Os dez princípios que qualificam a pratica e formação continuada do profissional da educação.

José Oreste Lopes de Souza

Os dez princípios que qualificam a pratica e formação continuada do profissional da educação.

Resumo:

Esta resenha é uma avaliação parcial da Disciplina Docência Superior sob a orientação do Prof. Dr@ Sebastião Guilherme dos Santos Junior, para obtenção de nota no Componente Curricular supracitado, no curso Mestrado Stricto Sensu da Universidad Tres Fronteras, Assunção/Paraguai.

Resenha:

Vicente Martins, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Estado do Ceará, faz uma reflexão pertinente com base no decálogo que contem os dez princípios para atividade docente de um bom professor do novo milênio, que nas palavras de Martins “é um século marcado pela informação e pelo conhecimento tecnológico”. Os dez princípios são marcados por dez questões assim distribuídas: 1° Aprimorar o educando como pessoa humana; 2° Preparar o educando para o exercício da cidadania; 3° Construir uma escola democrática; 4° Qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho; 5° Fortalecer a solidariedade humana; 6° Fortalecer a tolerância recíproca; 7° Zelar pela aprendizagem dos alunos; 8° Colaborar na articulação da escola com a família; 9° Participar ativamente na proposta pedagógica da escola; 10° Respeitar as diferenças.

O texto apresenta uma divisão de tópicos explicativos de cada princípio que compõem um bom andamento de praticas eficiente no contexto educacional. No primeiro principio o autor comenta sobre o aprimoramento do educando enquanto pessoa humana, e como o professor deve agir diante de situações de dores, incertezas, inquietações que povoa a mente humana, assim o educador tem o papel de instruir o educando a viver no mundo tecnológico. O segundo principio aborda a preparação do educando para agir no exercício de sua cidadania, com base neste contexto Martins fala sobre a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) 9394 de 20 de dezembro de 1996 metaforizando-a como uma “bíblia sagrada” do professor algo que deve ser sempre consultado e avaliado para que a docência tenha seu fundo real o de mostra-se critica e evidente diante das dificuldades do educador e pronta a atender sua matéria prima o educando, auxiliando na articulação que legitima as leis educacionais do Brasil. O terceiro princípio aborda a construção de uma escola democrática. Democracia participativa gestão que o educando deve esta sempre atento e pronto a conhecer seu deveres e direitos em uma sociedade, princípio que rege a consciência de auxiliar os discentes a terem inquietação e desejo de exercitar sua democracia. O quarto princípio aborda a qualificação do educando para progredir no mundo do trabalho sua preparação ética e discernimento para enfrentar o mundo da tecnologia, e como Martins aponta no texto “a vida é um processo inacabado” onde o discente deve estar pronto a aceitar perdas, vitorias e acima de tudo aproximar-se do novo que vem nas novas ocupações e aplicabilidades. No quinto princípio Martins aborda o fortalecimento a solidariedade humana neste principio o autor mostra o papel da escola sua atuação para que o discente possa interagir com o meio que o cerca de forma autônoma e com laços de humildade recíproca. No sexto principio aborda sobre o fortalecimento a tolerância recíproca. Aceitação as diversidades de cada educando que se fundamenta de tal maneira a respeitar e a tolerar sua individualidade como ser humano. O sétimo princípio comenta sobre o zelar pela aprendizagem dos alunos não apenas sua forma conteudística, mas sua aprendizagem enquanto pessoa apta a intervir de forma social humanística. No oitavo princípio Martins aborda a articulação da escola com a família, nesse principio é evidenciado o papel que a família tem com a educação dos discentes a colaboração da família torna-se algo imprescindível para a aliança de uma pedagogia de conhecimento mútuo, compartilhado e mais solidário. O nono princípio aborda a participação ativa na proposta pedagógica da escola, neste principio Martins menciona sobre a participação ativa dos educadores no processo de construção dos planos e metas que a escola almeja. Nas palavras de Martins o professor que não participa “se trumbica”, se perde no espaço. Não se vale do seu direito maior o de professor critico. No décimo principio Martins aborda o respeito às diferenças comentando sobre a necessidade de se respeitar as individualidades de cada discente, e que infelizmente mesmo diante do século XXI ainda se percebe preconceito das mais variadas formas tanto no contexto aluno x aluno, como também professor x aluno ou vice-versa.

Devido a toda modernização educacional pelo qual os educadores estão sendo preparados, ou melhor, incentivados a adequar-se uma das propostas interessantes e cobradas ao longo dos tempos é qualificação do profissional da educação, bem como sua postura frente à docência e como resultado desta situação a sua formação enquanto pessoa humana qualificada e preparada há conhecer o século XXI, marcado por toda era da informação e tecnologia. Os tempos modernos requer educadores qualificados, conscientes e críticos capaz de auxiliar o discente de forma a conhecer seu espaço no mundo do ensino, preparando-se a vivenciar a igualdade e solidariedade com ética e responsabilidade. O educador deve sempre manter sua personalidade e seu senso critico esta sempre a procura de coisas novas – refiro-me a cursos entre outros meios que possibilite o educando a esta sempre em contato com as novas tecnologias. O educador responsável procura sempre no seu âmbito de trabalho deixa os educandos livres, apenas mediando sua interação de aprendizagem, deixando-os a formular sua critica diante das discussões propostas.

Ensinar requer gosto pelo que faz, é momento de mostrar-se cidadão diante da mais sublime missão é esclarecer que a escola é espaço de interação, luta que auxilia verdades rumo à democracia. Segundo Martins:

A formação de valores vinculados à cidadania é a principal missão de uma escola verdadeiramente democrática e popular. A ética e a moral devem ser sistematicamente trabalhadas em sala para que o aluno, futuro cidadão, possa então, na vida em sociedade, saber conviver bem e em paz com o próximo.

Se de um lado, primordialmente, devemos ter como grande finalidade do nosso magistério o ministério de fazer o bem às pessoas, fazer o bem é preparar nosso educando para o exercício exemplar e pleno da cidadania.

(MARTINS, s/d, s/p.)

A cidadania mostra o individuo presente na sociedade, não começa no ato de registro civil, mas na escola desde a mais tenra idade, pois é neste espaço que o educando encontra-se como ser em construção na busca pelo seu ideal de vida a sua força motriz existencial seu amplo desenvolvimento enquanto ser cidadão que vive no mundo recheado de informações que circulam dia-a-dia e que o aproxima cada vez mais do ato humano de respeito a outro cidadão. A escola tem um papel impa na construção desse ideal de força motriz segundo Libâneo:

Ao contrário, pois, do que alguns pensam, existe lugar para a escola na sociedade tecnológica e da informação, porque ela tem um papel que nenhuma outra instância cumpre. É verdade que a escola precisa ser repensada. E um dos aspectos mais importantes a considerar é o de que a escola não detém sozinha o monopólio do saber. Há hoje um reconhecimento de que a educação acontece em muitos lugares por meio de varias agências.

(LIBÂNEO, 1996, p.25-26)

Assim, a escola é considerada um meio pelo qual o individuo age diante do mundo, diante da sua modernidade mesmo vivenciando uma esfera de transformação o convívio social que o educando tem na escola é que o transforma como um agente transformador um ser critico. E o espaço político que a escola é e faz o discente se ver e conscientizar-se do ato social e político que a própria o proporciona. O fazer docente traz toda diferença é nesse jogo dinâmico que os educadores podem auxiliar na transformação de um ser critico único capaz de intervir de forma positiva a conhecer sua identidade diante dessa modernidade que os meios educacionais esta proporcionando e que a cada dia tem o poder de transforma o fazer docente.

O texto de Vicente Martins dinamiza o processo educacional de tal maneira que o educador pode por si só busca compreender fenômenos tão antigos e tão presentes de uma forma clara. O decálogo passa a ser moderno. Mesmo estando em um século voltado para era da tecnologia os princípios que rege o a nova escola se apóia ainda em questões fundamentadas ao longo dos séculos e isso faz do texto de Martins um verdadeiro manual de professor, não um manual pronto e acabado, mas sim um manual em processo e inacabado como o próprio autor menciona no seu quarto princípio. O educador engajado em conhecer a escola onde atua e/ou até mesmo atuará conhecendo os dez princípios norteadores da nova realidade educacional pode conscientizar a postura do educador diante da realidade. Quando se pensa em um educador critico o texto de Martins reflete sobre educador que de alguma forma procura sempre rever suas práxis e metodologias de ensino, por conseguinte sabe-se que a escola não é um monopólio do saber como esclarece Libâneo na citação supracitada, mas um local onde a socialização deve sempre ser um ponto firme da situação uma base para atuação da sociedade que busca de alguma maneira interagir com a escola.

As reflexões suscitam indagações necessárias a o ofício de professor pensando nessa situação conceber o ensino de qualidade não é apenas tarefa do professor, mas de toda esfera governamental e social aliando-se a uma postura sócio-interacionista onde cada vez pode-se rever e requalificar sua pratica e se distanciar de traços de uma educação tradicional que tem que esta longe dessa nova escola.

Com a missão de “Garantir o acesso e permanência de todos os alunos a um ensino efetivo para construção da cidadania”, desenvolvendo uma educação em que os valores da ética, cidadania e do bem comum sejam reconhecidos como fatores essenciais à formação de nossos educandos para a promoção de uma sociedade mais justa e humana.

Sendo assim é necessário traça diretrizes que forme cada vez mais profissionais dentro da escola com projetos e capacitações continuada. A formação continuada propõe uma metodologia que colocará o profissional a par das discussões teóricas atuais, com a intenção de contribuir para as mudanças que se fazem necessárias para a melhoria de sua ação pedagógica e conseqüentemente para a obtenção de resultados mais satisfatórios dos apresentados atualmente.

Nóvoa (2005) e Perrenoud (2000) dizem que a teoria tem que estar diretamente vinculada à prática. “É certo que conhecer novas teorias, faz parte do processo de construção profissional, mas não bastam, se estas não possibilitarem ao professor relacioná-las com seu conhecimento prático construído no seu dia-a-dia”. Nóvoa também afirma que:

(...) concluir o magistério ou a licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que não pode ser interrompido enquanto houver jovens querendo aprender. (...) manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador (2003).

E o que é ser educador? À luz do pensamento de Rubem Alves há uma grande diferença entre ser professor e ser educador. Ele afirma que

(...) professor é profissão (...). Educador, ao contrário não é profissão; é vocação. (...) O educador (...) habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos. O professor (...) é funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas. É uma entidade gerenciada, administrada segundo a sua excelência funcional, excelência esta que é sempre julgada a partir dos interesses do sistema. ( 1982: 11, 14-5 )

Se ser educador é visualizar horizontes visando formar o homem em sua plena “humanidade”, como ser capaz de pensar, criar, amar, perseguir alvos e lutar por eles.

(...) então, podemos chamar de educador aquele que com sua prática contribui para a credibilidade da escola e do pleno exercício da cidadania dos alunos na sociedade brasileira, permitindo que estes usufruam de suas prerrogativas de liberdade e excelência humana e de sua caminhada por justiça, integridade, autonomia e realização (GAMA, 1999 p. 17).

A formação continuada ofertada aos educadores é necessária, pois é a construção de um conhecimento ampliado que dê sustentação teórico-prática para a intervenção competente, pois se acredita que a sistematização dos seus saberes aumentará a qualidade da educação ofertada aos educandos, que por sua vez resultará em resultados satisfatórios quanto aos problemas de rendimento, freqüência e sua permanência na escola.

Nesse ponto ressalta-se que o alcance desses objetivos só será possível a partir da mobilização dos envolvidos no processo ensino/aprendizagem em torno do “Compromisso Todos pela Educação”.

O texto de Vicente Martins é útil a educadores que procuram requalificar suas práticas pedagógicas, pois o autor se vale de elementos didáticos para construção de uma nova educação sustentada em metodologias novas, paradigmas que mesmo sendo ultrapassadas estão cada vez mais presente na esfera educacional.

O autor Vicente Martins tem um grande destaque no cenário educacional, uma vez que este procura investigar situações de uso corriqueiro dentro do espaço escolar.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo, SP, Cortez, 2003.

LAJOLO, Mariza. Do mundo da leitura para leitura do mundo. São Paulo, SP. Editora Ática, 2002.

YUNES, Eliane. Pensar a leitura: complexidade, Rio de Janeiro: Edições Loyola; 2002.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. Coleção polêmicas do nosso tempo. São Paulo: Cortez, 1982.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1999.

CORREA, Maria Laetitia e SOUZA, Kárita de Oliveira. Algumas práticas de formação continuada: entraves à implementação de mudanças político-pedagógicas. Presença pedagógica, v. 7, n. 38 março/abril de 2001.

DEMAILLY, Lise Chantraine. Modelos de formação contínua e estratégias de mudança. In: NÓVOA, Antonio. Os professores e sua formação. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1992. P. 139-158.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2006. P. 25-26.