A VAIDADE ESCATOLÓGICA DA VIDA.

Por Carlos Sena.


 
A vaidade humana poderá ser diminuída de forma prática:
 
 1 - através da merda.
 2 – através da morte.
 
Através da merda a gente vê como todos carregam dentro de si essa coisa fedorenta que nem mesmo o dono dela aguenta quando a expulsa de dentro de si. Através da morte porque mesmo quando sabendo que se caga, mas se continua intransigente com a vaidade, então vem ela, a dona morte, e “pimba”, leva o sujeito pros quintos dos infernos!
A vaidade humana talvez seja o maior empecilho para a obtenção de um mundo melhor, mais solidário, mas humano. Poderíamos perguntar: afinal, em que bases se estabelecem as vaidades? Independente de conceitos religiosos, cremos que a vaidade exagerada – aquela que só serve pra humilhar semelhantes e alcançar objetivos escusos estejam calcadas na estrutura de caráter e personalidade de grande parte das pessoas que se alimentam dela e a transforma em modo de vida. Certo que há quem, no decorrer da vida, no duro exercício de cair e levantar, aprenda a ser solidário e até deixe de ser vaidoso nesse pior sentido da palavra. Há o sentido ameno dessa palavra: aquele em que as pessoas se sentem regozijadas diante de fatos e situações. Exemplo: a madre Tereza de Calcutá talvez tenha sentido vaidade por dentro diante de tanta coisa boa que proporcionou a humanidade. Essa vaidade talvez seja irmã gêmea da inveja boa – aquela que a gente sente diante do sucesso de outrem e busca igual realização por méritos próprios.

Saber que o outro caga não é nada novo. Desde que o homem nasce que ele caga (acho defecar horrível), da mesma forma que conduz dentro de si vaidades mil. Do mesmo jeito, o homem morre. Até hoje ninguém ficou para a “semente”, mas nem mesmo isto tira de algumas pessoas o asco que geralmente a vaidade conduz no seu bojo. Podemos colocar neste contexto mais um ingrediente: o materialismo que assola a humanidade fincada no capitalismo! Este assunto nos remete a doutrina espírita, mas não queremos dar a essa prosa conotação nesse nível. Contudo, há que se entender que não há vaidade senão diante de valores que se possam medir, pesar, contar – ingredientes fortes no jogo das vaidades.
Certo dia, diante de um rapaz ansioso porque que tinha uma entrevista para emprego, recebeu o seguinte conselho: “não fique nervoso para a entrevista. Soube que você não dormiu preocupado. Pegue seu ônibus e não pense no cargo do gerente nem na sua importância social. Pense apenas que ele caga! Caga igual a você e com todos os ingredientes do antes, durante e depois”... Após esse conselho sábio, escatológico, mas prático, o rapaz foi, fez a entrevista e ganhou o emprego.


Há certas situações que não podemos enveredar pelo intelectualismo que não resolve. No geral não são práticas. No particular também nada servem por absoluta falta de oralidade. Assim, a vaidade humana prossegue em pleno terceiro milênio – era do conhecimento, mas ao mesmo tempo, do homem que claudica diante de si mesmo e soberbo de vaidades primitivas. Um belo dia, como o tempo passa para todos, os extremistas da vaidade talvez se esqueçam até que sejam feitos de carne e osso, embora já idosos. Nesse “cochilo” existencial, vem a morte e nivela por baixo, ou por cima. Assim, esses que se julgam acima do bem e do mal como certos políticos, mais cedo ou mais tarde são tolhidos pela dona morte, já que vivem a vida toda fazendo merda na grande privada que é Brasília. A nós, pobres mortais,  compete suportar o fedor de bosta, pois a maioria deles diz que caga em nossas cabeças e limpam o “fiofó” com a opinião pública. Pelo menos quando eles batem a “caçuleta” a gente se sente vingado até que um dia aconteça uma faxina geral no “cagador” do Planalto Central e a gente respire aliviado.