POR QUE ESCREVER?
No decorrer da minha vida de estudante-professor e, depois, professor-estudante fui aprendendo e construindo significados sobre a leitura e a escrita. Isso foi e é importante para mim como escritor (que escreve e não só um ficcionista ou profissional da escrita).
Saber por que escrever não é só direito de quem aprendem, mas um dever de toda a comunidade escolar proporcionar esse aprendizado.
O que venho constatando no meu percurso dentro das instituições educacionais é a falta de clareza sobre os motivos ou necessidades de escrever. Em consequência disso, alunos escrevem para um professor que tem a obrigação de "decifrar" a escrita para somente atribuir determinado conceito sobre o trabalho.
Percebo que a comunidade escolar tem dificuldade em atribuir valor (valor social é um dos principais valores a ser pensado) ao processo de leitura e escrita. Pois há e sempre haverá uma necessidade para se escrever e/ou ler. (Mesmo sendo essa necessidade a mais simples ou trivial). O escritor tem que compreender a motivação do seu ato de escrita. Como também o leitor perceber a motivação do seu ato de leitura.
Lê-se para identificar elementos de um produto, compreender regras de um jogo, perceber tempo e espaço, orientar-se dentro de um grupo entre outras motivações. Escreve-se para guardar informações de um tempo, organizar relações interpessoais, comunicar fatos, orientar procedimentos entre outros. E também lemos e escrevemos pelo simples prazer. Até mesmo essa fruição está deslocada no processo ensino-aprendizado da leitura e escrita.
Trabalhar essas duas habilidades é compromisso não só do professor de português, pois todas as outras disciplinas necessitam desse instrumento para se realizar. Essa proposição já é muito gasta e todos já ouviram uma vez na vida, mas parece que o ensino-aprendizado de alguns conteúdos ou a ação educativa de alguns educadores vem se afastando cada vez mais da compreensão e do uso da língua.
Por isso todos os professores devemos ser escritores e leitores competentes. Precisamos gostar e praticar leitura e escrita diariamente. Outra necessidade é a urgência dos educadores pensarem em trabalhar com projetos inter e transdiciplinares. Já é tempo de pararmos de pensar em disciplinas estanques que não se relacionam com a vida do aprendiz e com outras áreas do conhecimento. Senão continuaremos fadados a ouvir a já desgastados adjetivos (ou jargão?): analfabeto funcional e iletrado.
Valdir dos Santos Lopes
Estudante de Pedagogia pela Unesp/Univesp
Pós-graduado em Psicopedagogia pela Funepe