende a escrever e a comunicar-se melhor, concatena idéias, adquire fluência verbal e argúcia mental. A leitura de um livro abre caminhos, oferece novas possibilidades, estimula a imaginação, ampliando os horizontes e auxiliando na construção do pensamento.

Algo preocupante nos dias atuais é o uso indevido e indiscriminado da Internet. Noto que um novo idioma, totalmente automatizado e destituído do fator EMOÇÃO, está nascendo através do ORKUT, MSN, TWITTER e demais sites em todo o planeta. A comunicação entre os jovens, por escrito, já virou um “código” que expressa mais uma condição ou situação do que emoção e sentimentos. Esse “internetês” por certo facilita e agiliza a comunicação escrita, mas, o perigo está na força do hábito que está vazando para o dia a dia fora da Internet.

- “PQ VC NAUM XEGO NA HR Q EU TE FLEI?” (tradução: “POR QUE VOCE NÃO CHEGOU NA HORA EM QUE EU TE FALEI”?

Vemos que a única preocupação é fazer-se entender rapidamente, só isso. Mas... E na hora de fazer aquele teste para a tão esperada vaga de emprego ou, na hora da redação para o vestibular?! Com esse “vício de linguagem cibernética” que passa a agir de forma autonoma, será possível conseguir atingir o objetivo? Muito difícil...

A verdade é que, do modo como caminham as coisas nesse sentido, os neurônios de nossos jovens estarão tão “adormecidos por falta de uso” que, no mínimo, a pródiga Natureza se incumbirá de destituir os seres humanos do futuro, dessa “ferramenta desnecessária” e, possivelmente, voltaremos a comunicarmos através de mímicas, como nos tempos das cavernas, e tudo girará em torno apenas da preservação da espécie, num mundo inóspito, destituído de sonhos, ideais, encantamento e magia que tanto nos diferenciam - HOJE - das outras espécies animais.

Ler, para estimular o cérebro, manter a lucidez, alimentar a criatividade e... Possibilitar uma comunicação mais clara, sensível, coerente e humana com o próximo...

Sandra Hasmann
Enviado por Sandra Hasmann em 09/05/2012
Código do texto: T3659023
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