E nos lares à noite, entre os apagões e a tosca claridade dos candeeiros à querosene, e o bruxulear compulsivo das chamas acesas, refrescadas e apagadas, às vezes, pelo vento que se esmerava em entrar por debaixo da porta e frestas das janelas, muita criança aprendeu a ler, a contar, e a escrever pertinazmente, também pelo uso constante de uma nova escrita ! "Sua história de vida"... refletida na tela da memória de cada uma. Apesar de tudo, o Areeiro serviu de palco e cenário compulsivo e riquíssimo em cores e atores, sob o fundo musical do coral da natureza, o cantar dos passarinhos, o estrilar das cigarras ressurreitas, o roncar das enxurradas e o vociferar das rodas e os motores nas estradas, contemplando à execução de verdadeiras peças teatrais ao ar livre, sem roteiros nem final, repetindo e construindo valores inerentes à consecução de uma nova vida impregnada de materializações de sonhos em comum. Sonhos recheados de paciência aliada a resistência, a perseverança nos embates mais difíceis, a natureza das ações naturais mescladas à dores, dissabores e amores indeléveis.
Os seres vivos ali presentes, faziam parte de um elenco diversificado de atores, protagonizando cenas de uma peça reconhecida e cultuada universalmente, chamada vida. Vida na linguagem de certos estudiosos é a tentativa de um equilíbrio dinâmico, ou seja, uma tentativa de equilíbrio que só se consegue definitivamente, quando se morre. Não há mais nada o que fazer, trocar, almejar, buscar, pensar, sonhar, mover-se, amar. Seria um alcançar antitético à manutenção da vida, já que se trata de uma tentativa...travar-se-ia então, uma luta frequente entre o fazer e o desfazer imediatamente, para se tentar fazer mais uma vez e assim, manter-se vivo através de um moviemento dialético constante. Manter-se vivo sem ter que passar pela inconstância do equilíbrio é um martírio só evitado no paraíso bíblico chamado Éden . No Areeiro não ! Lá se tinha motivos de sobra para a assunção à eternidade, segundo tal conceito explicitado sobre vida. E a vida no Areeiro ultrapassava aos limites estritos do biológico, para atender a ousadia irracional de buscar-se no extraordinário, no incompreensível, no desequilíbrio gerado pelos contratempos, irremediavelmente, encontrados na busca do inatingível, a razão maior do "ser e o tentar". Na minha visão "O Tentar ser reflete-se, ao final, na razão total de toda existência"...
A maioria dos problemas atinentes a outras regiões de Camaragibe apresentavam um umbral de tolerância quase que semelhante ao do Areeiro. As pequenas diferenças ficavam por conta da discriminação de pobres contra os mais pobres ou os pobres contra os miseráveis. No Areeiro da época, ter um emprego certo e registrado em carteira era símbolo de sucesso (status), embora grande parte fosse de operários da Fábrica de Tecidos de Camaragibe, fundada pelos Engenheiros Antonio Carlos de Menezes e o Frances Pierre Collier em 1893. Por sinal, a fundação da fábrica com a sua vila para abrigar seus operários, foi um marco histórico importante para a povoação da região. A vila da fábrica situava-se em torno das cercanias da fábrica e se estendia até ao atual centro de Camaragibe. A escola Estadual Frei Caneca (1968), situada no centro, foi construída em terrenos obtidos após a derrubada de casas da vila. A própria Rua Adélia Collier era totalmente constituída de casas da vila. Lá situava-se um clube frequentado pela "alta" sociedade chamado "Vesúvio."
Ainda com relação aos habitantes do Areeiro, razões se tinha às turras para que os mesmos pudessem manterem-se vivos. "Viver sem problema não é viver" ! Vegeta-se!.. Não se tem mais vida de relação. Consequentemente, bloqueia-se o convívio com outras pessoas e o ser flutua isolado em pensamentos hermeticamente fechados em si e sobre si. Viver é algo muito mais amplo que o isolacionismo pessoal, transcende ao limite da introspecção pessoal para se abrigar num infinito de possibilidades humanas que se espalham no convívio social.
Os seres vivos ali presentes, faziam parte de um elenco diversificado de atores, protagonizando cenas de uma peça reconhecida e cultuada universalmente, chamada vida. Vida na linguagem de certos estudiosos é a tentativa de um equilíbrio dinâmico, ou seja, uma tentativa de equilíbrio que só se consegue definitivamente, quando se morre. Não há mais nada o que fazer, trocar, almejar, buscar, pensar, sonhar, mover-se, amar. Seria um alcançar antitético à manutenção da vida, já que se trata de uma tentativa...travar-se-ia então, uma luta frequente entre o fazer e o desfazer imediatamente, para se tentar fazer mais uma vez e assim, manter-se vivo através de um moviemento dialético constante. Manter-se vivo sem ter que passar pela inconstância do equilíbrio é um martírio só evitado no paraíso bíblico chamado Éden . No Areeiro não ! Lá se tinha motivos de sobra para a assunção à eternidade, segundo tal conceito explicitado sobre vida. E a vida no Areeiro ultrapassava aos limites estritos do biológico, para atender a ousadia irracional de buscar-se no extraordinário, no incompreensível, no desequilíbrio gerado pelos contratempos, irremediavelmente, encontrados na busca do inatingível, a razão maior do "ser e o tentar". Na minha visão "O Tentar ser reflete-se, ao final, na razão total de toda existência"...
A maioria dos problemas atinentes a outras regiões de Camaragibe apresentavam um umbral de tolerância quase que semelhante ao do Areeiro. As pequenas diferenças ficavam por conta da discriminação de pobres contra os mais pobres ou os pobres contra os miseráveis. No Areeiro da época, ter um emprego certo e registrado em carteira era símbolo de sucesso (status), embora grande parte fosse de operários da Fábrica de Tecidos de Camaragibe, fundada pelos Engenheiros Antonio Carlos de Menezes e o Frances Pierre Collier em 1893. Por sinal, a fundação da fábrica com a sua vila para abrigar seus operários, foi um marco histórico importante para a povoação da região. A vila da fábrica situava-se em torno das cercanias da fábrica e se estendia até ao atual centro de Camaragibe. A escola Estadual Frei Caneca (1968), situada no centro, foi construída em terrenos obtidos após a derrubada de casas da vila. A própria Rua Adélia Collier era totalmente constituída de casas da vila. Lá situava-se um clube frequentado pela "alta" sociedade chamado "Vesúvio."
Ainda com relação aos habitantes do Areeiro, razões se tinha às turras para que os mesmos pudessem manterem-se vivos. "Viver sem problema não é viver" ! Vegeta-se!.. Não se tem mais vida de relação. Consequentemente, bloqueia-se o convívio com outras pessoas e o ser flutua isolado em pensamentos hermeticamente fechados em si e sobre si. Viver é algo muito mais amplo que o isolacionismo pessoal, transcende ao limite da introspecção pessoal para se abrigar num infinito de possibilidades humanas que se espalham no convívio social.