Proclamação da República
Uma boa aula sobre a proclamação da república brasileira começa por dividir o assunto em partes didáticas. Não tente falar tudo de uma vez. Gosto do esqueminha:Introdução sobre a proclamação – o que pensam os estudiosos brasileiros sobre o assunto; Discussão sobre o período que começou em 15 de novembro de 1889 e chega aos nossos dias.
1. Comente com seus alunos que quanto ao ensino de História, seja no assunto que for, existem dois especialistas. Historiador, aquele que pesquisa as informações, fica em vigilância permante com frequentes descobertas, pesquisa e formula teorias sobre os acontecimentos que estuda. Historiadores brasileiros, Caio Prado Navarro, Pedro Calmon, Sérgio Buarque de Holanda, Nelson Werneck Sodré, José Roberto do Amaral Lapa, Jacob Gorender, José Jobson de Arruda, Carlos Guilherme Mota, Maria Silvia de Carvalho Franco, Kátia Queiroz Matoso e outros. Professor de História – aquele que toma os conteúdos pesquisados, publicados e passa aos alunos. Uma pessoa pode exercer ou não as duas coisas. Atualmente, alguns professores universitários exercem as duas funções.
2. Como qualquer outra assunto da sociedade e do ser humano, a História é relatada através de um ponto de vista, porque as pessoas ou grupos de pessoas, classes sociais tem que defender seu modo de ver os acontecimentos do mundo para causar ou evitar consequências. A República brasileira é um destes assuntos a respeito dos quais existem, felizmente, diversas interpretações. Devemos analisar todas mas tomar para nós, o ponto de vista que melhor combina com nossa filosofia de vida, com nossa visão de ser humano. O historiador, o professor, o aluno e o cidadão devem ter clara ideia do modelo de interpretação da sociedade brasileira que ele precisa ter.
3. Conceitue com os alunos o que é o período republicano brasileiro, isto é, 1889-2012. De 1500 a 1889 o nosso regime foi monárquico, 389 anos, tendo depois de 1822 seus próprios imperadores. Somos inexperientes na história republicana, 123 anos.
4. Seja claro com seus alunos de que embora a família imperial tenha sido banida do Brasil, seus descendentes estão morando no Brasil e ainda revindicam o retorno do regime monárquico em nosso país. Em 1992 houve um plebiscito (consulta popular) e a sociedade brasileira, não entendeu bem os debates. Vence a continuação da República.
Interpretações sobre a proclamação da República em 1889
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Quartelada - A concepção ingênua sobre a proclamação da república afirma que ela foi mera quartelada causada pelos baixos salários pago aos militares. Não havia nenhum interesse do povo, da sociedade na proclamação da República. O Exército não representava os interesses sociais. Esta é uma perspectiva anticientífica e ingênua. Um de seus seguidores foi o historiador Vicente Tapajós, autor de livros didáticos, nos anos de 1954-1960. Diversos movimentos políticos de independência objetivavam a proclamação da República, influencia que nossos estudantes recebiam na Europa e que vinham da Revolução Americana (1776) e Revolução Francesa (1789). O papel social do Exército é demonstrado quando se pode estudar a Revolta do Vintém em 1879, o apoio popular e estudantil a Floriano Peixoto quando da Revolta Armada (1893), a reação antiditatorial do Exército em 11/11/1955. O Exército foi interprete das várias forças, não apenas da classe militar – representando a classe média. Em 1887 Deodoro foi apoiado ao Senado com pelos abolicionistas e republicanos.
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Teoria dos bestializados - Esta interpretação foi bastante difundida no Brasil pelo Professor José Murilo de Carvalho (UFRJ) e pelos monarquistas. Esta teoria afirma que Dom Pedro II sempre foi querido pelo povo, tinha respeito e imagem paternalista, abolicionista, segundo os tais, a prova disso é que no Brasil tudo é rei (Pelé, Xuxa, Enezita Barroso, Roberto Carlos). José Murilo escreveu um livro “Os bestializados”.
Livros que ajudam:
MOCELIN, Renato. História crítica da nação brasileira. São Paulo: Editora do Brasil.
SANTOS, Joel Rufino. História nova do Brasil (Volume IV). São Paulo: Brasiliense;
SODRÉ, Nelson Werneck. História e materialismo histórico no Brasil. São Paulo: Global Editora. (Especialmente as páginas 27 a 40.