Acidentes e Suas Causas
Ao se optar por viver em concentrações urbanas que se ampliam desordenadamente, potencializaram-se os riscos de acidentes nos lares, ambiente de trabalho, transporte, lazer, atividade humana em geral.
O acidente e o incidente, em geral, não são acontecimentos fortuitos ou obra do destino, senão a conseqüência da imprevisibilidade, falta de atenção, desinteresse e ignorância.
Se as cidades crescem desordenadamente, se há falhas nos projetos, nas máquinas e na manutenção; se não se cuida devidamente do meio ambiente e dos seres humanos, toda a sociedade é responsável: os governos em todos os níveis e as pessoas que por vontade ou falta dela permitem o continuísmo na administração pública, a ineficiência, a desumanidade. Todos têm sua parcela de responsabilidade.
Todo acidente tem uma causa e quase sempre poderia ser evitado. Dois fatores determinam, isolada ou combinadamente, qualquer um: uma condição e um ato inseguros. Por detrás deles estão os erros que se sucedem em cadeia e causadores de pequenos acidentes como de grandes catástrofes. A sua análise nos levará à conclusão que ele poderia ser evitado. Há causas psicológicas sempre presentes: a pressa, a desatenção, a falta de treinamento e o desinteresse pelo que se realiza.
A desatenção é um estado de torpor psicológico, ausência que nos faz estar em muitos outros lugares distantes daquele em que nos encontramos, desviando o foco da inteligência daquilo que realizamos. Essa ausência mental é causadora de muitos acidentes. É necessário cultivar o hábito da atenção no que se faz para evitar pequenos e grandes transtornos. Um instante de desatenção poderá nos tirar a vida ao atravessar uma via pública ou dirigir falando num celular.
E de onde provém a desatenção? Qual a causa?
Todos vivem muito apressados, pressionados por compromissos e horários, numa louca e absurda carreira que chega a comprometer a saúde física e psicológica. Ao fazer tudo apressadamente, a qualidade do que se realiza fica comprometida; a correria leva ao automatismo, à desatenção, ao desprezo pelos detalhes que mereceriam um olhar mais detido e cuidadoso. É como se as pessoas corressem atrás de um futuro que não chega nunca; e almejassem um final sobre o qual se precipitassem sem saber qual seria.
A pressa é uma doença causadora de erros, acidentes e desentendimentos; urticária psicológica que atormenta, tornando as pessoas desatentas, esquecidas, ineficazes. Leva-nos a falar demais, correr e ser superficial; uma fuga, incomoda hóspede psicológica, uma incompreensão, falta de conhecimento. Por detrás dela há um defeito que se chama impaciência, doença moderna que danifica o sistema nervoso.
No livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, o educador González pecotche afirma que “o impaciente é um escravo do tempo, desse tempo fantasmagórico que nada tem a ver com o autêntico, que tão frequentemente o homem dissipa em banalidades, justamente por desconhecer seu real valor.” E que“ a paciência é uma das virtudes mais valiosas e também mais difíceis de alcançar. Todavia, sua posse não é impossível, seguindo-se rigorosamente o processo de compreensão, adestramento e realização que a colocará em seu alcance. “
Saber esperar é o mesmo que saber viver, desde que a espera não seja passiva, a que faz sofrer.
O desatento é facilmente enganado por ser a ingenuidade fruto da esterilidade mental, sinônima de inconsciência. A desatenção leva ao descuido e à irresponsabilidade que prejudicam as pessoas em qualquer atividade.
A atenção e o cuidado são predicados indispensáveis para se evitar acidentes cujas conseqüências podem ser males irreparáveis.
Nagib Anderáos Neto
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