ELOGIOS, SIM OU NÃO?
As crianças nos surpreendem a todo instante. Pais, mães e, principalmente, avôs e avós não cansam de enxergar nos pequenos, atitudes que, na sua concepção, nunca nenhuma criança teve em toda a história e, em virtude disso, lá vai um elogio.
Educar as crianças é uma tarefa cada vez mais difícil e que exige dos pais malabarismos e estratégias e o elogio é um dos artifícios mais utilizados para que a criança se sinta valorizada e corresponda àquilo que dela se espera.
É normal que a mãe, ao tentar convencer o filho a se alimentar na hora do almoço ou do jantar, utilize adjetivos como forte, grande e bonito enaltecendo as qualidades de quem come tudo. Normalmente quem come tudo ganha os parabéns e quem não limpa o prato acaba virando passarinho ou não tendo força para chutar uma bola ou carregar uma boneca.
Mas é necessário que quem educa saiba até onde o elogio faz bem à educação da criança e quando passa a ser um problema, pois uma criança adulada em excesso pelos pais, pode crescer esperando o mesmo de todas as pessoas.
Embora o elogio seja útil para aumentar a autoconfiança da criança, existem outros métodos que se mostram mais eficazes, pois a própria criança vai perceber que seus talentos e sua capacidade geram resultados positivos. Vejamos alguns:
- Inclua a criança naquilo que você está fazendo: desde que você se lembre de que o trabalho da criança não precisa ser perfeito e que ela tem limitações induzidas pela sua pouca experiência, ela vai se sentir útil e enxergar o resultado da sua colaboração quando o trabalho estiver concluído.
- Apresente os obstáculos na dosagem certa: se você apresenta uma dificuldade grande demais, a criança perde o estímulo e desiste, porém se o grau de dificuldade for aumentando na medida de sua familiaridade com o trabalho executado, ela se sente incentivada a superar cada etapa.
- Não corra para ajudá-la na primeira necessidade: a criança que não experimenta a frustração perde a oportunidade de aprender com os próprios erros. Deixe-a errar e depois oriente convenientemente, ela vai aprender a discernir o certo do errado e, sempre que se encontrar em situação semelhante, saberá optar.
- Permita que os desafios e as dificuldades também ocorram fora de casa: a criança precisa participar de grupos de natação, aulas de música, jogos coletivos, que a ajudarão na sua socialização.
- Saiba dosar a crítica, assim como o elogio: se você acha que um trabalho poderia ser melhor, mas percebe a criança satisfeita com o resultado alcançado, seja parcimonioso na crítica.
Lembre-se sempre que os elogios, por si só, não contribuem para que a criança cresça e procure novos desafios. Da mesma forma, quando a criança sabe o que quer e sabe reconhecer suas conquistas, não irá se abater por uma crítica. É bom, embora difícil, encontrar um meio-termo.
Em vez de ficar distribuindo elogios, preste atenção ao que seu filho faz ou diz. Mesmo que você não concorde, ouça o que a criança tem a dizer. Encontre tempo para fazerem alguma coisa juntos, sempre respeitando suas inabilidades e suas limitações.
Por fim, lembre-se que a construção da identidade da criança acontece pelo resultado das suas atividades e pelo sucesso daí advindo. Os elogios e as críticas, dosados e sinceros, serão o tempero para a auto-estima da criança.