O SINTERO DA ERA DA “MANOELCRACIA”

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-la." Françoise Marie Arouet Voltaire

1- É sabido que professoras, professores, merendeiras, pessoal de apoio, vigia, supervisores, enfim, os trabalhadores da educação do Estado de Rondônia estão de greve desde o dia 23 de fevereiro de 2012. O que as pessoas não param para pensar é que num universo de 24 mil servidores segundo diz o Governo do Estado, quem está em greve constitui uma minoria. Quando o presidente do SINTERO grita que a “maioria” aderiu ao movimento, esta “maioria” é, de fato, a maioria de uma minoria que se submete a seguir como um rebanho bem adestrado a patota do “SINTERO somos sempre nós” que detém a hegemonia do poder sindical a mais de vinte anos a fero e a fogo, a qualquer custo da ética, sem nenhum adversário a sua altura. Eles, sempre foram incomparavelmente imbatíveis, graças ao poder econômico e ao controle do aparelho sindical sob seu controle. A oposição não é nada diante deles: não passam de um grupinho de teimosos sonhadores que tentam quase que de forma suicida, vencer esse pessoal nas urnas ou na tribuna das ditas assembléias convocadas pela supracitada patota.

2- Esta a primeira greve do atual sumo pontífice do alto clero de dirigentes do SINTERO, Manoel Rodrigues [bcc]. A conjuntura tem conspirado ao seu favor como parece pelas coisas que vem acontecendo. O aparente sucesso do “movimento paredista” não é fruto de um maduro processo de educação sindical, pois isso deixou de acontecer a contento desde o dia em que seu líder fundador, Roberto Sobrinho, conseguiu saltar para o mundo da política e se tornar secretário da educação do prefeito Guedes e pouco tempo mais tarde, se tornar o burgomestre de Porto Velho. Existem outros fatores ligados a mudanças na conjuntura nacional, ao longo da história, que contribuíram para o SINTERO, gradativamente, ir deixando de ser um sindicato de base, de luta política nos locais de trabalho para se tornar o sindicato de resultado que é hoje. O SINTERO de hoje, é o que tem sido todos os sindicatos filiados a Força Sindical de sempre! O SINTERO tornou-se pragmático, de resultado e eleitoreiro, não diferindo, substancialmente, do ideal de sindicalismo representado pela Força Sindical. Isto porque a CUT a qual ele está filiado também mudou desde a primeira eleição de Lula para presidente da República. Atualmente não difere tanto de sua aparente rival.

3- As reais intenções que movem essa patota a fazer o que fazem são ofuscadas pelas falsas intenções oficiais propagandeadas pela patota por todos os meios midiáticos possíveis para que o filiado comum não perceba a tempo de impedi-los. É,... o sindicalismo pode ser movido por razões puramente ideológicas no sentido perverso dado pelo marxismo a palavra ideologia. Em outros termos: ideologia como máscara da realidade. É verdade que a categoria tem motivos econômicos para fazerem greve, mas esses motivos não explicam tudo! Quando a patota informa na televisão e durante as assembléias que a greve é por salário justo, valorização salarial e melhoria da qualidade de ensino, o que vemos na prática que o que mais interessa é o aumento salarial que se pode conseguir. Da parte do cardume ali reunido em sua maioria, o que interessa de fato é o MONEY mesmo. Da parte da patota dirigente, o que interessa é se refazer politicamente diante da categoria dos estragos e desgastes políticos sofridos durante a gestão do governador Ivo Cassol e preservar os interesses econômicos paralelos e ocultos que estão em jogo. O resto é conversa para boi dormir.

4- Fazem parte desse joguinho oculto, por exemplo, a construção da nova sede, do novo “Vaticano”. Digo oculto, porque nem sequer havia na placa de informações da obra o valor total do gasto que será feito. Coisa que o ilustre irmão em Cristo, o professor e Secretário Geral da entidade só colocou depois que esse historiador que vos escreve agora questionou esse duvidoso “esquecimento”. Além disso, quando foi mesmo que a categoria foi consultada e autorizou tamanha obra de construção? Houve licitação? Quem é o engenheiro responsável mesmo? Ah, mais isso, a maior parte da categoria que vai as assembléia não quer saber. Os espertos do alto clero da direção sindical comemoram, mas estão super alerta aos ditos “adversários” históricos como o professor Francisco Batista, conhecido como Pantera que podem investigar e descobrir outras coisinhas a mais, sujas, que correm pelos bastidores dessa greve e dessa direção.

5- Por essa e outras razões é que desde o começo da greve no dia 23 de fevereiro, o professor Haroldo Félix e outros monges, em suas diversas falas, têm procurado alfinetar, indiretamente, os seus adversários fazendo por alguns instantes, à categoria perder o foco do movimento com o objetivo de desqualificar, preventivamente, qualquer eventual fala de qualquer um dos inúmeros discordantes dessa longeva direção. Cito como exemplo disso, a reação absurda a fala do professor Pantera no dia 08. Neste dia o presidente deu formalmente a palavra, mas permitiu que a pessoa que falou depois dele o desqualificasse publicamente e sem meias palavras. Resumidamente falando, o professor de Jarú Wilson Lopes, argumentou que o Pantera deveria se calar porque tem cargo comissionado dentro do atual governo.

6- Ora bolas, se esse argumento fosse válido, a maioria que compõe a direção do SINTERO não deveria falar nunca, pois eles fazem parte do PT [Partido dos Trabalhadores] e este partido faz parte da base aliada do Governo do Estado de Rondônia. O marido da ex presidente da entidade, também, tem cargo comissionado dentro do governo, logo, ela jamais deveria sequer ser presidente do sindicato. Mas, esse argumento só serve para o professor Francisco Batista como parece. Após a agressão verbal sofrida pediu ao presidente Manoelzinho o direito de réplica e este, movido por um democratismo casuístico, perguntou para a assembléia ali reunida se o professor poderia se defender? A claque da patota do “SINTERO somos nós sempre” que atuam em todas as assembléias como uma espécie de animadores de auditório induziu o restante ali presente, pelo o menos a maioria, a não deixarem o Pantera se defender das acusações sofridas.

7- Esse fato mostra o tipo de democracia que os representantes da categoria dos trabalhadores da educação praticam na realidade. A democracia que ousam cobrar do governo atual! Como são caras-de-pau! Nesse momento, o que foi visto de verdade foi a “manoelcracia”: uma variante deturpação católico-carismática sindical da democracia representativa que eles dizem seguir. O presidente que deveria respeitar o direito a fala, censurou-a publicamente. Porque quem queria falar era um adversário político, não um fiel seguidor. Não era uma das suas ovelhas ali presentes ou lobo aliado, mas o pantera! Manoelzinho começou muito bem sua primeira greve espetáculo, fazendo Voltaire se mexer dentro do túmulo e reforçando o sentimento fascista oculto dentro de muitos professores como esse tal Wilson Lopes que só saem do armário quando se dão conta que seus amiguinhos ideológicos estão em perigo.

Fonte: http://moisespeixoto.blogspot.com/2012/03/o-sintero-da-era-da-manoelcracia.html